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Os alemães e seu amor por automóveis

1 de fevereiro de 2018

A maioria dos alemães idolatra seus carros e sempre teve orgulho de marcas como Mercedes, BMW, Porsche, Audi e Volkswagen. Mas poluição nas cidades e escândalos na indústria estão colocando essa paixão à prova.

Schweiz Genf Autosalon Porsche 718 Boxster
Foto: Porsche AG

Os alemães – ou ao menos a maioria deles – amam seus carros. E, claro, amam andar neles pelas rodovias do país, principalmente se for numa autobahn sem limite de velocidade, pelas quais são invejados por muitos vizinhos. (Isso se não houver algum engarrafamento, cada vez mais comum.)

É um amor antigo. Ele remonta aos princípios da industrialização do país. Entre os pioneiros do automóvel estão vários alemães, como Nikolaus Otto, Karl Benz e Gottlieb Daimler. Desse pioneirismo surgiu uma indústria admirada em todo o mundo e de muitas marcas famosas, como Mercedes, BMW, Audi, Porsche e Volkswagen.

Poucas coisas são mais associadas à Alemanha do que Mercedes e Volkswagen – talvez Michael Schumacher, o que não deixa de ser a mesma categoria. Tudo isso gera um tremendo orgulho nos alemães, que veem na fama de seus fabricantes de automóveis um motivo a mais para se apaixonar pelos seus carros.

Além de contribuir para a imagem de funcionalidade e eficiência que a Alemanha desfruta no exterior, a indústria automobilística é também uma das mais importantes do país na geração de renda e emprego e um baluarte das exportações.

Desde o ano passado, esse amor tem sido posto à prova. Duramente. O escândalo de fraude nas emissões de automóveis da Volkswagen, que logo se espalhou para outras marcas, foi um duro golpe na imagem da indústria automobilística alemã.

Logo ficou claro que o motor a diesel, defendido por essa indústria (e também invenção de um engenheiro alemão, Rudolf Diesel), era bem mais poluente do que os testes – falsificados, como ficou-se então sabendo – afirmavam. Esta semana, um novo escândalo – o do uso de macacos para avaliar os danos à saúde dos poluentes emitidos pelo diesel – sujou ainda mais essa imagem.

Os escândalos deram espaço para um outro grupo de alemães, bem menor do que o dos amantes do automóvel, mas também apaixonado na defesa de suas posições: o dos críticos dos carros. Eles defendem um uso mais racional do automóvel e a preferência às bicicletas e ao transporte público. A maioria simpatiza ou é membro do Partido Verde – o ambientalismo, e seu declarado amor pela natureza, é também um fenômeno tipicamente alemão.

Os críticos dos carros lembram que, em várias cidades alemãs, os índices de poluição do ar estão bem acima do permitido. Um caso emblemático é Stuttgart, a capital de Baden-Württemberg. Há anos que a cidade, sede da Daimler, Porsche e Bosch, ostenta níveis elevados de poluentes no ar. A situação é crítica também em Munique e Colônia, bem como em dezenas de outras cidades.

Para resolver o problema, fala-se em ampliar o uso de bicicletas e do transporte coletivo, aumentar a presença de carros elétricos nas ruas e – a opção mais extrema – até mesmo proibir a circulação de modelos antigos nas cidades: esse seria um cenário dos horrores para muitos alemães e que os políticos – com exceção dos verdes – querem evitar a todo custo.

A coluna Zeitgeist oferece informações de fundo com o objetivo de contextualizar temas da atualidade, permitindo ao leitor uma compreensão mais aprofundada das notícias que ele recebe no dia a dia.

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