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Orbán a Putin: nenhum dirigente europeu quer guerra

1 de fevereiro de 2022

Visita do primeiro-ministro da Hungria à Rússia causou desconforto à UE e à oposição húngara, por temores de que possa ser considerada como apoio a Moscou na escalada de tensões com a Ucrânia.

Putin e Orbán dão um aperto de mão em frente a porta de um carro.
Putin e Orbán se reuniram pela 13ª vez (na foto, encontro em 2019)Foto: Kremlin Press Office/Anadolu Agency/picture alliance

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, disse nesta terça-feira (01/02), durante visita ao presidente russo, Vladimir Putin, que "nenhum dirigente europeu quer a guerra", "Somos a favor de acordos pacíficos", afirmou no início do encontro, numa alusão às tensões em torno da Ucrânia.

A viagem foi criticada por países da União Europeia (UE) e pela oposição húngara, que chegou a pedir seu cancelamento, por temores de que o encontro pudesse ser visto como uma forma de apoio à Rússia, em meio às tensões com a Ucrânia.

"Esta é nossa 13ª reunião. Isso é uma raridade. Praticamente todos que eram meus colegas na UE não são mais", disse Orbán, que está desde 2010 no poder.

Ao contrário de outros países da região, como Polônia, os Estados do Báltico, Romênia e Bulgária, nas últimas semanas a Hungria não manifestou apoio decidido à Ucrânia no seu conflito fronteiriço com Moscou.

Recentemente, o chefe da diplomacia húngara, Péter Szijjártó, assegurou que o país não apoiará Kiev enquanto prosseguir a discriminação da minoria magiar na Ucrânia, calculada em cerca de 150 mil integrantes.

O Ocidente teme uma guerra entre Rússia e Ucrânia desde que Moscou estacionou cerca de 100 mil soldados próximo à fronteira ucraniana. Os EUA prometeram fortes sanções à Russia, convocaram uma  reunião do Conselho de Segurança da ONU e se comprometeram enviar tropas a aliados da Otan no Leste Europeu. 

A Rússia nega qualquer plano de invasão, mas exige que a Ucrânia não seja autorizada a ingressar na Otan, além de uma série de outras garantias de segurança.

Eleições em abril

O encontro com Putin ocorre a três meses da realização de eleições legislativas na Hungria, nas quais Orbán enfrentará um candidato único da oposição. De acordo com a imprensa, o objetivo do premiê é reforçar a cooperação econômica com a Rússia antes do pleito.

Ele disse que não tem planos de deixar o poder e que espera vencer a eleição, a qual deverá ser sua disputa mais difícil, desde que assumiu o cargo.

Na segunda-feira, o Kremlin elogiou a independência do dirigente húngaro em termos de opções diplomáticas. "Devemos sublinhar a posição independente da Hungria na hora de satisfazer os seus próprios interesses e eleger os seus parceiros", indicou o porta-voz presidencial, Dmitri Peskov. 

Nesta terça-feira, Putin elogiou Orbán pelo seu empenho "em favor dos interesses da Hungria e da Federação Russa", mas assegurou que Moscou vai manter contatos estreitos "com quem for eleito primeiro-ministro" da Hungria. Orbán respondeu garantindo que pretende vencer as eleições e "cooperar com a Rússia durante muitos anos". 

Antes, Orbán declarara que pretendia aumentar as importações de gás da Rússia, durante a viagem, num momento em que alguns países da Europa acusam Moscou de orquestrar uma crise de energia para pressionar em favor de seus interesses. Grande parte da Europa é dependente do gás russo.

"Gostaria de atingir a meta de aumentar o volume de fornecedores durante nossa reunião de hoje", disse Orbán a Putin no início das negociações.

Desconforto com a Polônia

Especula-se também que a visita de Orbán à Rússia seja desconfortável para aliados da Hungria na União Europeia, principalmente para a Polônia. Varsóvia e Budapeste se uniram para enfrentar Bruxelas em questões como o Estado de Direito, mas os dois não compartilham o mesmo posicionamento sobre a Ucrânia.

Nesta terça-feira, o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, visitou Kiev para conversar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que nos últimos dias tenta acalmar a nação diante de temores de uma invasão iminente.

Zelensky assinou um decreto expandindo o exército do país em 100 mil soldados, elevando o contingente total para 350 mil, nos próximos três anos, além de aumentar os salários militares.

Segundo o chefe de Estado ucraniano, no entanto, a decisão não foi tomada "por causa de uma guerra": "Este decreto é para que haja paz em breve e mais adiante." Zelensky também celebrou uma nova aliança política com a Polônia e o Reino Unido. 

le/av (Lusa, AFP, AP)

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