Oposição espanhola pede renúncia de Rajoy, acusado de corrupção
3 de fevereiro de 2013O apoio da população ao chefe de governo espanhol, Mariano Rajoy, voltou a cair e atingiu um novo patamar mínimo, de acordo com pesquisa de opinião, publicada neste domingo (3/02) pelo jornal espanhol El País. De acordo com o levantamento, 77% dos entrevistados afirmaram desaprovar Rajoy como primeiro-ministro, enquanto 85% têm pouca ou nenhuma confiança nele.
A pesquisa foi realizada logo após o estouro de um escândalo de corrupção envolvendo o nome de Rajoy. Ele é citado pela imprensa espanhola como um dos vários líderes do Partido Popular (PP) que teriam recebido pagamentos irregulares em contabilidade paralela operada por um ex-tesoureiro, investigado por corrupção. Rajoy nega todas as acusações.
Também neste domingo, o líder da oposição, o socialista Alfredo Pérez Rubalcaba, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), exigiu a demissão de chefe de governo espanhol, alegando que ele perdeu a credibilidade e que por isso não tem condições de governar a Espanha diante dos sérios problemas econômicos que o país enfrenta atualmente. O escândalo aumentou o descontentamento da população com o governo e motivou protestos em Madri neste sábado.
Rajoy nega
Após dias em silêncio, Rajoy afirmou no sábado que não deixará o cargo e classificou as informações veiculadas pela imprensa espanhola como "perseguição". "Não preciso mais do que duas palavras: é falsa (a acusação). Nunca, repito, nunca recebi e nunca dividi dinheiro irregular nem neste partido, nem em qualquer outro lugar", afirmou Rajoy.. "Não estou na política por dinheiro", garantiu.
O primeiro-ministro disse ainda que não se pode "permitir que os espanhois, a quem estamos demandando sacrifícios, pensem que não estamos respeitando o mais severo rigor ético". Rajoy prometeu publicar detalhes de sua conta pessoal no site do Palácio la Moncloa. "Na próxima semana, minhas declarações de renda e de bens estarão acessíveis a todos os cidadãos", prometeu o chefe de governo.
Desilusão
O conservador Partido Popular chegou ao poder no final de 2011 com uma ampla maioria, após derrota histórica do PSOE, que estava no governo. No entanto, de acordo com a pesquisa de opinião publicada neste domingo, se houvesse hoje novas eleições, as duas legendas seguiriam praticamente empatadas: apenas 23,9% da população votaria novamente no PP, enquanto o PSOE obteria 23,5% dos votos.
A pesquisa revelou ainda que para 96% da população espanhola a corrupção no país é generalizada e não está sendo punida adequadamente. Em apenas dois dias, uma petição online, que pede a saída do primeiro-ministro, conseguiu reunir mais de 650 mil assinaturas.
Propinas por 11 anos
Segundo documentos manuscritos publicados na última quinta-feira (31/01) pelo El País e atribuídos ao ex-tesoureiro do PP, Luis Bárcenas, o partido teria mantido uma contabilidade paralela entre 1990 e 2009, tendo repassado recursos, sem prestar contas, a ocupantes do alto escalão – entre eles, ao próprio Rajoy.
De acordo com as acusações, o primeiro-ministro recebeu, durante 11 anos, cerca de 25,2 mil euros anuais, que não foram declarados. Os supostos cadernos de Bárcenas registram doações de empresas, sobretudo do setor da construção civil.
A divulgação do escândalo de corrupção envolvendo o primeiro-ministro abalou o governo espanhol no momento em que a gestão Rajoy já se encontrava fragilizada, em função da política de cortes milionários e medidas de austeridade, adotadas para tentar superar a grave crise que afeta a economia espanhola.
MSB/rtr/ap/afp/dpa
Revisão: Soraia Vilela