Alemanha só é responsável por 2% das emissões globais de CO2. E uma redução rápida poderia ser facilmente alcançada sem a necessidade de protestos cinematográficos, opina Felix Steiner.
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Que encenação: um embate de 19 horas, com direito a manifestantes em frente à Chancelaria Federal em Berlim, e atos em mais 500 cidades em toda a Alemanha. Mas, afinal, o que está em jogo é nada menos do que a salvação do mundo.
A apenas alguns dias da Cúpula do Clima das Nações Unidas, na sexta-feira (20/09) manifestantes já marcham pelo globo. Mas em nenhum lugar o tema é tratado com tanto fervor quanto na Alemanha. Os alemães estão mais uma vez em seu elemento: "Nós sabemos o que é nobre, útil e bom. E devemos ser um modelo para o resto mundo, para que ele nos siga o mais rápido possível." "Que o caráter alemão possa curar o mundo” já era um mote quando a Alemanha ainda tinha um imperador.
De fato, o governo federal da Alemanha alcançou uma conquista notável: a gigantesca soma de 54 bilhões de euros será investida nos próximos quatro anos, no combate às mudanças climáticas. Pode ser que um ou outro lucre com isso, mas para a massa das cidadãs e cidadãos comuns, isso significa nada além de um pesado aumento de impostos. Pois a maioria continuará a anda de carro e a não querer congelar no inverno. Nesse ponto, o ministro das Finanças pode se dar por muito feliz: quem se lembra de uma época em que o povo tenha implorado tanto assim por um aumento de impostos?
Diante de somas tão enormes, é de admirar que a maioria dos manifestantes fosse de jovens. Quando se tratava do orçamento de escolas e universidades, nas últimas décadas nunca havia dinheiro suficiente – independente do estado da economia. Agora, finalmente, uma soma equivalente a um décimo do pacote para salvar o mundo – 5 bilhões de euros – será disponibilizada para equipar as escolas com computadores modernos. E isso num país que não tem recursos naturais além das aptidões dos seus habitantes!
Os jovens, no entanto, não parecem se incomodar nem um pouco com essa disparidade. Isso, porque sem a proteção do clima eles não terão mesmo qualquer futuro, como atestam suas faixas e cartazes.
Que tolice! O mundo não vai acabar em 2030 nem nas décadas seguintes, não importa como se comportem as curvas de temperatura. O apocalíptico discurso diário sobre crise, desastre, pontos de ruptura e de virada parece ter ofuscado o bom senso de muitos. O fato de que isso poderia se tornar um dia contraproducente ficou claro recentemente para o movimento pró-clima nos Estados Unidos: o escritor Jonathan Franzen ruminava na renomada revista The New Yorker sobre as consequências últimas de se reconhecer que não há mais nada a ser salvo.
Que outras finalidades não se poderia dar a esses 54 bilhões de euros? Por exemplo, pesquisa avançada em fusão nuclear. Ou o desenvolvimento de carros com células de combustível; ocupar-se de todas as formas de progresso e inovação que não dependam do esgotamento de recursos. E assim manter a Alemanha tecnologicamente no topo, a fim de manter também no futuro a prosperidade já alcançada.
Isso tudo vai demorar demais? Os objetivos do clima de 2025 e 2030 não serão alcançados só por esses meios? Talvez. Por outro lado, isso também poderia ser fácil: seria preciso apenas colocar as usinas nucleares já existentes de volta em operação e desligar as muito piores termoelétricas que usam linhito, um grande emissor de CO2. Pois até agora nenhum outro Estado quis seguir a Alemanha no abandono da energia nuclear, anunciado em 2011 com uma certeza messiânica e ênfase em seu caráter exemplar.
No fim de semana, não pretendo protestar em nenhum lugar, mas sim me preparar para o inverno que se aproxima na Alemanha, e cortar lenha. E essa é uma atividade satisfatória, pois, apesar de todo o esforço, vê-se logo o resultado. E é garantido que funciona: quando faz frio lá fora, minha casa está bem quentinha.
Para ler uma opinião contrária à deste artigo, siga este link.
Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Foto: Getty Images/J. Sullivan
Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.