Lemmy Kilmister, David Bowie, Alan Rickman e Glenn Frey deixaram o mundo nas últimas semanas, com quase a mesma idade e relativamente jovens. Será mera coincidência?
Anúncio
Quatro homens famosos – três músicos e um ator – morreram recentemente. Eles tinham idades muito próximas, o que fez muitos se perguntarem se há alguma lição a ser tirada dessa coincidência. Também levantou-se a teoria de que os 70 ou quase 70 anos poderiam ser os novos 27, idade com a qual uma série de celebridades morreu, entre elas Jimi Hendrix, Janis Joplin, Kurt Cobain e Amy Winehouse.
A primeira morte da recente série foi a de Lemmy Kilmister, líder da banda Motörhead, em 28 de dezembro de 2015. A causa foi um grave câncer de próstata. Mesmo que muito triste, a notícia de sua morte não foi uma surpresa.
O músico, que tinha acabado de completar 70 anos, teve uma vida digna de astro de rock'n'roll. Por muito tempo, seus dias foram regados a uísque e anfetamina. Há alguns anos, Lemmy vinha enfrentando problemas de saúde, como hipertensão, além de tomar remédio para diabetes.
Cerca de uma semana depois, o mundo disse adeus a outro astro do rock. David Bowie morreu em 10 de janeiro, após uma batalha de 18 meses contra um câncer no fígado. O músico também teve uma história com drogas e álcool, mas vinha mantendo a linha há algum tempo. Bowie completara 69 anos dois dias antes.
Alguns dias mais tarde, foi a vez de Alan Rickman. Famoso por grandes papéis no cinema, como o professor Snape na saga Harry Potter e o vilão Hans Gruber em Duro de Matar, o ator morreu no dia 14 de janeiro, em decorrência de um câncer no pâncreas. Em fevereiro, Rickman faria 70 anos.
Nesta segunda-feira (18/01), o mundo da música perdeu Glenn Frey, um dos fundadores do Eagles. Segundo comunicado divulgado pela banda, famosa pelo hit Hotel California, o guitarrista morreu por complicações derivadas de "pneumonia, artrite reumatoide e inflamação intestinal". Frey tinha 67 anos.
Idades próximas
Dos quatro, apenas Rickmann não viveu ao extremo – o ator britânico, treinado na Academia Real de Artes Dramáticas (Rada, na sigla em inglês) e membro da Royal Shakespeare Company, não tinha tempo para as depravações da vida.
Sendo assim, será que foram as drogas e o álcool que causaram o câncer de Bowie e de Lemmy? E o que provocou as enfermidades que resultaram na morte de Frey? Será que simplesmente chegou o momento deles de partir – ao fim da casa dos 60?
O fato é que os quatro artistas eram relativamente jovens. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a expectativa de vida entre os homens é de 73 anos na Europa e de 74 anos nos Estados Unidos. Ou seja, eles tinham, em média, pelo menos mais cinco anos pela frente.
Não seja pego de surpresa
Quando a morte chegar, há quem prefira simplesmente ser pego de surpresa. Mas também há aqueles que gostariam de um aviso antecipado. O fato mais chocante sobre a morte de Lemmy, por exemplo, é que ela veio alguns poucos dias depois do diagnóstico de câncer.
Para os adeptos de uma vida mais planejada, fazer check-ups médicos com frequência é uma boa opção. A página na internet dos Institutos Nacionais da Saúde dos EUA, por exemplo, oferece informações sobre quando e com que frequência homens adultos devem se consultar.
Alguns exemplos para anotar na agenda:
Exame para avaliar pressão arterial – a cada dois anos, se você tem entre 40 e 64 anos de idade;
Colesterol e prevenção de doenças cardíacas – a cada cinco anos, se você tem mais de 35;
Exame de diabetes – a cada três anos, se você tem mais de 45;
Exame para diagnóstico de câncer colorretal – a qualquer momento, se você tem menos de 50 anos e tem histórico na família;
Exame para diagnóstico de câncer de próstata – consulte o médico se você tem mais de 50 anos;
Exame para diagnóstico de câncer de pulmão – todos os anos, para fumantes entre 55 e 80 anos.
Essa lista poderia se estender longamente. E as dicas variam entre os países e regiões, levando em conta uma série de fatores. Por isso, respondendo à pergunta do começo do texto, se há uma lição a ser tirada, ela é: marque uma consulta ainda hoje.
A carreira de David Bowie em imagens
Ídolo pop morreu neste domingo, 10 de janeiro, deixando para trás uma bem-sucedida carreira de mais de cinco décadas, com direito a uma série de alteregos e um belo último álbum.
Foto: picture alliance/dpa/V. Jannink
"Space Oddity"
David Robert Jones nasceu em 1947. Para evitar confusão com Davy Jones do The Monkees, ele escolheu o sobrenome Bowie, inspirado numa faca de caça. Seu primeiro hit, "Space Oddity", foi lançado em 1969, apenas cinco dias antes de Neil Armstrong se tornar o primeiro homem a pisar na Lua. A canção apresenta o fictício Major Tom, um personagem que voltaria a aparecer ao longo da carreira de Bowie.
Foto: Victoria and Albert Museum
Ziggy Stardust
Uma série de personagens se seguiria a Major Tom. O mais famoso e icônico deles, Ziggy Stardust, apareceu pela primeira vez em 1972. Ziggy era um alienígena andrógino e astro do rock, que servia de mensageiro para seres extraterrestres. Bowie dizia que tentava fazer "uma revolução de um homem só" com seu alterego. Muitas pessoas diriam que ele conseguiu.
Foto: picture-alliance/dpa/London Features
The Thin White Duke
Com o álbum "Station to Station", um novo personagem foi criada por Bowie em 1976, o chamado Thin White Duke. O cabelo vermelho, a maquiagem e os figurinos extravagantes foram substituídos por ternos elegantes. Mas apesar da aparência "normal", a personalidade de Bowie estava afetada pelas enormes quantidades de cocaína que o músico consumia na época.
Foto: Getty Images/Evening Standard
"O homem que caiu na Terra"
A ficção científica de 1976 sobre um alienígena que cai na Terra foi o primeiro filme estrelado por David Bowie. Graças à atuação do astro pop e à cenografia surrealista, o longa-metragem é cultuado até hoje. Bowie contou que se sentia tão alienado quanto o personagem que estava interpretando, devido ao uso de cocaína na época.
Foto: imago/United Archives
A Era Berlim
Para fugir de uma vida cercada de drogas em Los Angeles, David Bowie se mudou para Berlim Ocidental no fim de 1976. Morando em Schöneberg, bairro com uma grande comunidade turca, Bowie sentia que Berlim "era uma das poucas cidades em que eu podia circular anônimo. Eu estava quebrado, o custo de vida era barato. Por alguma razão, os berlinenses não estavam nem aí", disse ele à revista "Uncut".
Foto: Masayoshi Sukita/The David Bowie Archive
Ao lado de Iggy Pop
De 1976 a 1979, Bowie criou a "Trilogia de Berlim", três álbuns que incluem o influente disco "Low" (1977), coproduzido por Brian Eno e Tony Visconti. Esse álbum migrou das composições tradicionais de Bowie para um som experimental e vanguardista. Ao dividir um apartamento com Iggy Pop, Bowie colaborou nos discos "The Idiot" e "Lust for Life".
Foto: Getty Images/Evening Standard
Christiane F.
O filme alemão "Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída", de 1981, conta a história de uma adolescente viciada em drogas na decadente área da estação Zoo, em Berlim Ocidental. David Bowie aparece no filme, quando Christiane F. sai de casa escondida para ir a um show dele. A trilha sonora de Bowie impulsionou o sucesso internacional do filme.
Foto: picture-alliance/dpa/IFTN
"Labirinto – a magia do tempo"
Bowie também é lembrado por muitas crianças da década de 1980 pela fábula "Labirinto – a magia do tempo" (1986), filme no qual ele interpreta Jareth, o Rei dos Duendes. A maioria dos personagens do filme, dirigido por Jim Henson – criador dos Muppets – e produzido por George Lucas, são bonecos.
Foto: picture-alliance/dpa
"Let's Dance"
Para confundir os fãs de Ziggy Stardust, nos anos 80 Bowie apareceu com mais uma mudança radical de estilo, pegando carona na New Wave. Ele se uniu ao Queen para o famoso single "Under Pressure" em 1981, e seu maior hit comercial da década foi "Let's Dance", de 1983.
Foto: AP
"Where Are We Now?"
Bowie reinventou a si mesmo ao longo de toda sua carreira. Em 1995, por exemplo, ele se reuniu novamente com Brian Eno para o álbum conceitual "Outside", que voltou a focar em sua genialidade musical. Em 2013, em comemoração ao 66º aniversário, Bowie lançou o single "Where are we now?", no qual relembra seus anos de Berlim.
Foto: www.davidbowie.com
"Blackstar"
David Bowie celebrou seu aniversário de 69 anos no dia 8 de janeiro de 2016, com o lançamento de mais um álbum aclamado pela crítica: "Blackstar". Com a sua morte, dois dias mais tarde, o mundo ficou sabendo que Bowie passou os últimos 18 meses de sua vida lutando contra o câncer. "Blackstar" testemunha, uma última vez, a genialidade musical e a eterna reinvenção do astro pop.