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Opinião: EUA dividem o Ocidente, Rússia divide a Europa

Bernd Riegert (av)9 de fevereiro de 2015

Acirrar as sanções contra Moscou? Fornecer armas a Kiev? O que está em jogo na cúpula de Minsk é nada menos do que a coesão ocidental perante o conflito na Ucrânia, opina o correspondente em Bruxelas, Bernd Riegert.

Bernd Riegert, correspondente da DW em Bruxelas

Fica cada vez mais difícil para a União Europeia (UE) manter coesas as próprias alas no contexto da crise da Ucrânia. Tanto em relação às sanções contra a Rússia quanto ao eventual fornecimento de armas a Kiev, cada vez mais as opiniões dos ministros do Exterior divergem entre si.

No momento, toda uma série de países-membros, sobretudo do Leste Europeu, está pronta a seguir o caminho proposto pelos Estados Unidos: eles conseguem conceber o abastecimento do Exército ucraniano com armamentos modernos, para que este possa se defender contra as ofensivas dos rebeldes e mercenários equipados pela Rússia. A maioria da UE, porém, ainda é contra o fornecimento, repetindo o mantra alemão de que armas adicionais só agravariam a guerra.

Até agora, uma das poucas vantagens do Ocidente diante da conduta imperialista do presidente Vladimir Putin é sua coesão na política para a Ucrânia. No entanto, os EUA estão prestes a colocar essa coesão em risco caso consigam convencer ao menos uma parte dos europeus a apoiar o reforço armamentista e a elevar a severidade contra Moscou.

Se a cúpula de mediação desta quarta-feira (11/02) em Minsk falhar e os EUA decidirem entregar armas a Kiev, Moscou terá o prazer de constatar que o front diplomático ocidental está se esfacelando.

Além disso, o Kremlin teria, assim, um bem-vindo pretexto para interferir oficialmente na guerra no leste ucraniano e enviar ainda mais reforço aos separatistas. Provavelmente seria impossível evitar um novo acirramento, e o resultado seria uma guerra por procuração, travada à custa da Ucrânia.

Quem fornece armas deve estar ciente de que, se é para elas serem empregadas com eficácia, geralmente também é necessário enviar equipes de consultoria e apoio técnico. No fim das contas, pode ser que tropas terrestres do Ocidente e do Leste Europeu venham a se defrontar no leste ucraniano. Ninguém na Europa – e, na verdade, ninguém nos EUA – pode seriamente desejar tal coisa.

Armas puramente defensivas são algo que não existe. A Rússia certamente responderia com mais armamentos a um abastecimento pelos Estados da Otan. E depois, o que virá? Não, a União Europeia deve se ater à política de rejeitar todo e qualquer aprofundamento da violência.

Um resultado possível da cúpula de Minsk é afastar o leste da Ucrânia do governo central, mantendo-o ligado numa espécie de federação, mas com mais autonomia. Isso seria uma vitória parcial para o presidente russo e, portanto, doloroso, mas qual é a alternativa? Mais combates, mais mortos? O perigo de uma guerra de verdade entre a Rússia e o Ocidente?

A Rússia deliberadamente destruiu a ordem até então vigente na Europa. A UE e também os EUA precisam reconhecer que só são capazes de se defender disso de forma insuficiente, a não ser que assumam riscos incalculáveis.

A linha vermelha continuam sendo os limites externos da Otan: a Rússia não pode ultrapassá-los. Caso contrário, isso significa que a Ucrânia (leste), a Geórgia, Moldávia e Belarus caíram de volta na zona de influência de Moscou. O Ocidente não pode e não deve defendê-los com armas – no máximo, com palavras. A Europa está à beira de uma nova divisão.

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