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Adeus a social-democratas, é hora dos liberal-conservadores

Robert Schwartz
25 de novembro de 2019

Com nepotismo e corrupção, social-democratas da Romênia cavaram a própria cova. O presidente liberal foi reeleito com dois terços dos votos, e nunca houve um momento tão bom para um recomeço, opina Robert Schwartz.

Presidente reeleito Klaus Iohannis (c.) saúda correligionários após primeiros resultados das urnasFoto: Getty Images/AFP/D. Hihailescu

Clima de enterro na central do partido PSD – social-democrata de nome – cuja candidata, Viorica Dancila, perdeu no segundo turno das eleições presidenciais da Romênia. Deprimidos, as companheiras e companheiros olham vazio para as câmeras, como se tivessem entendido que essa derrota fulminante foi a última pazada de cal da cova política aberta para a legenda pós-comunista. Que descansem em paz, pensarão alguns críticos.

"Eles quiseram assim, se apoderaram do partido e o levaram à ruína", é o que se ouvia de uma ou outra voz social-democrata na noite deste domingo (24/11). "Eles" são a camarilha do ex-líder do Partido Social Democrata, Liviu Dragnea, e Dancila, sua vice.

Primeira-ministra, ela assumiu também a liderança do PSD quando seu mentor Dragnea foi encarcerado por corrupção e abuso de poder. Poucas semanas atrás, o governo dela teve que renunciar, antigos correligionários lhe voltaram as costas, declarando sua confiança no Partido Liberal Nacional (PNL).

A candidatura de Viorica Dancila à presidência deveria dar novo impulso aos social-democratas, esperavam os estrategistas da sigla. O cálculo não deu certo, Dancila fracassou fragorosamente. Não só nepotismo e corrupção, mas também a desmontagem do Estado social em curso acarretaram a implosão do PSD. Nem a propaganda nacional-populista, nem a difamação do presidente liberal-conservador Klaus Iohannis foram capazes de impedir a queda livre do partido.

Sobretudo a classe média e os romenos mais jovens e cultos, no país e no exterior, se recusaram a deixar de ver em Iohannis seu candidato por uma Romênia europeia normal, neste segundo turno da eleição presidencial, apesar dos erros cometidos em seu primeiro mandato, por pressão do PSD e das instituições controladas por ele.

Iohannis mostrou ter aprendido com os erros do primeiro mandato. O ex-professor de física e ex-prefeito-mor de Sibiu, na Transilvânia, redescobriu a tempo seus eleitores, demonstrou pragmatismo e paciência. No fim das contas, essa foi a mistura ideal para neutralizar politicamente seus adversários do PSD.

A grande maioria dos romenos deseja um país normal, com políticos normais – a esmagadora voz das urnas é mais uma prova disso: 65,9% para Iohannis contra 34,1% para Dancila. Os cidadãos querem um Estado de direito europeu, uma Justiça independente e homens e mulheres de bem na política.

Numa campanha – admita-se – extremamente maçante, Iohannis prometeu o retorno à normalidade: agora ele tem que cumprir. Sua postura por vezes hesitante perante um governo que lhe era hostil deixou marcas. Junto com o novo governo liberal-conservador de seu PNL, que o apoia politicamente, o presidente reeleito precisa reverter imediatamente o desmantelamento das estruturas democráticas empreendido pelo PSD.

Isso é o que esperam não só os romenos em casa, mas também os mais de 4 milhões que vivem no estrangeiro, tendo deixado seu país para trás por falta de perspectivas. Se Klaus Iohannis quiser sustar o contínuo êxodo de cérebros e trazer de volta seus compatriotas emigrados, que em sua maioria absoluta votaram nele, então deve transformar logo suas palavras em atos.

Só um recomeço autêntico, envolvendo todas as forças pró-europeias do país, poderá trazer a Romênia de volta a águas mais navegáveis. Nunca foram tão positivos os sinais de que a empreitada pode ter sucesso.

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