Alemanha puxa o freio de mão pela segunda vez para conter a covid-19. Novas restrições são necessárias em vista do aumento no número de infecções e mortes. Situação exige solidariedade de todos, opina Marcel Fürstenau.
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A chanceler feeral da Alemanha, Angela Merkel, subestimou os riscos da covid-19. No final de setembro, circularam rumores de que a política democrata-cristã teria advertido em uma conferência de seu partido que até o Natal haveria no país mais de 19 mil novas infecções diárias. Muitos consideraram isso alarmismo. Hoje, os críticos e a própria Merkel ficariam maravilhados se o prognóstico deles tivesse se revelado como exagerado.
Infelizmente, o oposto é verdadeiro. O Instituto Robert Koch já está registrando quase 30 mil testes positivos por dia. E o que deve deixar mesmo os mais obstinados minimizadores da pandemia pensativos e assustados é o número de mortes: em meados de novembro, o total era de 12 mil, e em 13 de dezembro quase 22 mil pessoas haviam morrido na Alemanha com ou por causa do novo coronavírus. O número quase duplicou em um mês. Quem não reconheceu os sinais dos tempos, realmente não tem mais jeito.
Uma espiada nos hospitais deveria bastar
Em vista desse desenvolvimento dramático, o novo lockdown decidido pelo governo federal com os 16 estados é absolutamente a decisão certa. Quem discorda deve dizer isso na cara dos funcionários de hospitais, lares de idosos e do serviço de assistência domiciliar, que lutam com sacrifício por cada vida. E justificar por que não acha tudo tão ruim assim.
A situação em que a Alemanha se encontra na luta contra a covid-19 exige a solidariedade de todos. E empatia pelos afetados direta e indiretamente. Presunção, dogmatismo e imprudência são inadequados.
Especialmente nos dias de hoje. Se há algo como conforto e confiança que podem ser conquistados com as ações dos responsáveis políticos, isso se deve a sua agora unidade generalizada. Infelizmente, isso raramente vinha sendo o caso nas últimas semanas e meses.
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Aprender com os erros
Mas agora não é a hora de uma contabilidade mesquinha sobre quando quem fez o que errado. É importante aprender as lições necessárias com os erros do passado. Exibir-se às custas dos outros está fora de questão. O povo na Alemanha já aguentou bastante e ainda se continua esperando muito dele. De acordo com pesquisas, a disposição para fazer sacrifícios continua grande.
Os políticos fariam bem em honrar a compreensão da grande maioria com franqueza e honestidade. Isso inclui pedir à população que entenda agora, e não deixe para depois, as restrições e determinações que podem durar muito, muito mais. Porque esperar que a situação relaxe visivelmente até 10 de janeiro – data até quando deve durar o lockdown − continua sendo uma esperança quase desesperada.
Há muitos indícios de que essa esperança poderia ser frustrada. Afinal, o inverno na Alemanha vai até março. E as vacinações ainda nem começaram.
O bloqueio parcial imposto no início de novembro se esvaiu sem efeito. Essa é a amarga realidade. Por isso, o difícil lockdown decidido agora é inevitável. Talvez, em retrospecto, se possa dizer na primavera europeia que os políticos alemães fizeram tudo certo no dia 13 de dezembro. Seria bom, mas ninguém pode ou deve estar certo disso.
A importância do contato físico
Em nosso mundo altamente digitalizado, onde nos comunicamos mais via smartphone do que pessoalmente, rapidamente esquecemos a importância do contato interpessoal. Para viver bem, o ser humano precisa de contato físico.
Foto: Colourbox/T. Srilao
O contato com a pele
Nossa pele sente tudo: pesquisadores descobriram que as pessoas podem reconhecer certas emoções como amor, raiva, gratidão e repugnância apenas pelo toque. Assim, o mero contato físico revela sentimentos. O contato físico praticado com regularidade e de forma agradável também constrói laços emocionais nos relacionamentos. Desta forma, ajuda a manter os laços sociais.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/McPHOTO/ADR
Melhor pelo contato
A comunicação pelo toque pode ajudar a construir confiança e melhorar o trabalho em equipe. Um estudo descobriu que jogadores profissionais de basquete e equipes que interagiam mais fisicamente no início da temporada, por exemplo, através de abraços em grupo, alcançaram melhores resultados em jogos posteriores.
Foto: Reuters/A. Perawongmetha
O abraço dá força
Abraços sinalizam "eu te apoio" e assim ajudam a reduzir o estresse. Pesquisas mostraram que o humor das pessoas abraçadas em um dia cheio de conflitos ficou significativamente melhor. Este tipo de apoio também ajuda as pessoas com baixa autoestima a reduzirem sua insegurança. O abraço pode até mesmo evitar um resfriado, com seu efeito redutor de estresse.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Gul
Toque em mim!
Pares que se tocam amorosamente fazem muito bem à saúde um do outro. Mãos dadas e abraços não só os tornam mais resistentes ao estresse, como contribuem significativamente para a saúde cardiovascular: o ritmo cardíaco diminui, a pressão sanguínea cai e a liberação de cortisol, o hormônio do estresse, diminui. Casais podem até sincronizar os batimentos cardíacos e ondas cerebrais através do toque!
Foto: AFP/Getty Images/P. Singh
Massagem, mais que relaxamento
Um toque físico não só é agradável, como também pode servir de analgésico. Pesquisadores do Centro Médico da Universidade Duke descobriram que as massagens de corpo inteiro aliviam a dor e aumentam a mobilidade em pacientes com artrite. A propósito, não são apenas os massageados que se beneficiam! O tratamento também tem um efeito positivo sobre o massagista.
Foto: apops/Fotolia.com
Estímulo para bebês
As massagens podem ajudar os bebês prematuros a ganhar peso. Ao estimular o sistema nervoso, são liberados hormônios que melhoram a absorção dos alimentos. O efeito analgésico do contato com a pele ajuda os bebês a processar procedimentos médicos. O contato não apenas reduz a liberação do hormônio do estresse cortisol, mas também libera o hormônio de ligação oxitocina.
Foto: picture-alliance/AP/Sharp HealthCare
Faça você mesmo!
Pena que nem sempre há alguém por perto para massagear ou acariciar. Mas uma automassagem tem um efeito positivo semelhante. Toques mais firmes são mais eficazes do que os leves. Ioga ou levantamento de peso, nos quais há bastante contato com o chão ou a pressão sobre certas partes do corpo é particularmente alta, também têm um efeito aliviador do estresse.
Foto: Colourbox
Tecnologia que toca
A fim de garantir que as pessoas com amputações não fiquem sem esses contatos tão importantes, há próteses monitoradas por sensores. Existem também pesquisas para desenvolver uma tecnologia de pele eletrônica, capaz de distinguir entre diferentes superfícies e até mesmo "sentir" calor ou frio.