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Eleições na Dinamarca

16 de setembro de 2011

A social-democrata Helle Thorning-Schmidt será a primeira mulher a liderar o governo dinamarquês e terá como desafio inicial os problemas econômicos. Rasmussen reconhece a derrota.

Helle Thorning-Schmidt comemora vitória da oposiçãoFoto: dapd

A Dinamarca elegeu pela primeira vez uma mulher para o cargo de primeiro-ministro, destituindo ao mesmo tempo o governo de direita do poder após dez anos de reformas pró-mercado e controles cada vez mais rigorosos sobre a imigração.

Na eleição desta quinta-feira (15/09), a social-democrata Helle Thorning-Schmidt, de 44 anos, liderou o chamado "bloco vermelho" de partidos de centro-esquerda, que conseguiram atrair os eleitores insatisfeitos com a situação econômica do país e a política do primeiro-ministro Lars Løkke Rasmussen.

"Conseguimos. Fizemos história", declarou Thorning-Schmidt em Copenhague. "Hoje há uma espécie de troca da guarda na Dinamarca." Rasmussen admitiu a derrota, acrescentando que apresentaria nesta sexta-feira sua demissão à rainha Margarethe.

"Nesta noite eu entrego as chaves do escritório do primeiro-ministro para Helle Thorning-Schmidt. E, querida Helle, cuide bem delas. Você está apenas tomando-as emprestadas", disse Rasmussen.

O resultado das eleições significa que o país de 5,5 milhões de habitantes ganhará um novo governo, que poderá reverter algumas das medidas de austeridade introduzidas por Rasmussen em meio à crise da dívida na Europa.

Desafio político

Rasmussen reconheceu a derrotaFoto: AP/dapd

A vitória do "bloco vermelho" é também uma derrota para as políticas antimigratórias do extremista Partido Popular Dinamarquês. Os extremistas não estavam no poder, mas sustentavam informalmente o governo de minoria de Rasmussen no Parlamento. Em troca, tiveram aprovadas algumas das mais rígidas leis anti-imigação da Europa.

Provavelmente Thorning-Schmidt não fará grandes alterações nessas leis, mas prometeu reformar o sistema de controle exagerado nas fronteiras com a Alemanha e a Suécia, que críticos dizem violar o espírito dos acordos de livre circulação de pessoas e mercadorias da União Europeia.

A oposição, liderada por Thorning-Schmidt, conquistou 89 das 179 cadeiras do Parlamento, contra 86 da coalizão do governo, de acordo com os resultados. Isoladamente, o partido liberal de Rasmussen foi o mais votado, com 47 assentos, mas seus aliados conservadores perderam 10 votos.

O próprio partido Social Democrata da nova premiê perdeu espaço e será o segundo maior partido depois do liberal de Ramussen, com 44 cadeiras. "Este é o desafio político", disse Jorgen Elkit, cientista político na Universidade de Aarhus. "Certamente levará dias, talvez semanas, para formar um governo."

A terceira maior força no Parlamento continua sendo o extremista Partido Popular Dinamarquês, com 22 assentos.

De olho na economia

Nova premiê propõe reformas nos sistemas previdenciário e tributárioFoto: picture alliance/dpa

A economia, que foi o principal tema da campanha eleitoral, será o primeiro foco de ação da nova premiê. Apesar de a Dinamarca não fazer parte da zona do euro, sua moeda está indexada ao euro, e a economia do país, voltada para a exportação, é afetada pelos choques externos.

As reformas propostas pelo novo governo incluem a elevação gradual da idade de aposentadoria em dois anos, para 67, até 2020, além de reduzir os períodos de benefícios para aposentadoria precoce e desemprego.

A plataforma de Thorning-Schmidt inclui também aumentar os investimentos do governo, elevar os impostos pagos para os ricos e um plano incomum de fazer todos os cidadãos trabalharem 12 minutos a mais por dia. Uma hora extra por semana, argumenta seu grupo, impulsionaria o crescimento econômico.

Com a eleição de Throning-Schmidt, a Dinamarca torna-se o último de uma série de países europeus a destituir do poder seus governantes em parte por causa das dificuldades econômicas. Irlanda, Grã-Bretanha, Portugal, Finlândia e Holanda passaram por mudanças.

O governo socialista da Espanha está diante de uma possível derrota nas eleições de novembro e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, perdeu uma série de eleições estaduais em 2010.

LPF/ap/rtr
Revisão: Alexandre Schossler

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