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Oposição síria quer testar seriedade internacional na Suíça

30 de janeiro de 2016

Comitê de Altas Negociações, coalizão que reúne grupos contrários ao regime de Assad, participa de negociações de paz em Genebra. Representantes exigem fim de bombardeios contra civis.

Foto: Getty Images/AFP/F. Coffrini

Representantes do principal grupo da oposição na Síria chegam neste sábado (30/01) a Genebra para participar das negociações de paz com o objetivo pôr fim à guerra civil no país.

O grupo de 17 negociadores é liderado pelo general desertor Asaad al-Zoub, uma autoridade da oposição, e pelo coordenador do Comitê de Altas Negociações (HNC), Riad Hijab. A coalizão reúne políticos e grupos armados de oposição sírios.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, se mostrou aliviado com o início das conversas mediadas pela ONU nesta sexta-feira. "O fato de as negociações de paz em Genebra começarem em janeiro é um sinal encorajador", afirmou ao jornal alemãoWelt am Sonntag.

Apenas discussão de pré-condições

O grupo HNC, formado em dezembro na Arábia Saudita, ressalvou, no entanto, que vai apenas discutir suas pré-condições para dar início às conversas de transição política na Síria. Seus integrantes exigem o fim dos bombardeios contra civis e um acordo de ajuda humanitária para reduzir o sofrimento da população nas cidades sitiadas.

"Vamos a Genebra para testar a seriedade tanto da comunidade internacional e suas promessas ao povo sírio, quanto do regime sírio em implementar suas obrigações humanitárias", declarou o porta-voz do HNC, Riyad Naasan Agha. "Queremos mostrar ao mundo nossa seriedade em seguir com as negociações para achar uma solução política."

A delegação do governo do presidente Bashar al-Assad chegou em Genebra na sexta-feira à tarde. O grupo é chefiado pelo embaixador sírio na ONU, Bashar al-Jaafari. Opositores do governo que não fazem parte do HNC também estão na cidade suíça.

Já os curdos, que controlam parte do nordeste da Síria, foram excluídos das negociações por exigência da Turquia, que os considera um grupo terrorista. Segundo os curdos, sua própria ausência significa o fracasso das conversas.

Fome como arma de guerra

A guerra civil na Síria, que começou em março de 2011, já deixou mais de 260 mil mortos e milhões de deslocados. O conflito originou duas séries de negociações em Genebra, denominadas Genebra 1 e Genebra 2, que não obtiveram resultados.

Segundo um relatório divulgado pela organização Médicos sem Fronteiras (MSF), 46 pessoas morreram de fome nos últimos dois meses e centenas sofrem de desnutrição severa em Madaya. A cidade de cerca de 40 mil habitantes não é cercada apenas por tropas do governo, mas também por minas terrestres, que impedem os moradores de deixarem o local.

O diretor de operações da MSF, Brice de le Vingne, apontou a necessidade urgente de chegada de medicamentos e alimentos à cidade. "É totalmente inaceitável as pessoas continuarem a morrer de fome e pacientes críticos serem mantidos no local, quando já deveriam ter sido evacuados semanas atrás."

A ONU estima que cerca de 500 mil sírios estejam sob cerco das forças do regime de Bashar al-Assad, dos rebeldes ou de outros grupos. Segundo as Nações Unidas, 75% das entregas de ajuda humanitária foram bloqueadas pelo governo.

KG/rtr/afp

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