1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Orbán pede "menos drag queens e mais Chuck Norris"

5 de agosto de 2022

Isolado na Europa, premiê ultranacionalista falou em conferência conservadora nos EUA e pediu união da direita mundial contra direitos LGBT. Participação ocorre após Orbán provocar repúdio ao criticar "mistura de raças"

 Viktor Orbán discursa na Conferênciua de Ação Política Conservadora (CPAC), em Dallas, Texas
Em Dallas, Orbán pediu a união dos conservadores contra os progressistasFoto: Go Nakamura/REUTERS

Cada vez mais isolado na Europa, o primeiro-ministro húngaro de ultradireita Viktor Orbán teve uma recepção calorosa como convidado de honra da Conferência de Ação Política Conservadora (CAPC), no estado americano do Texas.

Conhecido por suas posições ultranacionalistas, falas racistas e por minar a democracia em seu país, Orbán aproveitou a ocasião para mais uma vez discursar contra grupos que considera inimigos do seu governo: “globalistas”, a União Europeoa, imigrantes, e membros de minorias LGBT.

Nesta quinta-feira (04/08), ele disse que "os globalistas podem ir todos para o inferno" ao convidar conservadores dos EUA e da Europa a se unirem numa luta mundial contra os progressistas.

Ele pediu que conservadores americanos "retomem as instituições" e mantenham posições duras sobre os direitos dos gays e imigração. Orbán classificou as próximas eleições presidenciais dos EUA como um momento crucial para suas crenças.

"Temos visto que tipo de futuro a classe dominante globalista tem a oferecer, mas temos um futuro diferente em mente. Os globalistas podem ir todos para o inferno", afirmou Orbán. "Devemos retomar as instituições em Washington e Bruxelas. Temos que encontrar amigos e aliados uns nos outros. Devemos coordenar o movimento de nossas 'tropas' porque enfrentamos o mesmo desafio."

Nos últimos anos, Orbán entrou diversas vezes em choque com a liderança da Uniao Europeia por causa de ações do seu governo contra a liberdade de imprensa e pela aprovação de leis que miram direitos LGBT. Bruxelas chegou inclusive a cortar fundos destinados à Hungria como reação.

A Hungria aderiu às sanções da UE impostas a Moscou em resposta à invasão russa da Ucrânia. Mas Orbán tem evitado criticar Putin diretamente, proibiu o envio de armas através da Hungria para a vizinha Ucrânia e se opôs a propostas de sanções do bloco europeu ao gás russo.  O posicionamento em relação à Ucrânia acabou provocou um distanciamento entre Orbán e o governo polonês, aliado próximo da Ucrânia, mas que costumava apoiar Orbán em suas ofensivas contra Bruxelas.  

Orbán: "menos drag queens e mais Chuck Norris"

A CPAC, um encontro anual de ativistas conservadores de todo os EUA, também deverá receber o ex-presidente Donald Trump, que demonstra admiração por Orbán. O populismo autoritário de Orbán encontra voz junto à multidão, mas não na Otan e na Europa, onde seu apoio ao presidente russo, Vladimir Putin, coloca-o em desacordo com outros líderes.

Ele recebeu aplausos ao citar a estrutura familiar da Hungria. "A Hungria deve proteger a instituição do casamento e a união de um homem e uma mulher", frisou. "Os laços familiares devem ser baseado no casamento ou no relacionamento entre pais e filhos. A mãe é uma mulher, o pai é um homem. Deixem nossos filhos em paz, fim da discussão."

Orbán afirmou ainda que a Hungria está sitiada por "liberais progressistas" e que "precisamos de mais guardiões, menos drag queens e mais Chuck Norris", disse, mencionando o antigo astro de filmes de ação dos anos 1980. "Você tem que ser corajoso. Se você está com medo, você tem um trabalho a fazer. A única coisa que nós, húngaros, podemos mostrar, é como nos defender de acordo com nossas próprias regras."

Fala recente sobre miscigenação causou repúdio

O evento reflete um esforço de anos dos organizadores da CPAC, a União Conservadora Americana (UCA), para promover o populismo nacionalista de Trump para o público estrangeiro. Em junho, um encontro foi realizado em São Paulo e contou com os deputados federais Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli, além do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, como palestrantes.

A aparição de Orbán nesta quinta-feira nos EUA ocorre depois de ele provocar uma tempestade com um discurso que políticos europeus classificaram como abertamente racista. Orbán provocou repúdio após falar contra a mistura de "europeus" com "não europeus".

"Não queremos nos tornar povos mestiços", afirmou Orbán, acrescentando que países em que europeus e não europeus se misturam "não são mais nações" ou parte do Ocidente, "mas sim do pós-Ocidente". O primeiro-ministro húngaro, que é conhecido por sua política anti-imigração, fez observações semelhantes no passado, mas sem usar o termo húngaro para "raça", de acordo com especialistas.

Falando em inglês em Dallas, ele evitou a palavra, mas voltou a um tema familiar invocando a herança religiosa da Europa. Uma das principais conselheiras do primeiro-ministro comparou os comentários de Orbán à retórica nazista e se demitiu em protesto.

"Se você separar a civilização ocidental de sua herança judaico-cristã, as piores coisas da história acontecem", afirmou à plateia. "Os horrores do nazismo e do comunismo aconteceram porque alguns Estados ocidentais da Europa continental abandonaram seus valores cristãos."

O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca, John Kirby, afirmou nesta quinta-feira que o presidente dos EUA, Joe Biden, não tinha planos de conversar com Orbán enquanto ele estiver em agenda particular no país. 

fc (AFP, AP, Reuters, outras)

Pular a seção Mais sobre este assunto
Pular a seção Manchete

Manchete

Pular a seção Outros temas em destaque