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"Os atacantes da seleção brasileira sobrecarregam a zaga"

Marcio Pessôa18 de novembro de 2005

Em entrevista à DW-WORLD, Juan explica a má fase do Leverkusen e rebate críticas de alemães e brasileiros.

Juan responde a críticas da imprensa alemãFoto: dpa

O mais novo "papai" da seleção brasileira espera também uma nova fase no clube que defende. Este é o atual espírito do zagueiro Juan, de 26 anos. Contando agora não somente com a companhia da esposa Monique, mas também com a do filho João Lucas, de 3 meses, em Leverkusen, o defensor do Bayer espera da família o apoio necessário para ajudar a espantar em definitivo a má fase da equipe.

Há três anos no Bayer, Juan saiu do Flamengo para compor o elenco de um clube cheio de estrelas mundiais, com tradição de importar jogadores do Brasil. Logo quando chegou à Alemanha, formou dupla de zaga com Lúcio, uma defesa reeditada pelo técnico Carlos Alberto Parreira em alguns compromissos da seleção brasileira em 2005.

Ele também teve a companhia de Zé Roberto e da grande estrela do futebol alemão, Michael Ballack, no melhor time do Bayer Leverkusen dos últimos anos. Hoje, Juan atua com Roque Júnior e Athirson em um time que enfrenta uma situação difícil no Campeonato Alemão, ocupando o meio da tabela, lutando para não chegar à zona de rebaixamento e com os três brasileiros sendo extremamente contestados pela imprensa.

Em entrevista exclusiva à DW-WORLD, o zagueiro fala do atual momento do Bayer Leverkusen, da seleção brasileira e rebate as críticas da imprensa alemã ao seu futebol

DW-WORLD – Como foi a sua chegada à Alemanha?

Juan – A recepção do clube foi ótima. É um time que tem tradição de contar com jogadores brasileiros no plantel. Eu cheguei quando o Lúcio e o Zé Roberto ainda estavam no time [hoje jogam no Bayern Munique]. A direção colocou à disposição dos jogadores brasileiros um grupo de profissionais para ajudar e orientar nos meses de adaptação. Eram pessoas que falavam português ou espanhol e conheciam os nossos gostos. Conseguimos ficar à vontade para trabalhar.

Formei com o Lúcio, que recém havia sido pentacamepeão, uma dupla de zaga que aos poucos foi conquistando a torcida e os dirigentes. Naquela época, também contávamos com outro pentacampeão no plantel, o Zé Roberto, e tínhamos o Ballack, que ainda é a grande estrela do futebol alemão. Tínhamos um grupo bem qualificado. O idioma ainda é um problema quando temos que discutir questões complexas. No dia-a-dia, com os companheiros de clube, com o treinador, já consigo me comunicar bem. Mas o contato com a imprensa fica prejudicado.

Foi surpreendente este início de temporada do Bayer, apontado como o pior dos últimos 22 anos?

Juan: 'Nós esperávamos a má fase'Foto: AP

Nós já esperávamos por isto. O time não começou bem porque houve uma mudança muito grande no plantel. A estrutura do time foi mexida. Vieram jogadores novos e outros que nunca jogaram na Primeira Divisão. Naturalmente, esses jogadores têm que mostrar mais para se firmar na equipe. Já no ano passado, o time apresentava sinais de problemas de elenco. O plantel deste ano é bom, mas ainda faltam peças de reposição. Diante desta dificuldade inicial, o time não se achou. Não conseguimos somar os pontos nos primeiros jogos.

Leia a seguir: O que trouxe a mudança de técnico no Bayer?

A mudança de técnico foi o suficiente? Michael Skibbe melhorou o time?

Infelizmente, no futebol é assim. É mais fácil mudar o treinador do que os jogadores. A má fase derrubou o nosso técnico [Klaus Augenthaler]. Nos últimos jogos, acredito que estamos melhorando. Empatamos dois e ganhamos um, já mostrando um melhor futebol. O último jogo em casa [contra o Borussia Dortmund] era de extrema importância, porque é um adversário direto. Se perdêssemos, iríamos ficar em posição bastante perigosa, descendo muito na tabela. Conseguimos vencer o clássico (2 a 1).

Skibbe escolhido por Völler para o lugar de AugenthalerFoto: AP

Como você vê as críticas da imprensa alemã à zaga da equipe, composta por você e o pentacampeão Roque Júnior? Os críticos chegaram a pedir a sua saída do time, depois da derrota diante do Hamburgo (3 a 2), que resultou na eliminação do Bayer na Copa da Alemanha.

Eu não acompanho muito a imprensa, porque não consigo ler os jornais daqui e não entendo muito o que dizem na TV. Eu sei que a gente passou por um momento difícil, as vitórias não aconteciam. Em dois ou três jogos ocorreram gols que poderíamos ter evitado. No jogo contra o Hamburgo, eu falhei em um lance de gol [Juan errou a bola ao tentar afastá-la e Serguej Barbarez aproveitou e desempatou – 2 a 1].

Mas nós estamos tranqüilos e sabemos da importância que temos para o time. Acho que procuramos fazer muito mais do que deveríamos para o Leverkusen e, às vezes, quando não conseguimos ter o melhor desempenho, as pessoas criticam. O fato de sermos dois jogadores da seleção brasileira faz com que eles esperem muito de nós. Eles estão sempre na expecativa de uma atuação perfeita e, quando isso não acontece, a crítica vem em cima.

Contra o Stuttgart também não joguei uma boa partida. A gente sabe que dificilmente o jogador vai ter boa atuação sempre, ainda mais a gente que está constantemente viajando para o Brasil. Eu estive parado dois jogos por lesão. Me desgastei para me recuperar e jogar pela seleção brasileira. Depois cheguei para jogar em Mainz direto, sem descanso.

Leia a seguir: Juan fala de sua atuação na seleção

A má fase não afeta a seleção?

Já dei uma melhorada. Eu acho que foram dois jogos onde as coisas não foram muito boas pra mim. Fiz boa partida contra o Dortmund [marcou um dos gols da vitória]. A gente que vive o dia-a-dia do clube sabe que, para o grupo de jogadores do Bayer, é importante fazer uma boa partida.

E o que dizer para os críticos do Brasil sobre a zaga brasileira escolhida por Parreira?

Juan: 'Ataque sobrecarrega a defesa'Foto: AP

Eu fui convocado em todos os jogos das eliminatórias. Sempre que fomos exigidos, correspondemos. As críticas à zaga da seleção brasileira são históricas. Em outras seleções também houve muita contestação. Os jogadores do meio para a frente, que são tidos como excepcionais, os melhores do mundo, acabam sobrecarregando os zagueiros durante o jogo. A gente tem que trabalhar isto e se sacrificar um pouquinho em prol da seleção brasileira.

A chegada do filho, do Brasil, ajuda a reencontrar o bom futebol?

É, a família chegou agora. Estou muito feliz. Isto é muito importante. É a primeira semana que estou com ele desde o nascimento [há 3 meses]. Espero que esta felicidade reflita dentro de campo.

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