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Papa quer realinhar moralmente a Igreja

Stefan Dege (av)27 de novembro de 2013

Francisco denomina os males do mundo e propõe como combatê-los, a partir da Igreja Católica. No topo da lista, uma redefinição da própria instituição. Uma visão revolucionária, comenta o redator da DW Stefan Dege.

As palavras do papa constituem um programa. Ele defende que se adotem "novos caminhos" e "métodos criativos" na proclamação e transmissão da fé. Ele expressa simpatia por uma "Igreja acidentada", ferida e enlameada por sair pelas estradas. Ele rejeita uma Igreja fechada e confortável, que se apega às próprias garantias de segurança. Ele coloca em questão o absolutismo do papado e da cúria. Ele denuncia as causas da pobreza, injustiça e violência no mundo. É, até aqui, revolucionário.

Stefan DegeFoto: DW/K. Dahmann

Oito meses se passaram desde a eleição de Francisco. Sua visita à ilha italiana de refugiados Lampedusa; beijar os pés dos jovens delinquentes; sua iniciativa de paz para a guerra civil da Síria, e muito mais. Com gestos simbólicos e discursos cheios de imagens, o papa fez com que falassem dele. Agora, ele também alicerça suas mensagens do ponto de vista conceitual e teológico. A mensagem de Francisco se dirige tanto ao interior como ao exterior; seus atos e seus escritos se coadunam. Os marcos de seu pontificado estão estabelecidos.

Francisco descreve sua visão da Igreja Católica. Ele quer reformá-la de forma fundamental e, ao mesmo tempo, realinhá-la moralmente. Suas propostas vão revolver a Igreja. Até que o sonho do pontífice se torne realidade, possivelmente a Igreja enfrentará um teste de ruptura. No entanto, não se trata de uma questão de certo ou errado: trata-se da aspiração da Igreja de ser instância moral e de possuir legitimidade. Num mundo em rápida transformação, ela deveria estar próxima das pessoas, em vez de ser uma pomposa autojustificativa.

Francisco é um revolucionário. Ele conhece a constituição de sua Igreja. Ele sabe da – sobretudo nos países ocidentais, galopante – perda de significado dela. Ele denomina as causas e, por fim, apresenta um sinal contra elas.

Sua exortação apostólica é mais do que contemplação do umbigo. Ao apontar para os males do mundo – sistema econômico injusto, pobreza, violência – e fazer reivindicações sociais revolucionárias, o papa reposiciona a Igreja. Ele a coloca de volta no palco da política mundial, armada de força moral. A visão de Francisco é de uma Igreja misericordiosa, modesta, engajada e humana, na melhor tradição de Jesus. Não é de espantar que, nesse processo, o papa coloque até mesmo a própria infalibilidade em questão.

O texto de Francisco Alegria do Evangelho é um toque de despertar, por uma reforma da Igreja Católica Apostólica Romana e por um mundo melhor. Ele encoraja a participar.

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