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Opinião: UE e EUA devem trazer Putin à razão

Bernd Riegert (ca)4 de março de 2014

Ocidente está diante de um dilema: deve fazer a Rússia recuar, mas sem agravar ainda mais a já tensa situação. Isso exige uma ação firme e rápida, opina o articulista da DW Bernd Riegert.

Como conter um chefe de Estado autocrático que impõe seus interesses de forma brutal, independentemente de danos à sua reputação? É a pergunta que se fazem os ministros das Relações Exteriores da União Europeia e os embaixadores dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Bruxelas. A resposta à questão não é fácil – quando não se quer recorrer a meios militares e não se quer arriscar entrar num conflito imprevisível.

Vladimir Putin é um homem do passado. Ainda está enraizado nas velhas formas de pensar da Guerra Fria. Com a sua intervenção na Crimeia, mostrou claramente que não desistiu de sua reivindicação à esfera de influência do antigo império soviético.

Putin é um ex-agente da KGB, um membro do aparato comunista, um homem do poder e não é de forma alguma um democrata impecável, como o ex-chanceler federal alemão Gerhard Schröder afirmou há alguns anos. Alguns podem contestar, mas Putin detém agora a Rússia firme em suas mãos.

Bernd Riegert, articulista da DW

Por isso, quando se quer evitar o pior, é preciso saber lidar com ele, entender-se com ele. O sentimento diz que, agora, a UE deve mostrar firmeza. A razão fala que é preciso acalmar a Rússia, incorporá-la, integrar o país na diplomacia. Foi justamente isso que os ministros do da UE tentaram fazer ao pensarem sobre sanções e ao instarem a Rússia a tomar medidas de distensão. Será suficiente? O que acontece se Vladimir Putin seguir a sua própria lógica?

O plano não é novo e tem sempre se repetido ao longo da história. Um governante avança sobre um país, porque ali, supostamente, minorias ou compatriotas lhe pediram ajuda. Para afastar perigos, ele ocupa uma parte do país. Isso aconteceu em 1938, quando Adolf Hitler incorporou partes da antiga Tchecoslováquia.

Para evitar qualquer mal-entendido, Putin não deve ser comparado com Hitler. A região dos Sudetos não é a Crimeia. As circunstâncias são diferentes, mas pode-se reconhecer o mesmo esquema. Ele também pôde ser reconhecido quando Putin ocupou, em 2008, as províncias separatistas da Abkházia e da Ossétia na Geórgia.

Agora acontece a mesma coisa com a suposta ajuda para os russos na Crimeia. Como em 1938 e em 2008, a comunidade de nações democráticas reage reticente frente às ações nefastas do agressor, porque ninguém quer correr o risco de uma guerra por uma faixa de terra relativamente pequena.

O presidente russo está ciente desse fato e, por isso, pode estar certo de que, embora as democracias ocidentais protestem e talvez imponham sanções, elas não deverão reagir seriamente com uma resposta violenta. Esse cálculo funcionou em 2008, quando houve desentendimentos diplomáticos e cancelamentos de reuniões, mas a normalização de relações com a economicamente importante Rússia seguiu-se de forma relativamente rápida.

O importante agora é que a UE mostre consenso. Se a Rússia conseguir furar o cerco da frente europeia, então a Europa estaria perdida. Além disso, a UE precisa de uma aliança sólida com os EUA, pois somente a força é capaz de impressionar Putin. A UE e os EUA devem atingi-lo onde ele é vulnerável.

Ele será capaz de superar uma expulsão do G8, mas somente sanções econômicas tangíveis serão eficazes. Uma limitação das relações comerciais e financeiras com a Rússia também traria sacrifícios e custos para o Ocidente, além de implicar o risco de uma escalada.

O pouco previsível Putin poderia reduzir o fornecimento de gás natural e petróleo para a UE, que teria dificuldades em encontrar uma substituição em curto prazo. No entanto, Putin não poderia resistir por muito tempo, porque ele precisa urgentemente de divisas para financiar o seu vasto império.

Os ministros das Relações Exteriores da UE começam agora com o nível mais baixo de escalada do conflito. No momento, não lhes resta muito a fazer, caso não queiram retornar, como Putin, ao modo de pensar do confronto de blocos da Guerra Fria.

Mas a UE, os EUA e o Fundo Monetário Internacional (FMI) devem ajudar urgentemente o governo de transição da Ucrânia com injeções financeiras, com o objetivo de estabilizar o país turbulento e economicamente abalado.

A UE também deve levar o governo interino a revalidar as leis de proteção da minoria e do idioma russos, para não proporcionar a Putin a mínima justificativa para as suas ações.

A UE não dispõe de muito tempo, já que a situação na Crimeia pode mudar rapidamente. Na cúpula extraordinária a se realizar na próxima quinta-feira, os chefes de Estado e governo deverão determinar se é possível haver um diálogo com a Rússia ou se sanções serão impostas. O melhor seria se o presidente Barack Obama também participasse do encontro. Para demonstrar a unidade do Ocidente.

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