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O resgate na Tailândia e a busca por clareza

Ines Pohl
Ines Pohl
9 de julho de 2018

O mundo inteiro acompanha o resgate de jovens retidos em caverna na Tailândia. Isso diz muito sobre uma época ameaçada de afundar no cinismo, afirma a editora-chefe da DW, Ines Pohl.

Grupo de 12 adolescentes e técnico de futebol ficaram presos em caverna no dia 23 de junhoFoto: picture-alliance/AP Photo/Royal Thai Navy Facebook Page

O que faz estes 12 meninos e seu treinador serem tão especiais que milhões de pessoas acompanham a operação de resgate, grudados em seus smartphones e televisores? É a solidariedade com os pais e com as forças de resgate na luta contra o tempo e contra a chuva? É melhor arriscar o resgate ou esperar pela época da seca? Mas é possível sobreviver por tanto tempo dentro de uma caverna? Mesmo quando há abastecimento externo?

Claro que são as imagens que nos tocam, as fotos e os vídeos que as equipes de resgate disponibilizam para o mundo. Elas nos dão a sensação de estarmos bem perto. Qual coração não fica sensibilizado com as cartas que os jovens enviam para seus pais, nas quais eles declaram seu amor e também os primeiros desejos quando estiverem novamente em liberdade? Um dos jovens futebolistas que, junto com sua equipe, está retido há quase duas semanas na caverna parcialmente inundada quer um churrasco. E escreve isso num bilhete.

O que nos toca é a inocência. Mas há mais do que isso.

Pois também as meninas e os meninos que se escondem nas ruínas de casas bombardeadas são inocentes. Os refugiados sírios que morrem afogados no Mediterrâneo porque querem dar uma vida melhor aos seus pais também não podem fazer nada contra seu destino. Assim como as crianças que são transformadas em soldados sem coração por bandos de assassinos.

Algumas pessoas dizem que há uma boa parte de voyeurismo nesse elevado grau de atenção, pois, graças às novas mídias e aos grupos de repórteres de todo o mundo, é possível acompanhar praticamente ao vivo essa batalha pela sobrevivência. A cobertura midiática de catástrofes em tempo real também atende aos instintos mais básicos, sem dúvida alguma.

Mas isso não basta como explicação.

É o simples fato de que, nessa batalha, só pode haver vencedores. Essa situação não deixa margem para o cinismo. Não há espaço para o metanível do "mas nós não temos como acolher a todos". Aqui ninguém pode afirmar que os pais são refugiados econômicos e, por isso, eles próprios culpados pela desgraça que pode atingir seus filhos durante uma travessia do Mar Mediterrâneo.

Neste caso, o destes 12 garotos, desta equipe de futebol, há apenas um inimigo: a água.

É atrás dessa clareza que o mundo inteiro se reúne. Essa clareza que não deixa lugar para o cinismo da questão de quem, no fim, tem mais direito a uma vida melhor neste planeta.

Eu espero que estas horas incertas, marcadas pela esperança, pela simpatia, pela compaixão, deixem algo que transcenda o evento midiático. E que, depois de um esperado final feliz, fique mais do que apenas um bom sentimento. Por exemplo, o reconhecimento de que, no final, sempre se trata de uma pessoa única, que não escolheu o próprio destino.

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