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Sinais do isolamento de Merkel são cada vez mais claros

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Jens Thurau
6 de setembro de 2018

Ministro Seehofer volta à carga contra a chanceler federal e deixa claro que conservadores alemães não falam mais a mesma língua, observa o jornalista Jens Thurau.

Horst Seehofer e Angela Merkel durante uma sessão do BundestagFoto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld

O ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, andava quieto. Depois de semanas tumultuadas, nas quais a parceria estreita e de décadas entre os dois partidos conservadores alemães, a CDU e a CSU, fora questionada abertamente, os ânimos voltaram a esfriar. Mas, se a chanceler federal Angela Merkel pensou que o pior já passara, se enganou.

Seehofer chamou a questão de como lidar com a imigração de "mãe de todos os problemas". Primeiro, numa reunião interna, depois em público. E enumerou tudo o que aconteceu desde que, há três anos, o "Nós vamos conseguir" de Merkel deu um nome a uma política de refugiados relativamente liberal: a sociedade se dividiu, o partido populista AfD se estabeleceu como uma força à direita dos partidos conservadores e a reputação dos partidos tradicionais junto aos alemães se erodiu cada vez mais.

Então tudo isso é consequência da política de refugiados? É uma questão complexa e difícil de responder. Talvez a resposta mais próxima da verdade seja dizer que o acolhimento de pessoas ameaçadas de todo o mundo foi o catalisador de muitos conflitos internos que já existiam há muito tempo: leste contra oeste, democracia liberal contra "democracia guiada", papel e significado do Estado de Direito, questões sociais.

Mas fica cada vez mais nítido, e pelo jeito Seehofer quis destacar isso mais uma vez, que apesar de todo o horror diante das manifestações e da perseguição a requerentes de refúgio em Chemnitz, a chanceler não tem mais maioria favorável à sua política de refugiados. Nem na Alemanha, nem na Europa.

Por falar em Chemnitz: com alguns dias de atraso, fica claro que, na análise dos acontecimentos, não se encontra mais um linguajar comum entre os conservadores. A chanceler fala em perseguição e é contestada pelo governador da Saxônia, Michael Kretschmer, que como Merkel também é membro da CDU. E também Seehofer observa que ele entende a indignação das pessoas se requerentes de asilo assassinam um alemão, como teria acontecido em Chemnitz.

Internamente, Merkel disse constantemente que o motivo pelo qual ela se candidatou a chanceler federal nas eleições de 2017 foi a preocupação com o dilaceramento da sociedade alemã, com uma possível devastação da União Europeia.

Um ano depois fica cada vez mais claro: até agora, ela não avançou nem um passo. A Europa elege populistas (Itália), cai cada vez mais no nacionalismo (Reino Unido e outros), esvazia o Estado de Direito (Polônia). E, na Alemanha, os descontentes, os radicais, aqueles que desprezam a democracia, os adversários internos só conseguem chegar a consenso em um ponto: a culpa é de Merkel.

O que mantém Merkel no poder é o fato de que a erosão atinge outros partidos de maneira até mais forte do que a CDU – a começar pelo SPD e pela CSU na Baviera. Mas por quanto tempo isso ainda vai continuar? Já se cria o sentimento de que Merkel está se isolando na chancelaria federal – um sinal perigoso.

Há dez dias que toda a Alemanha olha para Chemnitz, vê cidadãos furiosos, extremistas de direita que procuram a violência, simpatias abertas por slogans nazistas. E uma poderosa manifestação contrária por meio de um show de rock organizado por pessoas que, há tempos, já não se preocupam somente com a política de refugiados, mas com o clima que predomina no país, com a sociedade, com o futuro da democracia.

E Merkel? Ela também irá a Chemnitz – mas só em outubro. A data exata ainda está em aberto.

O clima na Chancelaria Federal está cada vez mais solitário.

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