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Síria

28 de dezembro de 2011

Os observadores da Liga Árabe deram início à missão na Síria. As previsões de sucesso são, contudo, poucas. Bashar al Assad quer, sobretudo, ganhar tempo, opina o especialista da Deutsche Welle Daniel Scheschkewitz.

Eles agora chegaram lá: os 150 observadores da Liga Árabe, que deverão evitar que os direitos humanos continuem sendo pisoteados na Síria e que ativistas de oposição continuem sendo torturados e assassinados por forças de segurança do governo. São 150 observadores de um total de 500 previstos originalmente, em um país que tem metade da extensão da Alemanha e no qual quase metade do território encontra-se assolada por uma situação comparável a uma guerra civil.

Um tarefa de difícil execução e que ainda é dificultada pela sabotagem sutil das forças de segurança. Embora o regime de Assad tenha retirado por ora os tanques de guerra de Homs, ponto de concentração da resistência, pode-se partir do princípio de que, em outras regiões do país, elas estão a postos, a fim de confrontar os rebeldes tão logo o pequeno grupo de observadores deixe o país.

Sintomaticamente, esses observadores não têm nenhum acesso às instalações militares do governo. Por isso há suspeitas de que os prisioneiros políticos, cuja libertação deveria ser fiscalizada pelos observadores da Liga Árabe, tenham sido transferidos exatamente para esses locais. Poucas horas após o início da missão, já há relatos de outras pequenas e grandes tramoias do regime: trocas propositais de placas indicando o caminho para determinadas localidades, a fim de dificultar o acesso dos observadores a outros centros da resistência.

Não se esperava, de antemão, nenhum milagre por parte dos enviados da Liga Árabe. Mesmo porque a missão é liderada pelo general sudanês Mohammed Mustafa al-Dabi, que realmente não se fez merecedor de nenhuma medalha de proteção aos direitos humanos, durante sua atuação em Dafur.

Entre os 150 observadores, que deverão permanecer na Síria até o fim do mês, há diversos representantes dos países vizinhos Líbano, Iraque e Jordânia, que ainda nem ao menos implementaram as sanções da Liga Árabe aprovadas anteriormente contra a Síria.

Apesar dessa configuração frágil, Assad só aceitou a missão dos observadores a contragosto. Somente quando a Rússia ameaçou uma aprovação da resolução do Conselho de Segurança da ONU e, com isso, uma internacionalização maior do conflito, é que Assad sentiu-se forçado a mudar seu curso.

Mesmo assim, ele não vai abdicar de sua conduta brutal contra membros da oposição, como mostram claramente as notícias de mais mortes também nesta semana. Assad quer ganhar tempo. No fim, o sucesso da missão não vai depender em nada dos observadores da Liga Árabe, mas sim da possibilidade de a oposição aumentar a pressão interna sobre o governo. Essa oposição precisa convencer as minorias no país que, após a queda de Assad, não haverá na Síria uma ditadura islâmica sunita, tão temida, por muitos, quanto a perpetuação do regime de terror de Assad.

Autor: Daniel Scheschkewitz (sv)
Revisão: Augusto Valente

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