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Viagem de Merkel

Peter Philipp (lk) 6 de fevereiro de 2007

É longo o caminho até que o processo de paz no OM deslanche. Com sua visita, a chanceler federal alemã deixou claro que há um consenso internacional quanto à necessidade de que o conflito acabe, opina Peter Philipp.

O conflito no Oriente Médio já foi uma noz dura de roer para muitos outros, por exemplo, o ex-presidente norte-americano Bill Clinton. Num ponto em que tantos fracassaram, as esperanças da chanceler federal alemã, Angela Merkel, não podem ter sido muito grandes.

Ainda assim, ela escolheu o Oriente Médio para sua mais longa viagem oficial ao exterior. E levava consigo uma mensagem clara: o processo de paz precisa ser reativado, e a Alemanha e a Europa estão dispostas a contribuir para seu sucesso.

Até aí tudo bem: desde a vitória do grupo radical islâmico Hamas nas eleições há um ano, a Europa não empreendeu nenhum esforço sério para acabar com as hostilidades entre israelenses e palestinos.

Também nos Estados Unidos houve uma mudança na política para o Oriente Médio: às repetidas tentativas de mediação de Bill Clinton seguiu-se uma abstenção de George W. Bush nesta questão. E, nas poucas vezes em que ele se manifestou a respeito do conflito, foi sempre com apoio incondicional a Israel.

A guerra no Iraque, o conflito em torno do programa iraniano de enriquecimento de urânio, a guerra no Líbano e o conflito fratricida entre os palestinos só contribuíram para agravar ainda mais a situação. Mas eles também fizeram soar todos os sinais de alarme: é preciso que se faça alguma coisa.

Por sua atitude partidária, os EUA não se adequam tanto a tentar ressuscitar o processo de paz. Já os europeus têm melhores cartas, mesmo sabendo que nada pode ser feito sem a participação de Washington. E muito menos sem a boa vontade das partes conflitantes.

A tentativa de Angela Merkel de reativar o Quarteto do Oriente Médio – União Européia, EUA, ONU e Rússia – é, portanto, bem-vinda. No entanto, o primeiro encontro após meses de inatividade mostrou que é preciso primeiramente que os palestinos superem suas diferenças e cheguem a um consenso sobre uma política mais conciliadora em relação a Israel. Neste caso a Europa só pode fazer muito pouco, mas pode bem apoiar os egípcios e os sauditas em seus esforços.

Vista sob este prisma, a visita da chanceler federal no Cairo e em Riad foi uma contribuição positiva – ainda que modesta. Uma contribuição para a solução do conflito entre israelenses e palestinos que se restringe principalmente a mostrar que existe um consenso internacional quanto à necessidade de pôr um ponto final nesse conflito. Mas o caminho até que o processo de paz deslanche de fato é ainda muito longo.

Os problemas no Líbano, o conflito com o Irã e a situação no Iraque foram deixados totalmente de lado nesta viagem da chanceler federal. E aqui também ainda há muito o que fazer.

Peter Philipp é chefe da equipe de correspondentes da Deutsche Welle e especialista em Oriente Médio.
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