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Opinião: Relutância ocidental beneficia "Estado Islâmico"

Miodrag Soric (ca)19 de fevereiro de 2015

Usado da diplomacia para pôr fim ao caos político na Líbia não funciona. Por isso, Ocidente precisa fazer mais para evitar que terroristas conquistem mais espaço, opina Miodrag Soric, correspondente da DW em Washington.

DW-Mitarbeiter Miodrag Soric in Ferguson, USA
Miodrag Soric é correspondente da DW nos Estados UnidosFoto: DW

Os egípcios estão irritados. E com uma razão própria: combatentes do "Estado Islâmico" (EI) executaram brutalmente 21 reféns cristãos coptas na Líbia. Por isso, o chanceler egípcio, Shameh Shoukry, recorreu ao Conselho de Segurança da ONU, pedindo à comunidade internacional o fim do embargo de armas que pesa sobre Trípoli.

Segundo ele, somente pela força das armas o governo local poderia retomar o controle sobre o país e derrotar o EI e outros islamistas. O Egito, afirmou Shoukry, estaria disposto a ajudar. No entanto, o Conselho de Segurança disse ver com ceticismo o fornecimento de armas para um país onde reina o caos – sob o argumento de que as elas poderiam cair em mãos erradas.

O Conselho de Segurança continua apostando na diplomacia. Alega que é preciso conceder mais tempo ao enviado especial da ONU para a Líbia, Bernadino Leon, de forma que ele possa levar as partes conflitantes à mesa de reuniões. Juntas, elas deveriam formar um governo que atue contra o EI.

Até agora, no entanto, esse plano não funcionou. As negociações estão se arrastando. Ao mesmo tempo, anarquia, pobreza e desesperança avançam na Líbia. Após a queda do ditador Muammar Kadafi, isso foi previsto por poucos.

De fato, Kadafi foi um governante autoritário, que agia de forma brutal contra os adversários políticos. E, por ele, ninguém derramou nenhuma lágrima. Mas também é fato que, sob o seu domínio, a situação econômica do país era boa. Até mesmo os países vizinhos eram beneficiados.

Dezenas de milhares de trabalhadores egípcios ganharam um bom dinheiro nos campos de gás da Líbia. Durante décadas, franceses e britânicos, cuja atuação foi decisiva para a queda de Kadafi, fecharam negócios bilionários com o ditador. Algo de que, hoje, só se lembram com relutância.

Agora, a economia da Líbia se encontra em queda livre. Dois "governos" – um no oeste e outro no leste do país – lutam entre si. Os islamistas se assentaram no norte do país. Eles se aproveitam do desespero das pessoas. Todos os dias, ganham novos adeptos – também do exterior, da Síria ou da Tunísia. O EI amplia cada vez mais a sua rede. E a comunidade internacional está assistindo.

Embora seja afetada, a Europa reage com pouca motivação diante da crise: milhares de refugiados cruzam de barco 660 quilômetros de mar até a Itália. Não há fim à vista.

Os EUA também se esquivam. Embora o presidente Barack Obama elabore discursos importantes sobre o terrorismo internacional, quando se trata de agir, ele recua. Anteriormente, os seus antecessores – junto a Arábia Saudita, Egito, Kuwait, Jordânia ou Emirados Árabes Unidos – garantiram a estabilidade no Oriente Médio.

Obama mantém certa distância dos antigos aliados. Assim, ele espera ser capaz de continuar o diálogo com o Irã. Um ato de equilíbrio difícil para o presidente americano.

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