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Opinião: O fim de um conto de fadas de verão

Joscha Weber 17 de outubro de 2015

Notícia de que a Copa de 2006 pode ter sido comprada pode provocar o maior escândalo da história do futebol na Alemanha. Depois da Volks, mais um ícone alemão é ameaçado, opina Joscha Weber, repórter esportivo da DW.

Ah, que verão! O sol brilhava, a Alemanha recebeu torcedores de todos os continentes do mundo, e o mundo todo ficou maravilhado com a atmosfera única na Alemanha. "O mundo hospedado entre amigos", era o lema, exibido por bandeirinhas onipresentes. E o país realmente manteve sua palavra: a Alemanha impressionou seus convidados com seus braços abertos, alegria e hospitalidade. Nascia ali o conto de fadas de verão alemão.

Este conto terá que ser, em parte, escrito novamente. Segundo a Der Spiegel, o comitê organizador alemão teria criado um caixa 2 com 10,3 milhões de francos suíços, a fim de subornar quatro membros asiáticos do comitê executivo da Fifa, composto de 24 integrantes. A eleição terminou com um 12 a 11 para a Alemanha. Caso estejam certas as informações detalhadas dos colegas da Der Spiegel, que costumam apurar minuciosamente, seria claro: sem os subornos, nunca teria havido este conto de fadas de verão 2006.

Contos de fadas contam acontecimentos milagrosos. E nós nos maravilhamos com os milagres desde o início. A África do Sul era, na verdade, favorita, sobretudo pela preferência do poderoso presidente da Fifa, Joseph Blatter. Mas a Federação Alemã de Futebol (DFB) venceu e, meia hora depois da eleição, já circulavam rumores a respeito dos métodos duvidosos dos alemães. Por que, de repente, o delegado da Nova Zelândia, Charles Dempsey, preferiu se abster?

Vieram também, ao longo dos anos, informações sobre investimentos suspeitos por parte de empresas alemãs, como a Mercedes na Coreia do Sul, sobre um envio de armas para a Arábia Saudita – ambos países de origem de membros do comitê executivo da Fifa. No mais tardar depois que o especialista em Fifa Guido Tognoni falou abertamente em um programa de TV alemão sobre as significativas dúvidas que rondam a concessão da Copa do Mundo de 2006, a suspeita já era pública. Se isso agora for confirmado, seria a hora zero para a DFB.

Tudo tem que ser investigado. O atual presidente da DFB, Wolfgang Niersbach, e o então presidente do comitê organizador, Franz Beckenbauer, deviam saber do caixa 2. Seria o fim da carreira para o chefe do futebol na Alemanha e o desencanto do Kaiser do futebol. O esporte favorito dos alemães e, consigo, a maior federação esportiva do mundo, seriam confrontados com o maior escândalo de sua história. Portanto, depois da Volkswagen, mais um ícone alemão sofre uma séria ameaça.

O conhecimento e o fato de ter seu próprio esqueleto no armário explicariam a estranha relutância da liderança da DFB em esclarecer o escândalo envolvendo acusações de corrupção contra líderes da Fifa e da Uefa. Niersbach foi estranhamente reticente ao comentar as falhas de seus colegas funcionários. Também na quinta-feira, a DFB se fechou, não esteve acessível por telefone, e tentou se defender das revelações da revista Der Spiegel com um comunicado de imprensa ralo. Um desmentido que merece credibilidade é algo muito diferente disso.

Mas em que nós acreditamos? Será que o suborno na eleição da Alemanha como sede da Copa do Mundo é realmente uma surpresa? Não, porque em quase todas as eleições nos últimos anos houve acusações, indícios ou provas concretas de métodos ilegais do tipo "dê-nos seu voto, que o recompensaremos como um rei". Isso revela um sistema contaminado pela corrupção chamado Fifa. Esse sistema tem que agora chegar ao fim. A substituição de todas as pessoas responsáveis ​​é algo indispensável. E isso também se aplica à DFB, caso as acusações sejam comprovadas – algo que, infelizmente, provavelmente vai acontecer. Wolfgang Niersbach está à beira do precipício, a credibilidade da DFB parece estar no fim. Um sentimento nos diz: este é o fim do conto de fadas de verão alemão. Era bom demais para ser verdade.

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