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Opinião: Republicanos abraçaram amadorismo de Trump

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Michael Knigge
19 de julho de 2017

Os esforços fracassados do presidente americano e seu partido para revogar o Obamacare seriam cômicos, se não tivessem consequências sérias para o povo e a economia, opina Michael Knigge.

Foto: picture-alliance/dpa/R. Bowmer

Quase seis meses depois ter sido empossado – com o apoio da maioria republicana na Câmara e no Senado – o presidente Donald Trump e seu partido não conseguiram aprovar nenhuma nova legislação que possa ser considerada um sucesso. O símbolo mais evidente do fracasso de ambos em governar é a inabilidade de cumprir a promessa de Trump de repelir o "Obamacare” e substituí-lo por uma reforma da saúde genuinamente republicana.

O que torna o fracasso legislativo sobre o sistema de saúde ainda mais embaraçoso e significativo do que, por exemplo, a luta penosa de Trump para construir um muro ao longo da fronteira com o México, é que a promessa de repelir o Obamacare era uma política de longa data do Partido Republicano, ao contrário da barreira fronteiriça, uma ideia do presidente. Se livrar do Obamacare tem sido um grito de guerra de deputados republicanos de todo o país há alguns anos já. 

Embora possa parecer irônico que, após várias iniciativas mal sucedidas na Câmara, o esforço deles tenha novamente sido paralisado – desta vez por causa da licença médica de um senador republicano solitário – há pouco espaço para "schadenfreude".

Em primeiro lugar, cada cidadão responsável nos EUA e ao redor do mundo, incluindo os muitos que se opõem politicamente ao presidente Trump e aos republicanos, devem estar interessados em que o país mais poderoso da Terra seja governado de maneira profissional e previsível.

Michael Knigge, correspondente da DW em Washington

Com um inexperiente e errático comandante em chefe no Salão Oval, governar com profissionalismo passou a ser uma tarefa relegada em grande parte aos congressitas republicanos. Eles deveriam estar transmitindo uma imagem de consistência, orientação e liderança neste momento – características que os EUA e o mundo precisam tão desesperadamente.

Infelizmente, ambos os líderes republicanos na Câmara e no Senado não se mostraram à altura da tarefa. Em vez de agarrar a oportunidade para guiar um presidente mal-humorado com poucos objetivos claros e ideias ainda mais escassas, os republicanos no Congresso resolveram compartilhar do amadorismo de Donald Trump.

Os mesmos políticos que atacaram nos últimos oito anos as realizações de Obama na área da saúde fracassaram em preparar uma alternativa legislativa viável que poderia reunir votos suficientes entre os republicanos para ser aprovada. Isso é não profissional ao extremo.

Além disso, eles repetidamente programaram votações só para cancelar tudo mais tarde. Este padrão é desconcertante, porque mostra que os líderes republicanos não só têm pouca influência sobre seus colegas no Congresso, como estão dispostos a fazer politicagem mesmo em esforços legislativos como um grande projeto para a saúde.

Essa imprudência repetida de fazer politicagem com o sistema de saúde, que afeta milhões de americanos e cujas receitas equivalem a 18% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, tem consequências mortais. Ela coloca os americanos atualmente matriculados sob o Affordable Care Act – mais conhecido como Obamacare – no escuro novamente sobre se eles vão ter acesso a um algum seguro médico no futuro. E mais uma vez, essas atitudes aumentam a insegurança para os atores que dão as cartas no mercado de saúde. Como resultado, o dólar caiu pela primeira vez em 11 meses em relação ao euro.

Dado o histórico dos congressistas republicanos e do presidente Trump, parece demasiado otimista esperar que eles vão ter um choque de realidade e passar a fazer aquilo para o qual eles foram eleitos: governar com profissionalismo. Talvez uma visão mais realista seja a de que vamos ter de esperar pelas eleições legislativas no próximo ano para ver o que os americanos pensam sobre o governo do Partido Republicano.

 

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