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Na cúpula com Trump, só Putin sai ganhando

1 de julho de 2018

Líderes da Rússia e dos EUA vão se encontrar em 16 de julho em Helsinque. Para o russo, capital político garantido; para o americano, apenas promessas de campanha e ego, opina o correspondente Miodrag Soric.

Putin tem todos os trunfos na mão. A Trump resta o egoFoto: picture-alliance/dpa/AP

O que Donald Trump pode alcançar numa cúpula com Vladimir Putin? Muito pouco. A Rússia não vai se retirar da Crimeia de jeito nenhum; ela também vai continuar a apoiar os rebeldes no Leste da Ucrânia, assim como o presidente Bashar al-Assad e as tropas iranianas na Síria. E Trump não será capaz de mudar muita coisa – se é que mudará – no tocante à política de Putin de "Rússia em primeiro lugar".

O chefe do Kremlin, por sua vez, tem muito a esperar de uma conferência de cúpula entre seu país e os Estados Unidos. Quando ele e Trump se encontrarem para conversar sobre questões internacionais, as imagens televisivas de todo o mundo transmitirão a mesma mensagem: dois políticos negociando em pé de igualdade. Putin marcará pontos com esse encontro, quer haja resultados, quer não.

Ao mesmo tempo, ele estará dividindo o campo ocidental ainda mais: a meta do Reino Unido, de isolar a Rússia após o caso Skripal, terá sido frustrada pelo "irmão grande" do outro lado do Oceano Atlântico. Os ucranianos igualmente sairão se sentindo enganados, se não traídos, pelos americanos – embora Kiev deva ter presente que Washington só os respaldou com palavras fortes, nunca com novas verbas.

Putin talvez esteja pronto a fazer concessões no conflito da Ucrânia, mas só se, em troca, os EUA abandonarem sua oposição ao gasoduto Nordstream 2, entre a Rússia e a Alemanha, no Mar Báltico. De qualquer forma, os EUA manterão suas sanções contra Moscou após a cúpula. Por razões formais, o Congresso americano não pode retirar as medidas punitivas de um dia para o outro. E, no momento, não há vontade política para tal em Washington.

Então, para que Trump quer essa cúpula em Helsinque, em 16 de julho? Por um lado, para manter suas promessas de campanha, que incluem melhorar as relações com Moscou. Por outro, ele aparentemente precisa de produções políticas espetaculares para satisfazer o próprio ego. Autocratas usam esse tipo de narcisismo para seus propósitos pessoais.

O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, praticamente não se moveu em nenhum dos pontos discutidos recentemente na cúpula em Cingapura. Isso não impediu Trump de vender o encontro como um sucesso histórico. Putin prestou bem atenção, e sem dúvida seguirá o exemplo.

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