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Opinião: O persistente problema norte-coreano

Peter Sturm lpf
21 de abril de 2018

Pyongyang anunciou a suspensão de seus testes nucleares e que vai dialogar com os EUA. Isso sem dúvida é um avanço, mas nem de longe significa paz para a península coreana, opina o jornalista Peter Sturm.

TV sul-coreana mostra Donald Trump, Moon Jae-in e Kim Jong-un
TV sul-coreana mostra Donald Trump, Moon Jae-in e Kim Jong-unFoto: picture-alliance/AP/A. Young-joon

Na Coreia do Norte, parece haver – mais do que em qualquer outro lugar – apenas branco e preto. Há poucos meses tudo sempre indicava que a península e seus arredores caminhavam desenfreados rumo a uma guerra devastadora. Agora, a paz eterna parece ser apenas uma questão de tempo. Uma percepção tão equivocada como a de meses atrás.

Mas quando se olha para os atores envolvidos, é possível explicar algum exagero. Tanto Kim Jong-un quanto Donald Trump dão preferência a superlativos em suas declarações. E o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, que foi ignorado pelo Norte durante muito tempo, precisa se fazer ouvir em meio a tanto barulho.

Peter Sturm é jornalista do "Frankfurter Allgemeine Zeitung"Foto: Frankfurter Allgemeine Zeitung

Tudo isso podia ser observado com interesse e (às vezes) até mesmo com diversão, se tanto não estivesse em jogo. Mas é claro que agora não é exagero ver um progresso no fato de Kim e Trump, embora ainda continuem falando um sobre o outro (quase sempre de maneira amistosa), estarem dispostos a dialogar um com o outro.

Agora surge a pergunta: o que, realisticamente, pode sair de tal conversa? Os americanos buscam, junto com o resto do mundo não norte-coreano, uma península coreana livre de armas nucleares. Kim supostamente também se sente comprometido com esse objetivo. Pelo menos é isso o que diz a Coreia do Sul.

Mas, em primeiro lugar, ainda é completamente incerto o que exatamente Kim imagina a esse respeito. Em segundo lugar, é verdade que, nesse conflito, as armas nucleares norte-coreanas são o maior problema, mas não são de modo algum o único.

Perguntemos, por exemplo, a japoneses e sul-coreanos como é viver ao alcance de mísseis norte-coreanos. Estes também são uma ameaça quando transportam "somente" ogivas convencionais.  E mesmo que Kim desistisse de suas capacidades nucleares, em primeiro lugar, ele manteria o conhecimento sobre o desenvolvimento e a construção dessas armas. Em segundo, ele certamente não concordará com um desarmamento total.

De Trump ainda vão ser ouvidas muitas palavras fortes antes do possível encontro com Kim. Mas, em muitos aspectos, o presidente dos EUA é o mais fraco dos dois. Kim tem mais um trunfo nas mãos: vários americanos ainda estão detidos (reféns) na Coreia do Norte. Também por uma eventual libertação deles o ditador norte-coreano certamente vai exigir um preço alto.

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