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Opositor tem que vencer regime e escândalos nas eleições do Zimbábue

Daniel Pelz (md)31 de julho de 2013

Após cinco anos no governo, Tsvangirai colhe elogios no exterior devido aos progressos econômicos, mas, em meio a escândalos pessoais, últimas pesquisas preveem a reeleição do presidente Robert Mugabe.

Foto: Reuters

Crescimento econômico de 5%; queda da inflação, antes em 500.000.000.000%, para menos de 5%; e introdução de uma nova Constituição. Num país com tal retrospecto, não seria um grande desafio para o primeiro-ministro tentar ascender ao posto de presidente. No entanto, Morgan Tsvangirai tem pela frente o presidente Robert Mugabe – e um regime no poder desde a independência, há mais de três décadas.

Nesta quarta-feira (31/07), os zimbabuanos vão às ruas em eleições aparentemente de cartas marcadas, mas que, espera-se, não devem abrir uma crise como a de 2008. Naquele ano, Tsvangirai venceu o primeiro turno, porém sem os votos suficientes para evitar um segundo. Denunciando o assassinato de mais de 200 de seus partidários, ele decidiu boicotar a nova votação, e Mugabe acabou eleito.

A crise só acabou em 2009. Sem a legitimidade internacional e pressionado pelo Ocidente, Mugabe aceitou formar um governo de unidade: continuou como presidente e nomeou Tsvangirai como primeiro-ministro. O opositor quer, agora, conquistar o que não conseguiu cinco anos atrás, mas uma vitória se anuncia improvável.

"Pesquisas recentes sugerem que a Zanu-PF, de Mugabe, tem mais votos que o Movimento para a Mudança Democrática (MDC), de Tsvangirai, o que é uma reviravolta completa em relação a 2008/2009", segundo um relatório interno do Parlamento Europeu.

O documento se refere a uma pesquisa recentemente realizada pela ONG americana Freedom House entre eleitores do Zimbábue. Mais da metade dos entrevistados concordou em dizer em qual partido vai votar nas próximas eleições.

Apenas 20% dos eleitores disseram que darão seu voto para o MDC. Três anos atrás, essa cota era 18 pontos percentuais maior. Enquanto 31% dos entrevistados disseram que votarão no partido de Mugabe, a União Nacional Africana do Zimbábue - Frente Patriótica (Zanu-PF), 14 pontos percentuais a mais que há três anos.

Insatisfação popular

Em público, a ala do partido que ainda apoia Tsvangirai (MDC-T) afirma que não se deixa perturbar pelos resultados ruins das últimas sondagens. "A pesquisa é o que é: o registro de um momento. E não o resultado da eleição. O MDC-T vai ganhar esta eleição", disse recentemente à DW o secretário-geral do MDC-T e ministro das Finanças, Tendai Biti. Ele avalia que a aliança entre as diferentes alas do MDC conseguirá 78% dos votos, o que é uma meta ambiciosa.

Muitos no Zimbábue estão insatisfeitos com o trabalho de alguns deputados do MDC – nas eleições parlamentares, o movimento de oposição obteve a maioria (109) dos 207 assentos do Parlamento.

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, e o primeiro-ministro TsvangiraiFoto: imago stock&people

"Alguns são tidos como incompetentes, outros têm desviado dinheiro público", diz Jürgen Lange, diretor do escritório da Fundação Konrad Adenauer em Harare. "Por outro lado, os eleitores sabem que também existem outros deputados que fazem um trabalho muito bom."

Em 2012, o MDC cedeu finalmente à pressão da opinião pública e expulsou 12 deputados do partido, devido a denúncias de corrupção.

O desempenho dos ministros do MDC no governo é criticado por muitos eleitores. O ministro das Finanças, Tendai Biti, adquiriu uma boa reputação no exterior por ter conseguido controlar a inflação e consolidado a economia. No Zimbábue, entretanto, muitos o acusam de ter fracassado, já que 72% da população ainda vivem abaixo da linha de pobreza.

Mugabe, de 89 anos, conseguiu a tempo que a insatisfação de seus compatriotas com a situação social da população se vire contra seu adversário.

"A riqueza de recursos do nosso país pertence à população negra. E os negros também devem governar nosso país", disse ele recentemente durante um comício perto da capital.

Escândalos

Seu partido, Zanu-PF, luta por uma reforma econômica em grande escala, que prevê, entre outras coisas, a expropriação de empresas estrangeiras, que seriam entregues a empresários do Zimbábue. De acordo com Jürgen Lange, uma ideia de pouca repercussão entre a população urbana. "Tais promessas são populares entre a população rural. Já os moradores das cidades as consideram táticas eleitorais."

A vida amorosa turbulenta de Tsvangirai também não foi muito útil para atrair novos eleitores ao MDC. Depois que sua esposa, Susan, morreu em um acidente de carro há três anos, Tsvangirai teria tido um filho com uma mulher de 22 anos. Ele também tem uma briga judicial contra outra mulher, que alega ter tido um caso com o político, de 61 anos. Tais revelações contribuem para que Tsvangirai perca muitos votos entre antigos adeptos de seu partido, que tem boa parte da base formada por cristãos conservadores.

Embora cada vez mais representantes da mídia nacional e internacional prevejam uma derrota eleitoral para o MDC-T, não se pode dizer que tais prognósticos são confiáveis. Também nas eleições de 2008, muitos afirmaram que Tsvangirai perderia votos para o ex-ministro das Finanças Simba Makoni. Em vez disso, foi Tsvangirai que conseguiu a maioria no primeiro turno.