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Opinião: Macron é a última chance da UE

10 de maio de 2018

O presidente francês é a esperança da União Europeia em tempos de euroceticismo e nacionalismo. Ele pode ser a salvação do projeto europeu. Se ele não conseguir, quem vai?

Macron recebe medalha pelo Prêmio Carlos MagnoFoto: Reuters/W. Rattay

Ele está há apenas um ano no cargo, mas é um laureado digno para o Prêmio Carlos Magno. Com um discurso impressionante e apaixonado, o presidente francês, Emmanuel Macron, mostrou que ele tem objetivos muito claros para a Europa, que quer e pode mudar as coisas. Ou, pelo menos, o político de 40 anos consegue empolgar e arrebatar, como mostrou a ressonância do discurso feito na cidade alemã de Aachen. Suas ideias encontram eco.

Isso fica claro quando ele diz que a Europa não pode ser fraca frente aos desafios políticos internos e externos. A Europa, afirmou, precisa agir para se renovar – e agora. Essa é a tese central de Emmanuel Macron. E a Europa não pode ter medo. Com essas palavras, Macron se dirigiu aos europeus hesitantes. Para ele, a solidariedade entre europeus, seja em questões migratórias ou econômicas, precisa ser restaurada. O nacionalismo, além disso, tem que ser rejeitado, e uma ordem mundial multilateral, levada em conta. Macron se vê como o contraponto ao presidente americano. Ele é o anti-Trump europeu.

Bernd Riegert

Não foi no discurso em Aachen nem na entrevista exclusiva à DW que Macron mencionou esses objetivos pela primeira vez, mas ele os repetiu de forma firme e convincente. O engajamento político europeu está em seu sangue. Seu apelo, de que a Europa não deve se dividir, é sincero e fidedigno. O Brexit e o novo nacionalismo em Polônia, Hungria e agora também na Itália são os mais recentes sinais. Macron, que ganhou a eleição com um discurso claramente pró-europeu, pode ser a última chance da UE.

Especialmente digno de menção no Prêmio Carlos Magno foi que a chanceler federal Angela Merkel concordou com o premiado em quase todos os pontos. Ele prometeu que Alemanha e França vão reformar a UE juntas. Mas as sugestões de Macron são concretas; as de Merkel, ainda inconsistentes. Ela prometeu que, no fim de junho, na cúpula da UE, será diferente. Alemanha e França também concordam que a União Europeia precisa desempenhar um papel maior em política externa, também agora no Oriente Médio. O acordo com o Irã precisa ser mantido o máximo possível. Merkel repetiu o discurso de que a Europa não pode mais se valer dos EUA como garantia de segurança e defesa.

Em seu discurso, Macron deixou novamente bem claro que a evolução da UE terá seu preço. A Alemanha, ressaltou, vai ter que retirar seu veto à transferência de riquezas dos países mais ricos para os mais pobres. E a França precisa quebrar o tabu e estar preparada para aceitar uma mudança no contrato da UE.

É uma abordagem corajosa, mas Macron admitiu: quem não arrisca não petisca. Fazer promessas aos convidados europeístas do prêmio em Aachen o presidente já conseguiu. Falta agora convencer os céticos na Polônia, Hungria, Itália e outras partes. Isso será mais difícil do que fazer um discurso. No mesmo dia do prêmio, o premiê húngaro Viktor Orban falou em "fim da democracia liberal". Isso dá calafrios. Macron, a esperança da UE, precisa salvar o projeto europeu. Se ele não conseguir, quem vai? Em Aachen, ficou claro: precisamos de mais Macrons na Europa.

Bernd Riegert é correspondente da DW em Bruxelas.

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Bernd Riegert Correspondente em Bruxelas, com foco em questões sociais, história e política na União Europeia.