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Opinião: Muito está em jogo na reunião entre Trump e Xi

5 de abril de 2017

Amigo ou inimigo? Presidente americano terá que aprender que outros países poderosos, como a China, podem ser as duas coisas ao mesmo tempo, opina Miodrag Soric, correspondente da DW em Washington.

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Miodrag Soric é correspondente da DW em Washington

Amigo ou inimigo? Frequentemente, a visão de mundo de Donald Trump é oito ou oitenta. Nela, a China se situa até agora no campo inimigo, principalmente por razões econômicas. Há décadas, Pequim obtém superávits comerciais que ascendem a centenas de bilhões de dólares.

Isso foi motivo suficiente para Trump, quando candidato presidencial, denunciar a China em cada discurso de campanha. Segundo ele, seus antecessores permitiram que Pequim tirasse vantagem dos EUA. Trump prometeu a seus seguidores mudar a situação assim que entrasse na Casa Branca.

Agora, quais atos seguirão essas palavras? Isso é perguntado não somente pelo presidente chinês, Xi Jinping, com quem Trump se reúne pessoalmente pela primeira vez nesta quinta. A resposta interessa a todos os países que possuem grandes superávits comerciais com os EUA – incluindo Alemanha, Canadá e México.

Xi, que não gosta de surpresas, deve ter acompanhado de perto a recente visita da chanceler federal alemã, Angela Merkel, a Washington. Merkel conseguiu diminuir a ira de Trump sobre um suposto comércio bilateral injusto, ao destacar o engajamento da economia alemã nos EUA. Xi deve ter também em sua bagagem um investimento de bilhões de dólares na economia americana. Mas isso é suficiente para Trump?

Muito está em jogo na cúpula sino-americana: na pior das hipóteses, uma guerra comercial oculta ou mesmo aberta. Se os EUA aumentarem suas taxas alfandegárias, mais cedo ou mais tarde o crescimento global diminuirá – com consequências devastadoras para muitos países. Com quaisquer outros presidentes seriam tais receios ínfimos – afinal, os EUA também sofreriam com um desaquecimento da economia.

Mas tudo parece ser possível com esse velho senhor impulsivo. O interesse de Trump – ou habilidade? – de imaginar contextos mais complicados parece cerceado por fronteiras. Sua paciência para transpor obstáculos políticos é pequena. O modo como ele fracassou na reforma do Obamacare é apenas um dos muitos exemplos. Como diz o provérbio alemão: o diabo mora nos detalhes.

O presidente chinês faz questão de ser tratado com respeito. Afinal, Xi é representante do poder que, mais cedo ou mais tarde, colocará em xeque a dominância americana na política mundial.

Somente com o apoio de Pequim se poderá exercer pressão sobre a Coreia do Norte e sua aventureira política nuclear e de mísseis. Pontualmente para a cúpula na Flórida, Kim Jong-un chamou a atenção com um novo teste de míssil.

Trump vai pedir distância entre Pequim e Pyongyang. Mas será que ele está pronto para fazer concessões no conflito sobre as ilhas do Mar da China Meridional? Atualmente, existem poucos indícios. Pequim reclama – contra a vontade de seus vizinhos – o direito sobre essa importante e estratégica região marítima.

É pouco provável contar com reais avanços sobre estas e outras questões no primeiro encontro entre os dois líderes. Trata-se mais de conhecer um ao outro, ganhar confiança e desenvolver uma relação de trabalho eficaz. No melhor dos casos, muitos temas importantes serão abordados à margem da reunião: política climática, luta contra terrorismo, direitos humanos, proteção dos direitos intelectuais ou relações com Taiwan. Amigo ou inimigo? Trump terá que aprender que outros países poderosos, às vezes, podem ser simultaneamente ambos.

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