O craque argentino merece ser chamado de o maior jogador de futebol de todos os tempos, não apenas pelos troféus, mas também pela maneira como joga, afirma o jornalista Mark Meadows.
Mais do que isso, Messi tem agora toda legitimidade para reivindicar para si o título de maior jogador de futebol de todos os tempos. Sim, a lenda brasileira Pelé venceu três Copas do Mundo e continua sendo o único homem a fazê-lo. Mas o futebol era muito diferente em 1958, 1962 e 1970.
Messi jogou numa época muito mais competitiva, com muito mais jogos e muito mais pressão. Ele brilhou durante sua carreira, levando o Barcelona a conquistar quatro vezes a Liga dos Campeões e a dez títulos espanhóis, assim como comandando a Argentina na Copa América do ano passado. Ele tem um recorde de sete Bolas de Ouro.
Pelé jogou quase toda sua carreira de clubes no Santos, antes de uma curta passagem pelo Cosmos, de Nova York. Messi provou que pode deixar sua zona de conforto, no Barcelona, e ajudar o Paris Saint-Germain a ser campeão francês na temporada passada.
Mágica nos pés
Mas não são só os troféus de Messi: é a maneira como ele joga que justifica que ele seja visto como o melhor agora que venceu a Copa do Mundo.
Milhões de crianças em todo o mundo amam o futebol em grande parte por causa de Messi, um homem pequeno, tímido com magia nos pés. O garoto de Rosário poderia ser qualquer um de seus fãs, apenas alguém que vive e respira futebol.
Muitos torcedores da Argentina aqui no Catar eram trabalhadores migrantes de lugares como Índia ou Bangladesh. Todos amam Messi, e a torcida da Argentina foi inchada por eles como nenhuma outra neste torneio.
Na final contra a França, Messi deu logo cedo o tom e o ritmo para um começo contagiante da Argentina, com passes precisos e dribles audaciosos que empolgaram seus companheiros.
Ele manteve a calma para converter o pênalti que abriu o placar e teve participação decisiva no maravilhoso segundo gol, de Angel di Maria – um dos mais belos gols coletivos já feitos em finais de Copa do Mundo.
A França, como que enfraquecida em campo por um vírus, não estava em lugar algum e conseguiu, de alguma maneira, empatar a partida com dois gols de Kylian Mbappé. Mas o herói argentino redescobriu sua força na prorrogação. Ele marcou um dos gols mais desengonçados de sua carreira, mas isso não deve importar para ele.
Messi também perdeu a Chuteira de Ouro da Copa porque Mbappé marcou de novo e levou a final para os pênaltis, mas mais uma vez, Messi não vai se importar com isso. Afinal, ele ganhou um prêmio individual como melhor jogador da Copa.
O que mais importa, depois da dor de perder na prorrogação para a Alemanha em 2014, é que ele agora é um campeão do mundo, e mesmo tendo perdido para a Arábia Saudita no primeiro jogo da Argentina na Copa.
Messi é também um modelo. Ele teve problemas com as autoridades fiscais da Espanha, mas, fora isso, não há escândalos associados a ele, que tem 35 anos.
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Melhor que Maradona
E Messi se sai melhor na comparação com a outra lenda argentina, Diego Armando Maradona. Pode-se dizer que Maradona foi melhor em campo que Messi, se isso for mesmo possível, mas seu banimento por uso de drogas, sua fraude com a Mano de Dios e as acusações de envolvimento com o crime organizado na Itália significam que Maradona não pode ser apontado como o maior.
É verdade que a Argentina jamais teria vencido a Copa de 1986 sem Maradona, mas o mesmo pode ser dito de Messi em 2022.
A América do Sul teve de esperar 20 anos por um título, enquanto a Europa dominava. Messi ajudou a impedir que a França mantivesse o troféu conquistado em 2018.
Haverá aqueles que continuarão pensando que Cristiano Ronaldo é o maior. Mas na lista de títulos dele falta uma Copa do Mundo. E é preciso comparar a saída de Messi do Barcelona (graciosa, humilde, em lágrimas) com a saída de Cristiano Ronaldo do Manchester United, do Real Madrid e do Juventus (arrogante, pretensiosa, egoísta).
O triunfo na Copa do Mundo do Catar, no seu último jogo de Copa, colocou Messi no topo do Olimpo futebolístico.
As estrelas da Copa no Catar
A DW selecionou algumas das maiores estrelas que irão jogar na Copa do Mundo de Futebol de 2022 no Catar. O Mundial pode ser o último para vários dos maiores nomes do futebol, enquanto outros ainda têm muito a provar.
Foto: Owen Humphreys/empics/picture alliance
Lionel Messi (Argentina)
Lionel Messi declarou que esta será sua última Copa do Mundo. Aos 35 anos, o relógio está correndo, mas Messi mostrou que tem tanta fome de glória quanto quando tinha 20 anos. Ele levou a Argentina ao título da Copa América em 2021 e espera brilhar também no Catar. O troféu da Copa do Mundo seria um merecido presente de despedida.
Foto: Frank Augstein/AP/picture alliance
Cristiano Ronaldo (Portugal)
Em baixa no Manchester United, Cristiano Ronaldo, agora com 37 anos, continua sendo um homem-chave para sua seleção. No entanto, um troféu falta na estante de títulos da estrela do futebol português: a Copa do Mundo. Ele sabe que no Catar será sua última tentativa para coroar uma carreira que lhe trouxe quatro Bolas de Ouro e todos os troféus a nível de clubes.
Foto: Patricia de Melo Moreira/AFP
Neymar (Brasil)
Neymar, 30 anos, lidera uma das equipes mais em forma para esta Copa do Mundo. Em seu terceiro Mundial, é grande a pressão para ele finalmente conquistar o título, como muitas das maiores estrelas do Brasil fizeram no passado. Sua equipe está cheia de jogadores talentosos e a sua liderança e criatividade serão importantes no Catar.
Foto: Andre Penner/AP Photo/picture alliance
Kylian Mbappe (França)
Com 23 anos, Kylian Mbappé defende o título de sua seleção no Catar, após marcar quatro gols em sua estreia na Rússia em 2018. No entanto, suas aventuras na seleção não foram tão gratificantes desde aquela vitória em Moscou. Ele não conseguiu marcar um pênalti decisivo nas oitavas de final da Euro 2020, quando a França foi eliminada pela Suíça. Ele espera que no Catar seu desempenho seja melhor.
Foto: Justin Setterfield/REUTERS
Harry Kane (Inglaterra)
Um dos atacantes mais badalados do mundo, a presença de Harry Kane na seleção inglesa aumenta a expectativa do tão esperado título. A Inglaterra acabou em quarto lugar em 2018, por isso, chegar à final seria desta vez um progresso para a equipe que perdeu a final do Campeonato Europeu para a Itália nos pênaltis em Wembley em 2021. A seleção da Inglaterra aguarda pelo título há 56 longos anos.
Foto: Hannah Mckay/REUTERS
Sadio Mané (Senegal)
A estrela do Bayern de Munique vai ao Catar, apesar de ter contraído uma lesão no clube. O jogador de 30 anos teve um ótimo ano, levando seu país ao primeiro título africano e se classificando para a Copa, convertendo pênaltis decisivos ao longo do caminho. O Senegal, que disputa sua terceira Copa do Mundo, é um dos times a serem observados, e o sucesso pode depender da forma física de Mané.
Foto: Celso Bayo/ZUMA/picture alliance
Robert Lewandowski (Polônia)
Na última Copa, Lewandowski tentou arrastar a Polônia, mas sua equipe saiu cedo do torneio. Desta vez, mais velho e experiente, ele espera que o time supere a fase de grupos, onde enfrentarão Argentina, México e Arábia Saudita. É provável que esta seja a última Copa para o jogador de 34 anos, que foi muito bem sucedido em clubes, principalmente durante seu tempo no Bayern de Munique.
Foto: Adam Nurkiewicz/Getty Images
Son Heung-Min (Coreia do Sul)
Amplamente considerado o melhor jogador asiático na Copa do Catar, Son espera que a Coreia do Sul tenha sucesso em seu continente. A última vez em que o Mundial foi na Ásia, a Coreia do Sul chegou às semifinais em casa em 2002. Son, que dividiu a chuteira de ouro da Premier League na última temporada com 23 gols pelo Tottenham Hotspur, pode levar sua equipe a grandes feitos no Catar.
Foto: Lee Jin-man/AP Photo/picture alliance
Kevin de Bruyne (Bélgica)
O meio-campista do Manchester City lidera a geração de ouro da Bélgica. O time perdeu nas semifinais na Rússia em 2018 e espera uma melhor posição este ano. Aos 31 anos, De Bruyne é o maestro desta talentosa equipe que ainda não conseguiu deixar sua marca quando realmente importa. Esta pode ser a última oportunidade para consertar isso.
Foto: Stuart Franklin/Getty Images
Virgil van Dijk (Holanda)
Os holandeses retornam à Copa do Mundo após não terem se classificado para o Mundial na Rússia em 2018. O zagueiro de 31 anos é a maior estrela e capitão dos "laranjas", com a missão de comandar a equipe em direção ao grande êxito no Catar. Mesmo que a Holanda não se pareça mais com a equipe que chegou à final da Copa do Mundo de 2010, Van Dijk será a peça-chave do time na Copa do Catar.