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Xi Jinping, o PCC e a nova "Xina"

Dang Yuan
23 de outubro de 2022

A nova equipe de liderança do Partido Comunista está definida, o presidente chinês assegurou seu inédito terceiro mandato. Na potência asiática, a veneração a um líder degenera em culto à personalidade, opina Dang Yuan.

Sete homens em palco diante de fundo vermelho com escrita em chinês em amarelo
"Xi Jinping colocou exclusivamente no Comitê Permanente seus seguidores mais fiéis"Foto: Andy Wong/AP Photo/picture alliance

Habemus Xi! Que Xi Jinping almejava um terceiro mandato como secretário-geral do Partido Comunista da China (PCC), não era segredo para ninguém, antes mesmo do 20º congresso partidário. Desse modo, o político de 69 anos extrapolou o limite de idade – de 68 anos – e de exercício – de dez anos –, até então vigentes para o cargo. Tampouco surpreende a composição do recém-eleito Comitê Permanente do Politburo, o círculo de poder do PCC:

Até agora, no PCC liderança significava continuidade. Em sua política de pessoal a sigla pensava no longo prazo, sendo até então notória por indicar bem cedo para o politburo a próxima geração, encarregando-a, assim, de tarefas estatais importantes. Em geral, os políticos trazidos para o grêmio não passavam dos 58 anos de idade.

No novo Comitê Permanente, contudo, o político mais jovem já conta 60 anos. Não há como se falar de mudança de geração, na acepção do termo. A nova esquadra de liderança não é significativamente mais jovem, três dos sete membros permaneceram no cargo e assumirão novas funções no aparato estatal, quatro subiram de posto.

O carrossel do pessoal simplesmente fez uma volta. Na verdade, não está claro quem assumirá o leme do PCC no próximo congresso, para definir os destinos da China, dentro de cinco anos.

Nasce a "Xina"

No Comitê Permanente, está claro que o secretário-geral não precisou fazer qualquer concessão nas decisões de pessoal no topo da liderança, onde colocou exclusivamente seus seguidores mais fiéis. Até então, esse grêmio sempre fora o local de equilíbrio dos interesses intrapartidários e de distribuição de poder. Segundo observadores, o PCC comporta diversas facções; porém no novo Comitê só há lugar para submissão incondicional.

O exemplo clássico é Li Qiang, o novo número dois de Pequim, que formalmente deve ser eleito primeiro-ministro em março de 2023. Como líder partidário de Xangai, no começo de 2022 ele paralisou a vida pública da metrópole financeira por dois meses, devido ao aumento dos casos de covid-19, sendo alvo de duras críticas, tanto internas quanto internacionais. No entanto, garantiu para si a confiança de Xi, por estar aplicando impiedosamente a estratégia de zero covid do presidente.

De resto, há sérias dúvidas quanto à capacidade de governar de Li. Apesar de líder partidário e governador de Xangai, Zhejiang e Jiangsu, no delta do rio Yangtse, as regiões chinesas economicamente mais poderosas, ele não tem qualquer experiência no governo central, ao contrário do atual primeiro-ministro. Aos olhos de Xi, entretanto, ao que tudo indica nada disso foi um argumento contra: ele se impôs e nomeou Li, apesar de toda resistência.

A veneração de um indivíduo no mais alto grêmio decisório do PCC vai se degenerar, por todo o país, em culto pessoal a Xi. A vida política da China não é mais pensável sem um juramento de lealdade a ele. A troca do Comitê Permanente não passa de uma formalidade, vinho velho em frascos novos. Entender a potência asiática significa entender Xi. E assim a China se transforma em "Xina".

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Dang Yuan é jornalista da DW. Ele escreve sob pseudônimo para proteger a si e a sua família na China. O texto reflete a opinião pessoal do autor, não necessariamente da DW.

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