Prêmio de direitos humanos da UE para oposição venezuelana
24 de outubro de 2024
Entregue pelo Parlamento Europeu, Prêmio Sakharov vai para Edmundo González Urrutia, que reivindica vitória nas últimas eleições da Venezuela, e Maria Corina Machado, que teve a candidatura barrada pelo regime de Maduro.
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Os líderes oposicionistas venezuelanos Maria Corina Machado e Edmundo González Urrutia venceram a edição deste ano do Prêmio Sakharov, a maior distinção em direitos humanos da União Europeia.
O anúncio foi feito nesta quinta-feira (24/10) pela presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, para quem a dupla "representa todos os venezuelanos lutando dentro e fora do país para restaurar a liberdade e a democracia".
Machado, que originalmente deveria ter disputado a Presidência venezuelana contra Nicolás Maduro nas eleições de 2024, acabou tendo a candidatura barrada pelo regime. No lugar dela, entrou González Urrutia.
A oposição alega vitória por ampla margem de votos contra Maduro, com base numa contagem independente, baseada na coleta de boletins de urna.
Os questionamentos da oposição renderam a González Urrutia a acusação por parte do regime chavista de "usurpação de funções" e "falsificação de documentos públicos", entre outros crimes, seguida de um mandado de prisão. González Urrutia se refugiou na Espanha, onde vive exilado. Machado, que chegou a organizar alguns protestos na Venezuela, também foi obrigada a se esconder. Em setembro, o Parlamento Europeu reconheceu Urrutia como vencedor legítimo da eleição.
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UE reconhece "peleja" contra Maduro
"Edmundo e Maria continuaram a lutar pela transição de poder livre, justa e pacífica, e mantiveram destemidamente os valores tão caros a milhões de venezuelanos e a este Parlamento: justiça, democracia e o Estado de Direito", discursou Metsola.
"Este Parlamento está ao lado do povo da Venezuela e com Maria e Edmundo em sua luta pelo futuro democrático de seu país. Este prêmio é para eles, e nós estamos confiantes de que a Venezuela e a democracia vão prevalecer no fim."
Na lista de finalistas do Prêmio Sakharov estavam nomes como o do ativista anticorrupção Gubad Ibadoghlu, do Azerbaijão, e os coletivos feministas Women Wage Peace, de Israel, e o palestino Women of the Sun.
A distinção concedida pelo Parlamento Europeu é uma homenagem a quem tenha feito contribuições excepcionais à defesa dos direitos humanos ou ao livre-pensamento.
Entre os agraciados no passado estão o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela e o líder oposicionista Alexei Navalny, morto no início de 2024. Em 2023, o prêmio foi entregue postumamente à iraniana Jina Mahsa Amini, cuja morte nas mãos da "polícia da moralidade" de Teerã, aos 22 anos, motivou protestos em todo o mundo sob, o lema "Mulher, vida, liberdade".
A entrega do Prêmio Sakharov está marcada para 18 de dezembro, em Estrasburgo, França, durante sessão plenária do Parlamento Europeu.
ra/av (AP, AFP, DPA, Reuters, ots)
Opositores neutralizados pelo governo venezuelano
Temendo derrotas em eleições legislativas, o governo do Partido Socialista Unido da Venezuela usa poder para afastar candidatos da oposição com boas chances de vitória. A DW listou alguns exemplos.
Foto: picture-alliance/dpa/Sanchez
Controle sobre adversários
Pesquisas sugerem que apenas 25% da população da Venezuela aprova o desempenho do presidente, Nicolás Maduro. Temendo derrotas em eleições legislativas, o governo do Partido Socialista Unido da Venezuela usa o poder para afastar candidatos da oposição com boas chances de vitória. Opositores têm candidatura vetada ou são proibidos de ocupar cargos públicos.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gutierrez
Candidatura anulada
Em 21 de setembro, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anulou a candidatura parlamentar de Carlos Vecchio, líder do partido Vontade Popular. Apesar de estar exilado, Vecchio liderava a lista dos candidatos da oposição no estado de Monagas, onde competia diretamente com Diosdado Cabello, segundo na hierarquia do PSUV e atual presidente da Assembleia Nacional.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gutierrez
Afastamento público
A Mesa da Unidade Democrática (MUD), a aliança de partidos de oposição venezuelanos, comunicou em 18 de julho que Pablo Pérez foi proibido de ocupar cargos públicos por dez anos. Sua participação nas eleições legislativas em nome da MUD estava assim sendo revogada. Perez foi governador do estado de Zulia, de 2008 a 2012, e líder do partido oposicionista Um Novo Tempo.
Em 15 de junho, Enzo Scarano, ex-prefeito do município de San Diego, no estado de Carabobo, recebeu a notificação da Controladoria-Geral informando-o que ele foi proibido de ocupar cargos públicos nos próximos 12 meses. Scarano havia sido eleito em maio, nas primárias da oposição, como candidato à Assembleia Nacional no colégio eleitoral 3 de Carabobo.
Foto: Getty Images/AFP/F. Parra
Proibida de concorrer
María Corina Machado foi incluída em maio na lista de candidatos da MUD para as eleições parlamentares de dezembro. Poucos dias antes de neutralizar Enzo Scarano, o controlador-geral, Manuel Galindo, desabilitou Machado politicamente por um ano. Machado foi a deputada que obteve mais votos na Venezuela nas eleições legislativas de 2010.
Foto: Getty Images/AFP/F. Parra
Mais um afastamento
A MUD lançou Daniel Ceballos como candidato para as eleições parlamentares pelo colégio eleitoral 5 do estado de Táchira. Mas, no início de julho, o político foi proibido de ocupar cargos públicos por um ano. Ceballos foi prefeito do município de San Cristóbal, até que o Supremo Tribunal destituiu-o em 2014, em meio aos protestos antigovernamentais daquele ano.
Foto: picture alliance/Demotix
Sete anos de proibição
No início de maio, apenas alguns dias antes de a MUD celebrar as primárias, o ex-governador de Táchira César Pérez Vivas foi proibido de ocupar cargos públicos por um período de sete anos. "Eu não sou o primeiro nem serei o último a sofrer este tipo de arbitrariedade e injustiça", disse Perez Vivas, na época.
Foto: Getty Images/AFP/J. Watson
Politicamente desqualificado
O fundador do partido Um Novo Tempo, Manuel Rosales, foi prefeito de Maracaibo, governador do estado de Zulia e candidato presidencial – o principal opositor de Hugo Chávez em 2006 – antes de procurar asilo político no Peru. Em maio de 2015, ele foi nomeado pela MUD para as eleições legislativas. Um mês depois, Rosales foi politicamente desqualificado por sete anos e meio.