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Os desafios da Alemanha na presidência do G7

1 de janeiro de 2022

A gama de temas da presidência alemã do G7 é ditada pela situação da política mundial. A pandemia e negociações com Rússia e China não deverão faltar.

Logotipo da presidência alemã do G7 em 2022
Alemanha assume do Reino Unido a presidência do grupo das nações mais ricasFoto: Michael Sohn/AP Photo/picture alliance

O logotipo já foi apresentado antes do Natal pelo porta-voz do governo Steffen Hebestreit. Ele exibiu um cartaz azul no qual um G e um 7 brancos se encaixam de tal forma que se fundem graficamente para formar um G. "G7 Germany 2022" está escrito por baixo, nada mais. "Esta concentração no essencial representa o programa de trabalho focalizado a que nos propusemos para esta presidência", disse Hebestreit.

O Grupo dos 7 é formado por Estados Unidos, Canadá, Japão, França, Reino Unido, Itália e Alemanha. Quando foi fundado nos anos 1970, eram as sete nações industrializadas mais fortes do mundo e a economia era o tema dominante. Hoje, o "Grupo dos Sete" se preocupa principalmente com grandes questões políticas que só podem ser tratadas de forma multilateral, ou seja, em conjunto.

A Alemanha assume do Reino Unido

Muito do que foi discutido e negociado sob a presidência britânica do G7 em 2021 terá que continuar em janeiro, que segundo o rodízio de nações na presidência será ocupada pela Alemanha. Acima de tudo, o tema predominante será a luta contra a pandemia do coronavírus, que está longe de ser dominada após dois anos. Os ministros da Saúde do G7 se reuniram pela última vez no final de novembro.

Na cúpula dos chefes de Estado e de governo do G7 em Londres, em junho, foi acordado distribuir 2,3 bilhões de doses de vacinas aos países em desenvolvimento até o final de 2022. A Alemanha é o segundo maior doador na aliança de vacinação Covax.

A política climática deve ser um tema central da presidência alemã do G7. A ministra alemã do exterior, Annalena Baerbock, do Partido Verde, não deixou dúvidas sobre isso na última reunião dos chefes da diplomacia do G7 em Liverpool. A crise climática tem implicações na área de paz e segurança, não apenas para os europeus, mas especialmente para os países emergentes e em desenvolvimento afetados.

"Podemos estar sob a ilusão de que o Ocidente é uma ilha, mas mesmo nesta ilha a água continuará a subir inexoravelmente se não agirmos agora", disse Baerbock. "Por isso que faremos do tratamento conjunto da crise climática um dos pontos centrais de nossa presidência do G7 no próximo ano", anunciou.

Aproximação com a China

Sem a China, entretanto, o G7 não será capaz de desacelerar o aquecimento global. "A China é um parceiro para nós, para o G7", enfatiza a ministra Baerbock, e isso não envolve apenas a questão climática. "Em muitas questões globais, as coisas só podem ser resolvidas em conjunto". Lidar com o regime autoritário de Pequim, porém, é controverso dentro do G7. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já pediu uma abordagem mais dura na cúpula do G7 em Londres.

A China é certamente um concorrente e "em muitos aspectos também um rival do sistema", diz Baerbock, mas, segundo ela, "a cooperação é a principal prioridade na diplomacia e na cooperação internacional, mas com base nos direitos humanos e nos tratados internacionais". Este "dilema da política externa" tem que ser resolvido, diz ela.

Esta é também a opinião do chanceler federal alemão, Olaf Scholz. "Temos que alinhar nossa política em relação a Pequim com a China que existe em termos reais", disse ele em sua primeira declaração do governo em meados de dezembro. A "situação crítica dos direitos humanos" e as "violações das normas universais" teriam de ser chamadas "pelos nomes". "Isto não muda o fato de que um país do tamanho da China e da sua história tem um lugar central no concerto internacional das nações".

Durante a presidência alemã do G7, ficará claro que o novo governo alemão quer moldar sua política externa muito mais do que antes em "diálogo construtivo". No formato G7, porém, isto não pode ser feito sem os EUA, como o chanceler federal bem sabe. Na competição global, os Estados Unidos são o "parceiro mais importante", salientou Scholz em sua declaração de governo.

O que Scholz espera de Biden

Biden é um parceiro do qual Scholz espera muito. "Estou unido ao presidente dos Estados Unidos na convicção de que as democracias liberais do mundo devem provar novamente que podem fornecer as melhores e mais justas respostas aos desafios do século 21", disse Scholz. Isto também se aplica à relação dos países entre si. O governo alemão sempre defenderá a cooperação multilateral e suas instituições, prometeu.

O mesmo ele vê em relação à Rússia. O G7 tem ameaçado "consequências maciças" no caso de um ataque à Ucrânia, ou seja, acima de tudo com sanções econômicas. "Qualquer violação da integridade territorial terá um preço elevado, e aqui falaremos a uma só voz com nossos parceiros europeus e nossos aliados transatlânticos", salientou Scholz no Bundestag, repetindo uma declaração feita por sua antecessora Angela Merkel.

Scholz, no entanto, ainda quer pressionar por negociações. Considerando sua história, a Alemanha deve estar "preparada para tentar mais e mais frequentemente chegar a um entendimento". A presidência do G7 é uma "grande tarefa internacional que devemos enfrentar imediatamente", anunciou também o ministro alemão das Finanças, Christian Lindner, que será o anfitrião de uma reunião ministerial dos países do G7. O Ministério do Exterior e os Ministérios da Economia e da Saúde, entre outros, estão planejando o mesmo.

Cúpula nos Alpes da Baviera

O ponto alto da presidência alemã do G7 será o encontro de cúpula dos chefes de Estado e de governo de 26 a 28 de junho no castelo Elmau, nos Alpes da Baviera. A pequena cidade no distrito de Garmisch-Partenkirchen já sediou uma cúpula em 2015.

Encontro de cúpula será em castelo na BavieraFoto: Moritz Wolf/imagebroker/imago images

"Esta é, naturalmente, a confirmação de que funcionou bem da última vez e deixou impressões duradouras nos chefes de Estado e de governo", disse o prefeito, Thomas Schwarzenberger.

"É claro que também sabemos que haverá muito trabalho para nós, para a polícia, para os serviços de resgate e para todos os envolvidos. Os próximos seis meses serão muito cansativos e exigirão muito". O castelo Elmau atende a todos os requisitos logísticos e de segurança para uma cúpula do G7, de acordo com o governo alemão.

Custos de 166 milhões de euros

O hotel de luxo cinco estrelas com grandes suítes para os chefes de Estado e de governo está localizado em um vale numa floresta, em terreno de difícil acesso. Em 2015, as estradas ao redor foram modernizadas para veículos policiais, e foram construídos um aeródromo e um heliporto separados.

A secretaria do Interior da Baviera estima que a cúpula custe cerca de 166 milhões de euros. Quase 90% disso foi orçado para segurança, incluindo cercas com quilômetros de comprimento e alta segurança e sistemas de comunicação por satélite. Em 2015, 20 mil policiais de toda a Alemanha foram destacados para transformar o local da conferência em uma fortaleza. Não deverá ser menos desta vez. 

 

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