1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Sob Musk, Twitter se tornará uma agência de fake news?

Carolina Chimoy
Carolina Chimoy
26 de abril de 2022

Elon Musk não gosta de regras. Se assumir o comando de uma das principais plataformas de comunicação da atualidade, o resultado pode ser mais notícias falsas e mais polarização, opina a correspondente Carolina Chimoy.

Twitter aceitou proposta de Musk para compra da rede socialFoto: Rafael Henrique/Sopa/Zuma/picture alliance

Elon Musk descreveu o Twitter como "a praça central da cidade". Ou seja, a praça principal onde antigamente se ficava sabendo sobre os acontecimentos mais importantes e atuais. O que alguém queria saber podia ser ouvido nessa praça, e também era ali que anúncios costumavam ser feitos.

Portanto, Musk sabe muito bem da importância da plataforma como um instrumento de comunicação do nosso tempo.

A questão é: ele sabe o quanto de responsabilidade isso acarreta? Que não se trata apenas de lucro, como numa empresa privada? Como empresário de sucesso, ele instrumentalizará agora a plataforma a seu favor?

Ele deu a entender algumas de suas ideias em diferentes entrevistas e no seu último Ted Talk: ele quer conduzir o Twitter como uma empresa privada, e a plataforma não faria tanto no sentido da "liberdade de expressão". A comunicação tem sido com frequência moderada desnecessariamente, segundo ele.

Mas o que significa quando Musk fala de "liberdade de expressão"? Significa que qualquer um pode afirmar o que quiser – mesmo que isso garantidamente não corresponda à verdade?

Musk ressaltou várias vezes que não vê sentido em banir usuários da plataforma. O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, por exemplo, é uma das personalidades mais famosas que foi excluída do Twitter. Ele foi banido após seus apoiadores invadirem o Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

"Após uma revisão detalhada dos tuítes mais recentes da conta @realDonaldTrump e do contexto em torno deles – especialmente como eles foram recebidos e interpretados fora do Twitter –, suspendemos permanentemente a conta devido ao risco de incitar ainda mais a violência", afirmou a plataforma após o banimento.

Musk, o "absolutista da liberdade de expressão"

Musk, porém, não quer nenhuma regra. Ele deixou claro numa entrevista que essas regras e a possibilidade de banimento não existiriam mais sob seu comando.

O homem mais rico do mundo, que possui uma fortuna de cerca de 270 bilhões de dólares, quer fazer do Twitter o "imperativo social" da livre expressão. Segundo Musk, que se descreve como um "absolutista da liberdade de expressão", qualquer um deve poder se manifestar sobre tudo.

Um mundo que é difícil de imaginar justamente sob seu comando, pois o bilionário é conhecido por bloquear em sua própria conta no Twitter pessoas que fizeram críticas a ele ou a suas empresas. Também jornalistas que se posicionaram criticamente contra ele são alvos de ataque na conta de Musk. 

Nenhuma praça central pertence a um indivíduo

O Twitter pode até ser a praça pública central do século 21, como comparou Musk. Mas há algumas diferenças importantes bem claras: a comunicação na praça central nunca foi limitada a 280 caracteres, e a comunicação pessoal fornece muito mais informações do que uma mensagem curta de texto acompanhada de no máximo uma imagem.

E a diferença mais importante: a praça central de uma cidade nunca pertence a um único indivíduo e não é tão suscetível à propagação de informações falsas. Uma tendência, que na ausência de regras, só levará a uma maior polarização.

--

Carolina Chimoy é correspondente da DW em Washington. O texto reflete a opinião pessoal da autora, não necessariamente da DW.

Pular a seção Mais sobre este assunto