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Crise

8 de novembro de 2008

Os chefes de governo dos 27 países da UE definiram uma posição comum, a ser defendida na próxima cúpula financeira mundial, que acontece em Washington. Uma medida necessária, opina Bernd Riegert.

A União Européia pode ficar agradecida que, exatamente nesta difícil crise financeira e econômica, a presidência do bloco esteja nas mãos do presidente francês Nicolas Sakorzy. É certo que Sarkozy é, às vezes, atordoado, inconstante, insistente e até egocêntrico. Mas ele é um poço de energia, capaz de mover seus colegas, às vezes hesitantes, de uma cúpula a outra. Diante da amplitude da crise econômica que ameaça a prosperidade européia, é necessário agora determinação, coragem e rapidez.

Sarkozy tem razão ao dizer que a Europa, ou melhor, que todo o mundo terá que coordenar a política econômica e a vigilância financeira. O modelo anglo-americano vigente até agora, de um capitalismo global, nos levou à beira do abismo. Agora tem que haver algo de novo. O mercado financeiro mundial precisa de regras globais e a economia parece funcionar melhor quando o Estado intervém.

Este modelo francês, não compatível com o horizonte político do governo alemão, pode encontrar um terreno fértil no novo governo em Washington. Afinal, o presidente democrata, Franklin D. Roosevelt, combateu a recessão nos EUA, há 80 anos atrás, com uma mistura de programas de investimento e reformas sociais. Até mesmo José Manuel Barroso, o presidente da Comissão Européia considerado liberal em relação à política econômica, já fala de um new deal, ou seja, de uma política econômica rooselveltiana.

A Europa não tem outra saída

Na próxima cúpula mundial, que acontece em Washington no próximo 15 de novembro, os europeus querem lutar de forma coesa por uma melhor regulamentação do mercado. Mesmo porque não tem outro jeito de contornar a situação, diante das iminentes tarefas hercúleas. A Europa não tem outra saída, reconheceu Sarkozy.

Não importa que nome seja dado a esse processo de exercer influência internacional – se condução ou governo econômico – o que importa é que funcione. Correta também é a exigência da União Européia de criação de uma instituição que coordene tanto a vigilância dos mercados financeiros quanto as medidas de salvação destes.

Na falta de alternativas rápidas, é preciso apelar para o Fundo Monetário Internacional. Este precisa ser reformulado radicalmente, pois é até agora dominado pelos EUA. Além disso, o FMI precisa urgentemente de mais capital, a fim de apoiar Estados falidos. De onde deve vir o dinheiro, diante das somas gigantescas que, já agora, foram disponibilizadas pelos Estados como fundos de garantia e apoio a seus sistemas econômicos?

Parceiros e concorrentes

A coordenação conjunta dos fluxos financeiros e do desenvolvimento econômico vai se encerrar no mais tardar quando os interesses nacionais forem feridos. Pois os Estados são também concorrentes entre si, quando se trata de desenvolvimento econômico, tarifas fiscais, subsídios e impulsos a investimentos.

Bernd Riegert

A Alemanha reage com nervosismo a todos os fundos de auxílio e programas de investimento europeus, porque a chanceler federal pressente que, no fim, alguém vai ter que pagar a conta. E, nesse caso, a Alemanha seria a primeira da fila, na condição de maior contribuiente dentro da UE.

Pode-se confiar que Nicolas Sarkozy vai representar a UE de forma agressiva na cúpula financeira mundial em Washington. Angela Merkel vai se sentar junto à mesa para puxar os freios. Há de se esperar que os dois consigam negociar um acordo saudável com as outras regiões do mundo. É preciso negociar e rapidamente. Em 100 dias, os resultados terão que estar aí.

Bernd Riegert dirige a sucursal da Deutsche Welle em Bruxelas.

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