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A montanha pariu um rato

Peter Philipp (gh)24 de dezembro de 2006

O Conselho de Segurança da ONU decidiu impor sanções ao Irã para forçar o país a suspender seu polêmico programa nuclear. O analista Peter Phillip duvida que a resolução atinja o objetivo desejado.

Demorou muito até que o Conselho de Segurança (CS) da ONU chegasse a um acordo sobre uma resolução contra o Irã. Os ultimatos pela suspensão do programa iraniano de enriquecimento de urânio não surtiram efeito e ameaças de sanções duras fracassaram repetidamente devido à resistência de Moscou e Pequim. Finalmente, o CS aprovou por unanimidade a imposição de sanções.

A montanha pariu um rato. Porque o que agora se comemora como pressão sobre o Irã para que mude sua política nuclear, dificilmente conseguirá atingir este objetivo e, além disso, não é nada de novo.

Assim, o Conselho de Segurança decidiu que não deve mais ser fornecida ao Irã tecnologia para o enriquecimento de urânio. Como se o Irã já não dispusesse há muito tempo dessa tecnologia e, até agora, tivesse havido um livre comércio nesse setor com o país.

Além disso, foi decidido que o trânsito internacional de pessoas envolvidas com o programa nuclear iraniano será rigorosamente vigiado e que essas informações devem ser repassadas a outros países. Como se estas pessoas até hoje tivessem viajado incógnitas pelo mundo e não constassem nas listas de observação dos serviços secretos ocidentais.

Não foram aprovadas sanções comerciais, que seriam prejudiais a todos, menos aos EUA. Como já era previsível há muito tempo, também não foi decidido exercer pressão militar sobre o Irã. Não foi aprovado sequer um boicote no fornecimento de gasolina ao país, que não possui capacidade suficiente de refino e precisa importá-la.

Por que Teerã haveria de ceder? O presidente Mahmud Ahmadinejad já anunciou que saberá responder "à própria maneira" às sanções. Com certeza, ele não se refere à decisão de passar a usar o euro em vez do dólar no comércio do petróleo iraniano.

Teerã poderá, por exemplo, reduzir ou suspender a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA), ou ainda desistir do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Isso só aumentaria a desconfiança internacional, em vez de diminuí-la.

De qualquer forma, não é de se esperar que Teerã ceda. A liderança iraniana sabe que, neste ponto, conta com amplo apoio da população. A questão nuclear há muito se tornou uma questão de orgulho nacional, e as medidas do exterior são vistas como uma política unilateral contra o Irã. Porque este mesmo exterior não faz contra Israel, Paquistão e Índia – todos detentores de bombas atômicas –, enquanto o Irã continua afirmando que seu programa nuclear tem apenas fins pacíficos.

Peter Philipp é chefe da equipe de correspondentes da Deutsche Welle e especialista em Oriente Médio.

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