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Quem vai aguentar por mais tempo na Venezuela?

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Sandra Weiss
25 de fevereiro de 2019

Maduro é, aos olhos do mundo, um ditador sem povo, e o vento sopra a favor da oposição. Mas conflitos são decididos no campo de batalha, onde Guaidó é fraco. Intervenção externa pode ser decisiva, constata Sandra Weiss.

Confronto na fronteira entre a Venezuela e Colômbia Foto: picture-alliance/dpa/F. Llano

Há um mês começou a luta pelo poder na Venezuela, com a surpreendente declaração de guerra do líder oposicionista Juan Guaidó. Desde então foi um lance atrás do outro: Guaidó alcançou reconhecimento internacional graças a uma campanha preparada cuidadosamente; protestos em larga escala colocaram o presidente Nicolás Maduro sob pressão; e um embargo de petróleo dos Estados Unidos mira o orçamento de guerra do regime. A turma de Maduro parece surpresa, reage na defensiva e seus assessores brigam até diante das câmeras.

O vento histórico sopra a favor da oposição. No fim de semana, Guaidó completou mais um lance: fotos de centenas de milhares num show beneficente da oposição versus um esvaziado show de Maduro; uma "frente de batalha humanitária" coordenada, na qual se pôde acompanhar como milhares de civis tentavam levar mantimentos para a Venezuela e, do outro lado, milicianos e militares bloqueavam essa ajuda, atiravam em manifestantes e incendiavam caminhões.

Maduro parece ter perdido a guerra da propaganda: o mundo o vê como um ditador inescrupuloso, corrupto e sem povo. As motivações inquietantes de uma reorganização neoconservadora da América e o passado daqueles que estão por trás de Guaidó, como o arquiteto do Caso Irã-Contras, Elliott Abrams, ou o lobby ultraconservador dos exilados cubanos são, porém, raramente tematizados.

Conflitos, porém – mesmo um com pretexto humanitário – são decididos no campo de batalha. E lá Guaidó continua sendo um presidente sem Estado. Primeiro, ele falhou em levar a ajuda humanitária para a Venezuela. E uma ou duas dúzias de desertores, mesmo de altas patentes, como o ex-militar chefe da inteligência Hugo Carvajal, não servem para abalar a lealdade da liderança das Forças Armadas.

Por isso, a estratégia da ajuda humanitária não visa a liderança, mas as patentes medianas, aquelas que comandam os bloqueios. Se elas cederem, como calculado, serão seguidas por tropas desmoralizadas e vão isolar os generais. Aqui entra o fator tempo.

No curto prazo, Maduro e seus assessores cubanos conseguiram encontrar alternativas comerciais no Oriente Médio, na Índia e na Rússia e assim furar o embargo. Mas elas são dispendiosas devido aos custos de transporte, e em médio prazo a crise humanitária vai se intensificar. Se isso levará a população à revolta ou à fuga, ainda não está claro. Quanto mais tempo a resistência de Maduro for bem-sucedida, maior é o risco de que o momento de Guaidó se atenue, a oposição se divida ou uma parte dela se radicalize.

Em longo prazo, o atual regime na Venezuela, assim como a economia deficitária de Cuba no passado, só conseguirá sobreviver se encontrar um aliado disposto a gastar bilhões para ter bases geoestratégicas no Caribe. Isso é duvidoso. A situação geopolítica mundial aponta para um recuo das superpotências para suas esferas regionais de influência.

Trump, Putin e Xi Jingping vão selar entre si o destino da Venezuela? O que pode convencer Trump a atacar a Venezuela é sobretudo possíveis lucros nas eleições de 2020. Até lá a questão tem que estar resolvida a contento. O quão longe ele irá para isso? A opção militar é mais do que uma ameaça verbal? Até que ponto Trump joga com os europeus o jogo do bom policial e do mau policial para obrigar Maduro a negociar?

No pôquer venezuelano, todas as cartas ainda não estão na mesa.

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