Devido ao Brexit, Orquestra Barroca da União Europeia, cofinanciada pelo bloco, deixa Oxfordshire, na Inglaterra, e se muda para Antuérpia, na Bélgica. "Não faz sentido ficar fora da UE", diz diretor da instituição.
Anúncio
Ao ativar o artigo 50, com o qual a premiê do Reino Unido, Theresa May, iniciou oficialmente negociações para saída do país da União Europeia (UE), a chefe de governo britânica afirmou que o Reino Unido vai deixar UE, e não a Europa.
No entanto, para conjuntos de música clássica, a questão sobre se o Reino Unido conseguirá sair da UE sem abrir mão de sua ligação com a arte e a música da Europa é de vital importância. Orquestras pan-europeias – no Reino Unido e na Europa continental – começam a se perguntar se o Brexit trará mudanças na relação com o Reino Unido.
Para a Orquestra Barroca da União Europeia (European Union Baroque Orchestra, Eubo), integrada por alguns dos mais talentosos jovens músicos da UE, a resposta é: sim. Desde a sua criação, em 1985, o conjunto tem sua sede em Oxfordshire, na Inglaterra. Mas em 19 de maio, a Eubo fará, na antiga igreja da St John Smith's Square, em Londres, seu último concerto como entidade baseada no Reino Unido. Logo depois, fará sua mudança de sua sede oficial para Antuérpia, na Bélgica.
"Enquanto uma unidade da União Europeia, isso era mais uma questão de 'quando' do que de 'se'", sublinha Paul James, diretor-geral da Eubo. "Somos embaixadores culturais oficiais da União Europeia e cofinanciados por ela" – através do programa Europa Criativa, da Comissão Europeia. "Não faz sentido algum manter uma unidade da União Europeia fora da UE", acrescenta.
"Cultura é assunto secundário"
Com orçamento de 1,46 bilhão de euros para o período de 2014 a 2020, o programa Europa Criativa financia arte e cultura, incluindo música, nos Estados-membros da UE. Mas até mesmo países que não são membros do bloco podem receber dinheiro, se pagarem uma espécie de taxa de entrada, cujo valor é determinado conforme o Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Consequentemente, instituições de música britânicas também podem continuar obtendo verbas do programa após a saída da UE – mas, nesse caso, o governo britânico teria que decidir investir no projeto.
James acredita que a cultura não vai ter um papel tão importante nas negociações lideradas por May. E mesmo assim, ele crê que pode haver um conflito entre sua orquestra, que é intimamente conectada à UE, e o Reino Unido.
"Por que alguém seria a favor de dar dinheiro a uma organização europeia que não deseja mais permanecer no Reino Unido?", questiona.
Solidariedade entre músicos
Mas James também prevê receber muita solidariedade nos próximos meses com a mudança da sede da Eubo, incluindo na futura nova sede de sua orquestra, o Amuz International Music Center, em Antuérpia.
Diferentemente de temas como exigências comerciais ou de entrada de cidadãos, em que muitos vezes duras negociações são exigidas, as conversas entre profissionais da música britânicos e europeus sempre foram dominadas pelo sentimento de solidariedade.
J ames acredita que isso continuará valendo no caso da mudança da Orquestra Barroca da União Europeia de Oxfordshire para Antuérpia. "A música é um idioma universal", diz.
Os canhotos da música
Eles são minoria e, no passado, encontravam dificuldades em orquestras e escolas. Dez grandes nomes mostram que tocar com a mão esquerda não impede o sucesso.
Foto: Getty Images/AFP/D, Nagl
O revolucionário da guitarra
Mesmo que seu pai tenha tentado "livrá-lo do demônio", Jimi Hendrix resolveu tocar guitarra com a mão esquerda. Mas ele segurava o garfo e o lápis com a direita. O americano foi o primeiro a inverter as cordas de uma guitarra comum, adaptando-a para os canhotos. Em 1967, no Festival de Monterrey, o americano levou o público à loucura ao incendiar o instrumento no palco.
Foto: picture alliance / dpa
O mestre do heavy metal
Tony Iommi, guitarrista e líder do Black Sabbath, influenciou toda uma geração de metaleiros com seus riffs pesados e marcantes. Canhoto, o britânico por pouco não teve que abandonar o instrumento. Aos 17, ele perdeu as pontas dos dedos médio e anelar da mão esquerda num acidente de trabalho. A solução foi simples: Iommy fez duas capas de plástico para os dedos e continuou tocando.
Foto: Kevork Djansezian/Getty Images
O rebelde do grunge
O ídolo Kurt Cobain usava uma guitarra para destros com as cordas invertidas para tocar com a esquerda. O líder do Nirvana era o único canhoto da banda. Quando tocava bateria, ele ocasionalmente usava a mão direita. As famosas últimas linhas de sua carta de despedida também foram escritas com a direita: "Não sinto mais paixão [...] é melhor queimar do que se apagar aos poucos."
Foto: Getty Images
O primeiro beatle canhoto
costumava tocar o baixo do modelo Höfner 500 com a mão esquerda, assim como outros instrumentos de cordas. Bateria, porém, era sempre com a direita. Depois do fim dos Beatles, em 1970, o parceiro de composição de John Lennon seguiu com a banda Wings e com uma muito bem-sucedida carreira solo.
Foto: Getty Images/J. Dyson
O segundo beatle canhoto
Ringo Starr também é canhoto. Porém, como Kurt Cobain e Paul McCartney, ele usa a mão direita para tocar bateria. O costume, porém, não é causado por limitações no instrumento: todo kit de bateria pode ser adaptado para canhotos – para isso, é só inverter as posições das peças.
Foto: Getty Images/M. Webb
O baterista-vocalista
Finalmente, um canhoto de verdade: Phil Collins come, escreve e toca a bateria com a mão esquerda. Isso significa que o londrino, que ficou famoso como integrante da banda de rock progressivo Genesis, ataca o contratempo e o bumbo com a mão esquerda – diferentemente, claro, dos destros. Na juventude, os Beatles eram os ídolos do londrino. Assim, ele se acostumou desde cedo com canhotos tocando.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Bozoglu
O baterista tatuado
Nos anos 1990, os americanos do Blink-182 deram uma cara mais pop ao punk rock. Todo tatuado e canhoto, o baterista Travis Barker chama atenção nos palcos. A rebeldia de Barker, porém, vai além das tatuagens – o americano toca com um kit de bateria montado para destros.
Foto: Imago
A canhota inventiva
Elizabeth Cotten foi uma cantora e violonista de blues. Falecida em 1987, a americana fazia parte do pequeno grupo de canhotos que simplesmente invertem um violão para destros, sem alterar a ordem das cordas. A técnica foi batizada de "Cotten picking".
Foto: Imago
O ator genial e músico nas horas vagas
Nascido na Inglaterra, Charles Chaplin foi bem cedo para os Estados Unidos. Lá, surgiram seus primeiros curtas. Em "O Vagabundo" (1916), Chaplin aparece tocando um violino – com a mão esquerda. Além de ótimo ator, Chaplin também tocava, nas horas vagas, violino e violoncelo, sempre como canhoto. De acordo com colegas, ele aproveitava cada pausa nas gravações para praticar os instrumentos.
Foto: picture-alliance/AP Photo
O maestro canhoto
Nascido em Buenos Aires, Daniel Barenboim teve aulas com grandes mestres do piano. Mais tarde, ele se formou maestro. O argentino fundou a Orquestra West-Eastern Divan, a única orquestra de Israel a contar com músicos palestinos e israelenses. Desde 1992, ele é diretor musical da Staatsoper Unter den Linden, de Berlim, a qual rege levando o bastão na mão esquerda.