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Os casos Bayer, Bosch e ThyssenKrupp

Marcio Weichert, enviado a Düsseldorf1 de outubro de 2003

Por que estas multinacionais foram escolhidas para o estudo? Sindicalistas destas empresas falam dos principais problemas de relacionamento.

Pedro Henrique: Estudo já melhorou relações com ThyssenKruppFoto: DW

Não foi à toa que Bayer, Bosch e ThyssenKrupp foram selecionadas para a pesquisa do Observatório Social. Além de projeção internacional, elas têm em comum a fraca organização de seus trabalhadores e os sindicatos estavam interessados em superar a deficiência.

Segundo Odilon Luís Faccio, coordenador do Observatório, deu-se prioridade para sindicatos que tivessem utilidade concreta para o estudo e casos em que os resultados pudessem ser visíveis num prazo de três anos. Por fim, por razões financeiras de viabilização da pesquisa, pesou também a quantidade de unidades da empresa pelo país e a distância entre elas.

E assim Volkswagen, DaimlerChrysler (Mercedes) e BASF ficaram de fora. Nas três empresas, a organização dos trabalhadores está avançada. Na DaimlerChrysler, por exemplo, os sindicatos participam ao lado da direção da empresa da escolha dos fornecedores. Não só aspectos econômicos, mas também sociais e trabalhistas são observados na seleção. Por outro lado, os líderes sindicais da diferentes bases da Bayer nem se conheciam.

Édson Luiz: Acidentes de trabalho não são comunicados na BayerFoto: DW

Bayer

– A inexistência de comissões de fábrica é apontada pelo sindicalista Édson Luiz de Barros como a importante deficiência na subsidiária brasileira do conglomerado químico. Mas só esta. Segundo ele, os acidentes de trabalho não são comunicados ao sindicato, que igualmente não tem acesso a seus relatórios. As empresas nacionais têm melhor postura neste assunto, diz Édson Luiz.

Bosch

– O relatório sobre a empresa ainda não está pronto, mas, após ter visitado várias unidades da multinacional na Alemanha, o sindicalista Wilson José Farias diz ter identificado grandes diferenças na prática empresarial nos dois países.

Segundo ele, no Brasil o sindicato é sempre o último a saber das decisões da empresa, como a recente transferência de uma unidade de São Paulo para Campinas, afetando a vida de mil funcionários, que têm de escolher entre desemprego e mudar-se junto. Na Alemanha, os representantes dos trabalhadores são bem informados, embora mesmo assim nem sempre consigam impedir medidas com que não concordam.

Wilson Farias: "No Brasil, novas tecnologias significam sempre demissões"Foto: DW

Wilson Farias conclui também que enquanto no Brasil a implementação de novas tecnologias significa sempre demissões, no país da matriz há negociação e retreinamento de pessoal. Fora isto, na Alemanha as condições de saúde e segurança no local de trabalho são "quase perfeitas".

ThyssenKrupp –

Para o sindicalista Pedro Henrique Correa Filho, mesmo que o relatório do estudo não aponte haver discriminação racial e de sexo na companhia, "constata-se que as mulheres recebem menos e os negros fazem o trabalho braçal". O líder trabalhista pondera, entretanto, que "isto não é necessariamente culpa da Thyssen, mas reflexo da sociedade brasileira, embora a empresa possa dar sua contribuição para mudar".

Pedro Correa acrescenta que a realização da pesquisa do Observatório Social já mudou a relação do sindicato com a empresa.

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