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Oposição síria ameaça não ir a conferência de paz após convite ao Irã

20 de janeiro de 2014

ONU convida o Irã, um dos principais aliados do presidente Assad, para a conferência Genebra 2, gerando críticas da oposição síria e dos EUA e elogios da Rússia.

Convite ao Irã foi feito pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moonFoto: Reuters

Nas vésperas da planejada abertura da conferência para a paz na Síria, o principal grupo de oposição do país ameaçou nesta segunda-feira (20/01) não comparecer à reunião depois que a ONU convidou o Irã para participar das conversações.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que fez o convite para a conferência − a ser realizada a partir desta quarta-feira em Genebra, na Suíça − depois que Teerã se comprometeu a desempenhar um papel positivo e construtivo nos esforços para acabar com a guerra civil de três anos da Síria.

Ban disse que estendeu o convite a Teerã após intensas negociações ao longo de dois dias com o ministro do Exterior, Mohammad Javad Zarif. "O chanceler Zarif e eu concordamos que o objetivo das negociações é o de estabelecer, de comum acordo, um corpo de governo de transição com plenos poderes executivos", disse Ban. "Ele me assegurou mais uma vez que o Irã, se for convidado, vai desempenhar um papel muito positivo e construtivo", acrescentou o secretário-geral das Nações Unidas.

Em seguida ao anúncio, a Coalizão Nacional Síria prontamente disse que não irá às negociações, a menos que seja retirado o convite ao Irã − um importante aliado do presidente sírio, Bashar al-Assad.

Segundo analistas, o problema pode ser contornado caso o Irã concorde com as condições das negociações. Isso inclui, entre outras coisas, a formação de um governo de transição com a participação da oposição.

Louay Safi, porta-voz da Coalizão Nacional Síria − que só no sábado havia decidido participar da conferência −, anunciou na conta do grupo no Twitter que a oposição se retiraria "a menos que Ban Ki-moon retire o convite ao Irã". A ameaça veio apenas horas depois de líderes internacionais saudarem a decisão da Coalizão de participar das negociações.

Preocupação em Washington

Os EUA e outras potências ocidentais se opõem à presença do Irã na reunião enquanto Teerã se recusar a aceitar um comunicado adotado pelas grandes potências em Genebra em 30 de junho de 2012, pedindo um governo de transição na Síria.

Foto: AFP/Getty Images

Washington fez um novo apelo para um sinal claro de Teerã − parceiro financeiro e militar de Assad − para apoiar os esforços de criação de um governo de transição. "Os Estados Unidos consideram o convite do secretário-geral da ONU para que o Irã participe da próxima conferência de Genebra como condicionado ao apoio explícito e público dos iranianos à plena implementação do comunicado de Genebra", disse a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Jen Psaki, através de comunicado. "Isso é algo que o Irã nunca fez publicamente e algo que há muito tempo deixamos claro ser necessário."

Até o anúncio de Ban, no domingo, o Irã só havia dito que iria para as negociações de paz caso houvesse um convite sem condições. Nesta segunda-feira, o governo iraniano foi citado pela agência de notícias local Isna como tendo aceitado o convite sem qualquer tipo de pré-condição. "Sempre rejeitamos qualquer pré-condição para participar do encontro Genebra 2 sobre a Síria. Com base no convite oficial que recebemos, o Irã vai participar sem qualquer pré-condição", afirmou a porta-voz do Ministério do Exterior, citada pela agência.

O ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, elogiou o convite da ONU ao Irã, afirmando que seria um "erro imperdoável" não assegurar a participação de representantes iranianos na conferência.

Assad quer terceiro mandato

Em entrevista exclusiva à agência de notícias AFP, Assad afirmou que almeja um terceiro mandato na próxima eleição e classificou como uma opção "irrealista" a participação de membros da oposição no governo sírio.

"Não acredito que haja algo que impeça uma candidatura", disse. "Caso seja desejada, não hesitarei um segundo sequer", acrescentou, se referindo a suas ambições para as eleições presidenciais, agendadas para junho. "As chances são grandes de que eu me candidate", reconheceu.

Bashar também negou que suas tropas realizem massacres contra civis, afirmando que tais atos são executados pelas forças da oposição. "O Estado sírio sempre defendeu seus cidadãos", assegurou.

MD/afp/dpa/rtr

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