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PolíticaBelarus

Oposição de Belarus faz novos protestos contra Lukashenko

23 de agosto de 2020

Duas semanas após as controversas eleições presidenciais, dezenas de milhares tomam novamente as ruas da capital, Minsk, apesar das ameaças do governo. Regime alerta para "manifestações ilegais" e mobiliza o Exército.

Multidão em protesto em Minsk
Apesar do bloqueio de ruas e estações de metrô pela polícia, milhares foram à Praça da IndependênciaFoto: picture-alliance/dpa/D. Lovetsky

Duas semanas depois das controversas eleições presidenciais, dezenas de milhares de pessoas protestaram novamente neste domingo (23/08) em Belarus contra os resultados da votação que deu a vitória ao presidente Alexander Lukashenko, apesar das ameaças do governo.

Lukashenko alertou contra a participação em "manifestações ilegais" e colocou o Exército em alerta. Enquanto isso, a Otan rejeitou veementemente alegações do governante bielorrusso sobre supostos movimentos de tropas na fronteira do país.

Na Praça da Independência, em Minsk, muitos dos manifestantes agitaram a bandeira vermelha e branca da oposição, pedindo em coro por "liberdade", a renúncia do chefe de Estado, que governa o país há 26 anos, além de novas eleições. De acordo com a mídia local, mais de 100 mil pessoas compareceram ao protesto. Outras cidades também tiveram manifestações.

Devido ao bloqueio das estações de metrô de Minsk e de ruas pela polícia, grandes grupos de pessoas tiveram que chegar a pé. A polícia alertava contra a participação na manifestação não autorizada por meio de anúncios em alto-falantes.

As autoridades já haviam alertado os cidadãos para não participarem de "manifestações ilegais". Vídeos de policiais com equipamento antimotim e canhões de água foram publicados nas mídias sociais, supostamente a caminho do lugar da manifestação.

"Se houver distúrbios da ordem ou distúrbios nesses locais, vocês não terão mais que lidar com a milícia, mas com o Exército", alertou o Ministério da Defesa em nota, acrescentando que o Exército "assumirá a proteção de monumentos e memoriais nacionais e agirá energicamente no caso de tumultos". 

Paralelamente aos protestos em Minsk, a formação de uma corrente humana como sinal de solidariedade foi agendada para ir da capital da Lituânia, Vilnius, até a fronteira com Belarus. Os organizadores afirmaram esperar até 50 mil participantes.

A candidata da oposição Svetlana Tikhanovskaya, que se encontra na Lituânia após ter deixado Belarus por questões de segurança, exortou seus compatriotas "a continuar unidos na luta pela justiça". Em uma entrevista à agência de notícias AFP, ela disse: "Nós somos o povo da Bielorrússia e somos a maioria e não vamos recuar."

Mais uma vez, ela se pronunciou a favor de um diálogo entre Lukashenko e a oposição, o qual deve, segundo ela, começar o mais rápido possível para não piorar a crise.

Os primeiros dias de protestos contra os resultados das eleições resultaram em cerca de 7 mil detenções e dezenas de pessoas desaparecidas. No fim de semana passado, cerca de 100 mil pessoas voltaram a protestar em Minsk.

Neste sábado, jornais locais noticiaram a morte de um dos manifestantes, cujo paradeiro estava desconhecido desde o dia 12. As autoridades confirmaram até agora a morte de três pessoas durante os protestos que eclodiram no país após o anúncio dos resultados eleitorais.

Neste sábado, Lukashenko visitou uma base militar em Grodno, no oeste do país, perto da fronteira com a Polônia, onde acusou novamente os protestos de serem controlados "de fora".

"Instruo o Ministério da Defesa a tomar as medidas mais rígidas para defender a integridade territorial de nosso país”, disse o chefe de Estado. Afirmando que tropas da Otan na Polônia e na Lituânia estão "em movimento sério" ao longo da fronteira com Belarus e que colocou todo o Exército de seu país em alerta.

A acusação foi rejeitada como "infundada" pela Otan. "Como já deixamos claro, a Otan não representa ameaça alguma para Belarus ou qualquer outro país", disse na noite de sábado a porta-voz da Otan em Bruxelas Oana Lungescu.

Polônia e Lituânia também refutaram as declarações de Lukashenko sobre alegados movimentos de tropas nos seus países. O governo de Varsóvia falou em "propaganda do regime" e o presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, de "declarações completamente infundadas sobre ameaças externas imaginárias".

O Departamento de Estado da Lituânia anunciou que o secretário de Estado dos EUA, Stephen Biegun, visitará a Lituânia e a Rússia na segunda-feira para discutir a situação em Belarus.

O país vive uma onda de protestos contra Lukashenko desde a eleição presidencial de 9 de agosto. De acordo com o resultado oficial da votação, o chefe de estado foi reeleito com cerca de 80% dos votos. Os críticos acusam Lukashenko de fraude eleitoral maciça. A UE também não reconheceu o resultado das eleições.

MD/afp/efe

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