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Prisão de Gao Yu dá recado claro aos críticos na China

Philipp Bilsky
17 de abril de 2015

A jornalista chinesa Gao Yu foi condenada a sete anos de prisão por alegadamente revelar segredos de Estado. A sentença é mais um exemplo de como o governo chinês lida com vozes críticas, opina Philipp Bilsky.

Foto: DW

Nos últimos meses o governo chinês chegou a dar a impressão de que estava protelando uma decisão sobre o "caso Gao Yu". O julgamento foi adiado duas vezes – algo incomum para a Justiça chinesa. "A liderança política ainda não tomou uma decisão", justificou um juiz em uma conversa informal. Os otimistas interpretaram isso como um bom sinal. A esperança era de que a sentença fosse menos dura do que se temia. Mas ninguém realmente contava com uma absolvição.

Em abril do ano passado, a jornalista de 71 anos foi presa pela polícia de Pequim. A acusação: ter revelado segredos de Estado. Não foram dados detalhes específicos sobre quais documentos Gao Yu teria vazado. Suspeita-se que se tratasse do chamado "Documento Nº9", um memorando no qual o governo adverte sobre a influência do Ocidente – como a democracia parlamentar ocidental, por exemplo. E a liberdade de imprensa. Informações sobre esse documento apareceram primeiro na mídia internacional, depois em diversos sites chineses.

Agora o veredicto foi proclamado. A jornalista deve cumprir sete anos na prisão. O Tribunal fundamentou a decisão afirmando que Gao Yu "passou ilegalmente segredos de Estado a estrangeiros". Os argumentos da defesa tiveram efeito praticamente nulo, argumentaram seus advogados. A sentença é um claro sinal a todos aqueles que encaram a política chinesa com olhar crítico.

Pequim tem lidado de forma dura com os críticos nos últimos meses. O exemplo mais recente foi a prisão de cinco feministas que queriam protestar contra o assédio sexual em ônibus e metrôs. Depois de pagar fiança, as ativistas foram liberadas, mas ainda correm o risco de responder a processo. O mais absurdo desse caso é que, com sua luta por mais direitos para as mulheres, as feministas não pedem nada diferente daquilo que o Partido Comunista já estampa em sua bandeira. Mas aparentemente a única prioridade do governo é cortar qualquer forma de protesto pela raiz.

E há muitos outros exemplos. Como a prisão do advogado de direitos humanos Pu Zhiqiang. Em maio do ano passado, ele foi acusado de "perturbar a paz". Entre outras coisas, Pu Zhiqiang defendeu o artista dissidente Ai Weiwei. Houve também a sentença contra o acadêmico uigure Ilham Tohti, em setembro. Ele era considerado uma voz moderada da minoria uigure na região autônoma de Xinjiang, no oeste da China. Foi condenado à prisão perpétua.

O veredicto contra Gao Yu se encaixa nesse quadro. Aparentemente, o governo chinês quer reprimir o mais rápido possível qualquer coisa que possa perturbar o "sonho chinês" de Xi Jinping. O ar ficou mais rarefeito para as mentes críticas na China.