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Trump prepara o cenário para o caos

Ines Pohl
Ines Pohl
31 de julho de 2020

Crise da economia americana vem minando as chances de reeleição de Trump. Diante desse quadro, sua ideia é adiar o pleito. É a fúria destrutiva de um homem disposto a tudo para não perder, opina Ines Pohl.

Foto: picture-alliance/AP/E. Vucci

O presidente americano fez de tudo para minimizar a pandemia. Encobriu, mentiu, tomou decisões desastrosas e, no final, até promoveu uma médica que acredita no poder curativo do DNA de alienígenas. Ele aceitou as mais de 150 mil mortes como um preço a pagar para evitar a crise econômica em seu país, e teve exatamente o efeito oposto.

A economia dos EUA vem passando por uma derrocada histórica, e não há um fim à vista. O número de infecções continua a explodir, aumentando o medo de que mais e mais americanos adoeçam. Tudo isso é ruim para os negócios. Especialmente levando em consideração a crise econômica global, que aos poucos vai mostrando sua terrível careta.

A última esperança de Trump de defender seu posto na Casa Branca está morrendo. Se a economia continuar em queda, o homem das grandes promessas não conseguirá ser reeleito. No momento, ele já está dois dígitos atrás do seu rival Joe Biden. A queda parece ser incontrolável – assim como a fúria destrutiva desse presidente.

Logo depois da divulgação da queda de 32,9% do produto interno bruto no últimos trimestre, Trump publicou um tuíte promovendo a ideia de adiar as eleições. Seu raciocínio: um pleito por meio do correio é particularmente suscetível à fraude eleitoral. Não há nenhuma prova disso, mas para ele tanto faz. Trump tampouco se importa que juridicamente um adiamento seja mais do que improvável, mesmo em meio a uma pandemia.

Posteriormente, ele tentou minimizar a afirmação, dizendo que não deseja mudar a data, mas apenas levantar a discussão sobre possíveis fraudes. Mas a ideia está lançada.

Quanto mais se aproxima de 3 de novembro, data do pleito presidencial, mais claro fica que Donald Trump está disposto a mergulhar o país no caos e enfraquecer a constitucionalidade democrática de forma duradoura, caso venha a perder as eleições. Com isso em mente, é preciso lançar luz sobre suas jogadas políticas.

Por que ele está enviando policiais federais para cidades como Portland? Não é para controlar a violência, mas para aumentar ainda mais a divisão do país. Por que discursou na noite anterior ao feriado de 4 de Julho no pé do Monte Rushmore, entre todos os lugares, e diante das gigantescas cabeças presidenciais esculpidas, que representam discriminação racial e comércio de escravos? Justamente agora, quando os ânimos no país estão tão acirrados? Ele quer dividir. Ele quer reabrir velhas feridas.

Figuras do Partido Democrata como Bernie Sanders e Joe Biden alertaram desde cedo que esse presidente não pretende aceitar a derrota sem lutar. Parece que esses temores serão confirmados. Para piorar, quanto mais reduzidas suas chances de conquistar a reeleição, maior será sua fúria destrutiva.

Donald Trump não deve conseguir minar o sistema legal dos EUA. No entanto estamos observando uma alarmante militarização da luta política nas ruas dos Estados Unidos. É bom o fato de cada vez mais republicanos se distanciarem de seu errático presidente. Parece que estão começando a entender que não têm um futuro com esse homem. E que no fim vão ter que arcar com a responsabilidade pelos atos dele.

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