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Novo referendo sobre Brexit seria solução democrática

Maaß Birgit Kommentarbild App PROVISORISCH
Birgit Maass
14 de janeiro de 2019

À medida que se aproxima a data fatídica, desvantagens do divórcio entre o Reino Unido e a UE ficam mais evidenciadas. O melhor agora é a câmara baixa rejeitar o acordo para que haja nova consulta, opina Birgit Maass.

"Brexit: vale a pena?" indaga cartaz diante do Parlamento em LondresFoto: Reuters/H. McKay

Raro é o deputado do Parlamento britânico que não está sentindo na nuca o hálito da história, antes da votação decisiva na Câmara dos Comuns, nesta terça-feira (15/01). O resultado da consulta definirá o destino do país por diversas gerações afora. Em jogo estão o futuro econômico, a reputação internacional do Reino Unido, a convivência entre as gerações e o modo de lidar com os migrantes.

No momento, parece que a primeira-ministra Theresa May está prestes a sofrer uma amarga derrota, e é bom que assim seja. O acordo sobre a saída do país da União Europeia ainda está muito aquém do que os defensores do Brexit prometeram a seus adeptos.

De fato, dentro de alguns anos Londres poderá escolher quais imigrantes da UE deixará ingressar no país, e abandonará efetivamente as instituições europeias. Porém o Brexit também virá à custa do crescimento econômico, e isso em grande escala. Das poupanças bilionárias prometidas pelos "brexiteers", nem sinal. O Reino Unido soberano, terra do leite e do mel, permanece um delírio de fantasia.

May cometeu vários erros. Por muito tempo, ocultou de seus cidadãos as consequências econômicas do divórcio em relação à UE. Tampouco deixou claro que o Reino Unido teria que fazer concessões a Bruxelas, se no fim de março não quisesse pular fora da comunidade sem acordo e com grandes prejuízos.

Em vez de construir pontes e de recorrer a outros partidos, ela aprofundou os fossos do país. Ao tachar de "citizens of nowhere" (cidadãos de lugar nenhum) aqueles que se veem como cidadãos cosmopolitas – e está claro que se referia aos pró-europeus do país – ela antagonizou muita gente.

Seu senso de dever e vontade férrea conquistaram respeito até entre seus adversários. Mas parece que de tanta diligência a chefe de governo perdeu o compasso moral. Ela parece possuída por uma missão supostamente histórica, que seria implementar a vontade da maioria dos eleitores do referendo do Brexit.

Sustar a imigração desimpedida de cidadãos da UE virou para ela uma espécie de Santo Graal. Desde cedo, bloqueou a si e a sua equipe de negociadores com "linhas vermelhas", como a de se retirar incondicionalmente do mercado comum e da união aduaneira.

Em vão, ela tenta agora conquistar o apoio de uma Câmara dos Comuns dividida, para que só haja esse acordo e nenhum outro. As alternativas são: ou nada de acordo, ou nada de Brexit – um segundo referendo, ela rechaça terminantemente.

No entanto, o referendo de 23 de junho de 2016 foi um quadro momentâneo, e o apoio dos eleitores ao Brexit, nem tão grande assim. Na época, poucos sabiam o que realmente significava abandonar a UE. Neste ínterim ficou claro que diversas promessas dos apoiadores do Brexit não poderão ser cumpridas, e seria democrático consultar mais uma vez os eleitores.

Portanto os deputados deveriam rejeitar o acordo, de modo a liberar o caminho para uma segunda consulta popular. Claro que o Reino Unido pode sair da UE, porém com consideráveis perdas econômicas. O povo deve decidir se, sob tais circunstâncias, de fato quer o Brexit.

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