Oposição liberal vence eleição na Coreia do Sul
3 de junho de 2025
O oposicionista Lee Jae-myung, do Partido Democrático, é o novo presidente eleito da Coreia do Sul, anunciou a imprensa do país nesta terça-feira (03/06). Ele deve ser empossado para um mandato de cinco anos já no dia seguinte, assim que o resultado for ratificado pela comissão eleitoral.
Lee, que tem uma agenda liberal, desbancou o principal candidato conservador, o ex-ministro do Trabalho Kim Moon Soo. O adversário, que serviu no governo do presidente deposto Yoon Suk Yeol, reconheceu a derrota.
Com 99,2% dos votos contados na madrugada de quarta-feira (horário local), Lee liderava a apuração com 49,3% dos votos. Pesquisas de boca de urna das principais emissoras de TV sul-coreanas também indicavam vitória do candidato. Quase 80% dos eleitores foram às urnas – a maior taxa de comparecimento desde 1997.
Mais cedo, Lee fez um discurso a apoiadores nas ruas de Seul em que reiterou suas principais metas para o governo, como a revitalização da economia, a promoção da paz com a vizinha Coreia do Norte e a reconciliação de um país politicamente polarizado.
Lee – que sobreviveu a uma tentativa de assassinato no ano passado – fez campanha usando colete à prova de bala e discursando por trás de uma barreira protetora de vidro.
Espera-se que a eleição ponha fim a uma crise política deflagrada no final do ano passado, após o conservador e à época presidente Yoon Suk Yeol ter tentado impor a lei marcial no país e enviado militares ao parlamento. Por causa disso, Yoon acabou sendo destituído do cargo – mas não sem antes atrair uma multidão de críticos e defensores às ruas. Como consequência, a eleição presidencial foi antecipada.
Ao longo da campanha, Lee prometeu responsabilizar os envolvidos na declaração de lei marcial, suscitando temores de que ele possa instrumentalizar investigações para perseguir adversários.
Quem é Lee Jae-myung
Personagem polêmico da cena política sul-coreana, Lee tem 61 anos e é ex-governador da província de Gyeonggi e ex-prefeito de Seongnam.
De origem simples, foi trabalhador infantil e ganhou fama por suas críticas contundentes ao establishment conservador do país e por seus apelos por uma Coreia do Sul mais assertiva na política externa. Essa retórica lhe conferiu a imagem de alguém capaz de implementar reformas abrangentes e corrigir a profunda desigualdade econômica e a corrupção do país.
Críticos veem em Lee um populista perigoso e alguém que volta atrás em promessas com facilidade.
O novo presidente eleito enfrenta uma série de processos na Justiça sob acusação de mentir na campanha eleitoral de 2022, corrupção, mau uso de verba pública, envio de dinheiro à Coreia do Norte e coação de testemunha. Lee nega ter feito qualquer coisa errada.
Na política externa, Lee prometeu ser pragmático e fortalecer a parceria entre Seul, Washington e Tóquio – posição que não difere muito da encampada pelos conservadores. Ele também se comprometeu a melhorar as relações com a Coreia do Norte, mas admitiu que seria "muito difícil" realizar uma cúpula com o líder norte-coreano Kim Jong-un em um futuro próximo.
Os principais desafios de sua gestão devem ser a política de tarifas do presidente americano Donald Trump e o programa nuclear da vizinha Coreia do Norte.
ra (AP, AFP, Reuters)