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Opinião: Queimar bandeira de Israel é inaceitável

Ines Pohl
Ines Pohl
12 de dezembro de 2017

Aqueles que querem viver na Alemanha têm que aceitar os valores do país. E isso inclui a tolerância zero com o antissemitismo, opina a editora-chefe da DW, Ines Pohl.

Manifestantes queiam bandeira improvisada de Israel em BerlimFoto: imago/snapshot/F Boillot

Na Alemanha, o direito de manifestação goza de ampla proteção. Restringi-lo só é possível em condições bastante especificas. Dessa forma, nossa democracia deve aceitar até mesmo a divulgação de slogans de natureza antidemocrática nas ruas alemãs. Por exemplo, algo grosseiro como "Fora, estrangeiros!”.

A ditadura nazista exemplificou de maneira dolorosa o que pode acontecer quando um Estado suprime todas as críticas e torna protestos de rua ilegais. É por isso que, na Alemanha atual, é natural que os críticos da chanceler federal Angela Merkel sejam livres para expressar seu descontentamento. E é por isso que os palestinos que vivem na Alemanha também são livres para protestar em frente à embaixada dos EUA em Berlim para manifestar sua raiva em relação à planejada transferência da missão diplomática americana em Israel para Jerusalém.

A editora-chefe da DW, Ines PohlFoto: DW/P. Böll

Mas a nossa história não nos obriga a permitir tudo sem limites. Pelo contrário: a Alemanha  assassinou 6 milhões de judeus durante o Holocausto. E não importa quanto tempo tenha passado, a Alemanha sempre vai ter uma obrigação única de combater o antissemitismo. Um país que tenha cometido um crime de tal magnitude não pode se fingir de cego diante de ações antissemitas, em qualquer lugar – especialmente dentro das suas próprias fronteiras.

É por isso que queimar a bandeira com a estrela de Davi dentro da Alemanha é completamente inaceitável. Aqueles que vêm à Alemanha em busca de segurança e um novo lugar para chamar de pátria devem se ater a esse fato. Há valores fundamentais na sociedade alemã que não são negociáveis.

Em outras sociedades, pode ser aceitável e comum queimar bandeiras para atacar um adversário. Só que a Constituição alemã (Lei Fundamental) é baseada no respeito aos outros e dá muita ênfase à proteção de minorias. Mesmo que isso não seja necessariamente um crime, também é inaceitável queimar as bandeiras da Turquia, da Rússia, dos EUA e da Arábia Saudita. Queimar é inaceitável, não importando o quanto alguém se opõe ao governo de um país em particular.

A Alemanha agora é um país de imigrantes. A convivência conjunta nessa Alemanha só vai ter algum futuro se nós tivermos em mente as lições que aprendemos da nossa peculiar história. Aqueles que não aceitarem se comprometer com esse legado não têm um futuro neste país. E isso é inegociável.

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