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Vitórias e derrotas na cúpula do clima em Madri

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Jens Thurau
15 de dezembro de 2019

A política climática internacional está sob forte pressão, e nesta COP25 não foi diferente. Apesar de tudo, há lições a serem tiradas. A nova geração, por exemplo, deu impulso positivo ao tema, opina Jens Thurau.

"Políticos devem ouvir jovens ativistas, porque eles têm razão quando chamam a crise climática de ameaça à vida"Foto: Reuters/S. Vera

Longas filas se formaram nesta Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas em Madri, sempre nos eventos em que políticos e diplomatas de 190 países não estavam presentes. Trinta minutos na fila para ver Greta Thunberg; mais 30 minutos para ouvir o ator americano Harrison Ford apelar por um Estados Unidos com maior consciência ambiental e chamar seu presidente Donald Trump de "terrível".

Mas os representantes de Estados já estavam lá, como em todos os anos desde 1995, quando ocorreu a primeira cúpula das Nações Unidas sobre o clima. Na verdade, eles estão no núcleo desse circo: seu trabalho deveria ser o de reduzir juntos as emissões de gases de efeito estufa. Mas se torna cada vez mais difícil explicar o que eles decidem, o que se propõem a fazer e como especificamente querem proteger o clima.

Há muito tempo, as conferências climáticas da ONU têm sido um mundo à parte, às vezes com acordos e atribuições de culpa absurdos. Quando você se envolve nesse jogo confuso, a conclusão é: o copo está meio vazio ou meio cheio – dependendo do seu ponto de vista.

Meio vazio: desde o início das conferências sobre o clima, as emissões de gases de efeito estufa aumentaram rapidamente, não diminuíram. E isso apesar de todas as turbinas eólicas, painéis solares fotovoltaicos e carros elétricos. As metas de cada país acordadas em Paris em 2015 são muito fracas para provocar uma reviravolta. Apesar de todas as tentativas positivas, a transformação dos países ricos em direção a um futuro sustentável ainda não está em curso.

Isso prejudicou seriamente a credibilidade dos países industrializados, que, em 1992 no Rio de Janeiro, prometeram avançar na redução da emissão de gases. E num mundo de nacionalismos cada vez imponentes, de movimentos de refugiados e de novos conflitos, os países estão sob pressão crescente para resolverem juntos o problema climático a nível internacional.

Meio cheio: as reuniões sobre o clima levaram o norte rico a derramar bilhões de dólares no sul para que tecnologias verdes também pudessem ser construídas ali. Mas nem tudo deu certo: muita coisa dá errado, por exemplo, quando enormes barragens e usinas hidrelétricas são construídas na África ou na América Latina sob o pretexto de proteção do clima.

Mas desde que as conferências climáticas são realizadas, as energias eólica e solar na Alemanha, por exemplo, passaram de uma existência sombria para a principal forma de geração de eletricidade. Grandes fundos estão mudando e já não estão investindo mais no carvão.

Acima de tudo, a maior parte da sociedade reconhece que as mudanças climáticas constituem uma ameaça à existência humana, que é culpa das próprias pessoas e que elas mesmas precisam resolver o problema. Isso é melhor do que nada, apesar de todos os populistas e gritos furiosos.

A diplomacia climática internacional enfrenta hoje as mesmas dificuldades que estruturas similares e estabelecidas em todo o mundo enfrentaram por muito tempo – tais como partidos, sistemas e sociedades. A abordagem das reuniões climáticas é a de um movimento cuidadoso, de equilíbrio e compromisso. Sim, também de bazar e barganha.

Mas uma nova geração, barulhenta e determinada, não quer mais saber. Ela quer resultados de forma imediata e direta. Eles deram um novo impulso ao tema que só pode ser bom para as longas negociações de contratos. Por um lado.

Por outro, eles não explicam como o ritmo exigido por eles deve funcionar em um mundo cuja dinâmica básica ainda se baseia na queima de combustíveis fósseis. "Eu quero que você entre em pânico" é uma das frases de Greta Thunberg. Mas pânico é a última coisa que essas reuniões climáticas podem tolerar.

Em muitos países do sul, que são especialmente esquecidos na Europa, as pessoas têm não apenas o problema climático, mas também outras preocupações existenciais, como mostra a agitação social no Chile.

Os países da conferência climática da ONU se salvarão no Acordo de Paris, mesmo sem os EUA, mas com bloqueadores irritantes como Brasil, Austrália, Arábia Saudita e Rússia.

O acordo entrará em vigor no final do próximo ano, mesmo com todas as suas armadilhas, exceções e deficiências. Afinal de contas, a Europa parece ter reconhecido que o carrossel ficará parado se a UE não fizer avanços. O Acordo Verde da nova chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, decidido em Bruxelas paralelamente à conferência em Madri, é um primeiro passo.

Vamos então colocar os dois copos juntos, o meio vazio e o meio cheio: os políticos devem ouvir os jovens ativistas, porque eles têm razão quando descrevem a crise climática como uma ameaça à vida – e há muito tempo.

Os políticos já reagiram à pressão de que o ousado plano da nova presidência da UE não existiria provavelmente sem Greta Thunberg e seu movimento "Greve pelo Futuro". E os jovens ativistas devem entender que o ajuste longo e tedioso ainda levou a resultados melhores. O clima só pode ser salvo com a abordagem multilateral da ONU, porque esta abordagem vê o mundo como ele é, e não como deveria ser.

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