Fenômeno incomum já havia sido observado na mesma espécie há mais de cem anos, mas esta é a primeira vez em habitat natural. Outras espécies animais, principalmente insetos, também podem apresentar essa característica.
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Uma descoberta incomum: um pássaro Chlorophanes spiza, popularmente conhecido como saí-verde ou saí-tucano, com características tanto de macho quanto de fêmea no mesmo corpo, com a parte masculina à direita, e a feminina, à esquerda.
O saí-tucano habita boa parte da América Latina, do sul do México até o sudeste do Brasil, e mede cerca de 13 a 14 centímetros. Machos têm coloração azul-esverdeada, e as fêmeas, verde-grama.
Esta é a primeira vez que o fenômeno é observado em uma ave em seu habitat natural. Há mais de um século, isso já havia sido descoberto na mesma espécie, mas não na natureza – e o pássaro tinha exatamente o padrão oposto, com a parte da fêmea à direita, e a do macho, à esquerda.
O fenômeno, chamado de ginandromorfismo bilateral, leva espécies a terem características masculinas e femininas ao mesmo tempo, e ocorre, por exemplo, quando um óvulo se divide incorretamente e é fertilizado por dois espermatozoides.
A mesma característica já foi também observada em pássaros tentilhões-zebra, mas é mais frequentemente registrada em crustáceos, borboletas e outros insetos.
Lugar certo, hora certa
O pássaro foi descoberto na Reserva Natural Demonstrativa Don Miguel, em Villamaría, centro-oeste da Colômbia, pelo ornitólogo amador John Murillo, que encaminhou a observação ao ornitólogo neozelandês Hamish Spencer, da Universidade de Otago, que, por acaso, estava de férias no local.
"O fenômeno é extremamente raro em aves. Muitos observadores nunca viram o ginandromorfismo em uma espécie de ave em toda a sua vida", explicou Spencer na edição de dezembro da revista Journal of Field Ornithology.
Murillo havia instalado um comedouro, que a ave visitou regularmente por quase dois anos. Entre outubro de 2021 e junho de 2023, o pássaro apareceu por quatro a seis semanas seguidas, e depois não deu as caras por cerca de oito semanas.
Uma ave solitária
Embora o pássaro tenha se comportado de maneira típica da espécie enquanto se alimentava, aves com ginandromorfismo bilateral vivem, em grande parte, isoladas dos demais membros da espécie.
"O ginandromorfo geralmente esperava que os outros pássaros deixassem os comedouros antes de vir se alimentar. Em geral, ele evita outros de sua espécie, e os outros também o evitam. Portanto, parece improvável que tenha tido a oportunidade de se reproduzir", afirmou Spencer.
Oito espécies vitais que a Terra não pode perder
Todas as espécies – animais, vegetais e mais além – desempenham um papel relevante no planeta, mas algumas são especialmente importantes para o equilíbrio terrestre.
Foto: Alex Wild/University of Texas at Austin
1. Abelhas
Não é segredo que as abelhas são vitais para o planeta, e foram, inclusive, declaradas a espécie mais importante na Terra pela Royal Geographic Society, um instituto de geografia do Reino Unido. Como os principais polinizadores do mundo, elas são fundamentais no ciclo de vida de muitas espécies de plantas. Também dependemos delas para cerca de 70% dos grãos que ingerimos.
Foto: Alex Wild/University of Texas at Austin
2. Formigas
Embora comuns, as formigas são outro inseto que não se deve negligenciar. Encontradas em todos os continentes exceto na Antártida, elas cumprem uma variedade de papéis, desde a circulação de nutrientes no solo até a dispersão de sementes e o controle da população de outros insetos. Atualmente os cientistas estudam os possíveis impactos das mudanças climáticas nas colônias de formigas.
Foto: CC BY-SA 2.0/Geoff Gallice
3. Fungos
Eles não são plantas, animais, micróbios ou protozoários, e às vezes são descritos como o "quinto reino da vida na Terra". Os fungos podem ser encontrados na água, no solo e no ar, e atuam essencialmente como recicladores de nutrientes naturais do planeta, sendo que algumas espécies podem até mesmo absorver metais nocivos como mercúrio e digerir polímeros (plástico).
Foto: picture-alliance/blickwinkel/McPhoto
4. Fitoplâncton
É difícil expressar quão importantes esses microrganismos são para a vida na Terra. Por um lado, produzem cerca de dois terços do oxigênio atmosférico do planeta. Sem eles a quantidade de oxigênio livre seria bem menor, criando um ambiente muito desconfortável. Além disso, o fitoplâncton é a base da cadeia alimentar nos ecossistemas marinhos.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Degginger
5. Morcegos
O que bananas, baobás e tequila têm em comum? Todos dependem de morcegos para polinização e regulação de insetos. Em todo o mundo, diferentes espécies de morcegos preenchem um nicho ecológico vital para garantir que certas culturas continuem prosperando. Uma população saudável de morcegos pode economizar milhões de dólares em pesticidas e é um sinal importante de um ecossistema em equilíbrio.
Foto: picture-alliance/Bildagentur-online/Weber
6. Minhocas
A minhoca é tão importante para a biosfera da Terra que costuma ser chamada de "engenheira do ecossistema". Elas arejam e enriquecem o solo ao reciclar material orgânico - e, é claro, ocupam um lugar indispensável na cadeia alimentar. Apesar de fundamentais para muitos ecossistemas, diversas espécies de minhocas estão ameaçadas por processos de desmatamento.
Foto: picture alliance/blickwinkel/J. Fieber
7. Primatas
Como parentes biológicos vivos mais próximos do Homo sapiens, os primatas oferecem muitas informações sobre a biologia humana. Também são vitais para a biodiversidade e uma espécie fundamental em muitas florestas tropicais, servindo como "jardineiros", ao disseminar sementes.
Foto: DW
8. Corais
Também chamados de "florestas tropicais do mar", os corais cumprem diversos papéis na natureza, desde servir como base para intrincadas redes alimentares até proteger litorais. Pesquisadores estimam que os recifes de coral abrigam mais de um quarto de toda a vida marinha, constituindo um dos mais diversos ecossistemas da Terra. Perdê-los significaria o fim de incontáveis espécies marinhas.