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Os escombros de Amatrice

24 de agosto de 2017

Um ano após forte terremoto na Itália, menos de 10% dos destroços foram removidos da região afetada. Moradores de Amatrice, uma das cidades mais atingidas, pressionam governo por reconstrução e garantias de segurança.

Fachada de igreja coberta de escombros em Amatrice
Pilhas de escombros ainda dominam a paisagem do centro de AmatriceFoto: picture-alliance/NurPhoto/M.Cavallari

O chão começou a tremer às 3h36 da madrugada. De repente, as paredes sucumbiram a convulsões violentas. Minha mulher gritou, me dizendo para deixar o edifício o mais rápido possível. Eu não sabia o que estava acontecendo. Tudo o que ouvi foi "terremoto, terremoto", um ronco abafado e o som de vidro quebrando. 

O que sentíamos como se fossem minutos, foram apenas alguns segundos. Quando já estávamos fora do prédio, cachorros latiam e alarmes de casas soavam. Meu sogro olhou para mim. "Isso não vai ser bom", disse ele, minutos antes de mais um forte tremor. Mesmo a 50 quilômetros do epicentro, fomos afetados pelo terremoto, assim como milhares na área.

Há exatamente um ano, em 24 de agosto de 2016, 299 pessoas morreram e quase 400 ficaram feridas quando um terremoto de magnitude 6,2 atingiu uma área remota nas pitorescas regiões italianas de Lácio, Marcas, Úmbria e Abruzzo.

Como na guerra

Apesar das promessas dos funcionários do governo logo após o terremoto de que a reconstrução da região ocorreria de forma rápida e ordenada, pouco se realizou desde a tragédia. Apenas 8,57% dos escombros foram removidos das áreas afetadas pelos terremotos de 24 de agosto e 30 de outubro, de acordo com a organização ambiental sem fins lucrativos Legambiente. Quase 2,5 milhões de toneladas de destroços ainda não foram removidas.

Um ano após terremoto, drone mostra Amatrice, na Itália

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"Algumas das áreas afetadas parecem uma zona de guerra. Parece Aleppo", compara Guido Castelli, prefeito de Ascoli Piceno, sede do governo para a província onde Arquata del Tronto está localizada.

Os sobreviventes organizaram comitês populares para exigir transparência por parte das autoridades responsáveis ​​pela reconstrução. Eles organizaram protestos na capital italiana, Roma, atraindo centenas de simpatizantes. Amatrice, uma das cidades mais atingidas, está localizada no Lácio, a mesma região de Roma.

Irritado com a falta de ação, um dos grupos populares, o Comitê Cívico 3 e 36, pressionou as autoridades a fazerem mais por Amatrice e pelos vilarejos vizinhos. O grupo reivindica mais medidas de segurança para proteger a comunidade, especialmente aqueles sob maior risco.

Uma das preocupações é a poluição do ar com elementos cancerígenos causada pela poeira levantada durante a remoção dos escombros. "É inevitável que, durante a remoção de escombros, casas e a escolas sejam expostas a concentrações máximas de poluentes muito superiores aos limites legais", afirma um comunicado do comitê.

A entidade aponta para o efeito de longo prazo que fibras de amianto presentes nas construções podem ter sobre a população local, dizendo que podem causar "doenças crônicas graves e são carcinógenos potentes".

História repetida

Em muitos aspectos, o futuro de Amatrice, Accumoli, Arquata del Tronto e das outras cidades e vilarejos dizimados pelo terremoto repousa em algum lugar entre a vontade de seus moradores de continuar a pressionar as autoridades e a intenção do governo de reconstruir.

Em 2009, a menos de 30 quilômetros de Amatrice, um enorme terremoto atingiu a histórica cidade de Áquila, deixando mais de 300 pessoas mortas e outras centenas de feridos e desabrigados.

Em 2017, o horizonte de Áquila ainda está cheio de guindastes que chegaram com o início dos esforços de reconstrução, lançados há oito anos. Mas Áquila é a capital da região de Abruzzo. Nos vilarejos tradicionais afetados pelo terremoto do ano passado, a falta de impulso e a infraestrutura devastada enfraquecem a promessa de reconstrução, se houver mesmo alguma.

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