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Beethovenfest

1 de outubro de 2011

Entre os sinais de esperança em uma melhoria da situação no Iraque, está a Orquestra Nacional Jovem do Iraque, convidada especial deste ano do Beethovenfest, em Bonn, dentro do projeto Orchestercampus.

O regente Paul MacAlinden e a diretora do Beethovenfest, Ilona SchmielFoto: Barbara Frommann/Beethovenfest Bonn

Paul MacAlindin vive há muitos anos em Colônia. Como regente, interessa a ele quase todo tipo de música, desde um concerto barroco até a vanguarda contemporânea. MacAlindin obteve pela primeira vez informações sobre a existência da Orquestra Nacional Jovem do Iraque em 2008, através de uma notícia de jornal, que leu em um restaurante na escocesa Edinburgh.

"Quando li que adolescentes iraquianos estavam procurando um regente para sua orquestra jovem, pensei imediatamente que esse poderia ser um projeto para mim. Naquela hora, já imaginei como tudo poderia se realizar", conta o músico.

Difícil começo

Orquestra Nacional Jovem do Iraque, em ensaioFoto: DW

Em Colônia, através do British Council, MacAlindin entrou em contato com Zuhal Sultan, pianista iraquiana e fundadora da orquestra. Eles acertaram uma fase de teste a ser realizada em meados de 2009, no norte do Iraque. Com um misto de entusiasmo e receio, o regente embarcou com alguns professores de música para o país, já que na orquestra trabalhariam juntos curdos e iraquianos, cristãos e muçulmanos.

Pairava no ar a pergunta se tudo daria certo, uma vez que os curdos haviam sido expostos a uma série de represálias durante o regime de Saddam Hussein no país e as tensões entre os diversos povos e grupos religiosos continuavam presentes após o fim da Guerra do Iraque de 2003. "Depois de algumas dificuldades iniciais, o gelo foi quebrado", lembra MacAlindin. E, no fim do workshop, alguns participantes até choraram.

Casting pela internet

O regente ficou impressionado com a qualidade musical de alguns dos envolvidos, já que, no país, devido às dificuldades da vida cotidiana, continua não havendo formação de profissionais em escolas de música. A maioria dos músicos é autodidata, tendo aprendido a tocar instrumentos através de manuais na internet.

A internet, bem como todas as redes sociais, desempenha um papel muito importante na vida dos jovens iraquianos: "Eles não vão para o Starbucks, porque não há isso no país e nem nada parecido. Eles ficam em casa ou em cafés com acesso à internet e criam suas redes online. Eles fluem bem no mundo online e, neste ponto, são até mais competentes que os jovens aqui da Alemanha", comenta MacAlindin. Junto da candidatura ao workshop, enviada obviamente pela internet, os jovens anexaram um vídeo promocional.

Música contra o trauma da guerra

Na hora de avaliar as candidaturas, MacAlindin observou, a princípio, que "os jovens músicos levavam a música que fazem muito a sério, quase a sério demais. Alguns pareciam adultos. O entusiasmo e o prazer jovial frente à música, por outro lado, não estava presente". O que não é de todo surpreendente, uma vez que todos eles eram crianças ou adolescentes quando os EUA iniciaram a guerra contra Saddam Hussein.

Música iraquiana em festival na Alemanha: a Orquestra Nacional Jovem do IraqueFoto: Beethovenfest 2011

Por outro lado, contudo, observa o regente, nos vídeos é visível o grande entusiasmo, a motivação e o amor à música. Os workshops realizados até agora provam como a música não apenas ajuda a superar os traumas de guerra dos jovens músicos, mas também contribuiu para a reconciliação entre os diversos grupos étnicos e religiosos do país, criando laços afetivos entre os mesmos.

Intercâmbio musical e cultural em Bonn

Até agora, a orquestra vinha ensaiando no norte do país, a região mais segura. Neste sábado (1º/10), ela se apresenta como convidada especial do Beethovenfest, em Bonn, dentro do projeto Orchestercampus e junto a membros da Orquestra Jovem da Alemanha.

Em um período de ensaios de duas semanas, os músicos exercitaram, sob a regência de Paul MacAlindin, não apenas o convívio mútuo, mas também tiveram tempo para se conhecer melhor, além de oportunidades de assistir a concertos e ver de perto a cidade natal de Beethoven.

Para os colegas alemães, a convivência com os jovens iraquianos é certamente interessante. Do programa de concertos do festival, constam, além dos concertos de Beethoven para violino e da Sinfonia Número 104 de Haydn, também duas estreias.

A Deutsche Welle, como parceira do festival Beethovenfest, encomendou este ano duas composições: uma, a um compositor curdo; outra, a um iraquiano. Desta forma, os jovens músicos alemães passam a conhecer a música contemporânea iraquiana, podendo se beneficiar das experiências de seus colegas.

Sinal de esperança

Beethovenfest: lema de 2011 é a 'música do futuro'

Para Paul MacAlindin, este foi um ponto importante, ao tomar a decisão de assumir a direção da orquestra, em 2009. "Eu não tinha nenhuma ideia a respeito da música e da cultura iraquianas. E isso me atraiu. De forma que aprendi muito com esses jovens músicos", diz.

Na Orquestra Nacional Jovem do Iraque, o regente não vê apenas um sinal de paz e compreensão entre os povos. "Espero sermos um sinal de esperança e motivação para outros jovens. E espero podermos provar que os jovens, apesar das condições desfavoráveis, podem planejar e construir o próprio futuro quando estão interligados pela internet", afirma.

Autor: Klaus Gehrke (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer

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