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Terrorismo

Os momentos finais de al-Baghdadi

31 de outubro de 2019

Pentágono revela vídeos, fotografias e novos detalhes da operação que resultou na morte do líder do "Estado Islâmico". Ele se suicidou com explosivos quando tropas americanas se aproximavam, matando também duas crianças.

O local onde vivia líder do "Estado Islâmico" Abu Bakr al-Baghdadi na Síria, antes de ser destruído em bombardeio
O local onde vivia líder do "Estado Islâmico" Abu Bakr al-Baghdadi na Síria, antes de ser destruído em bombardeioFoto: Reuters/US Department of Defense

O Pentágono divulgou nesta quarta-feira (30/10) as primeiras imagens de vídeo e fotografias da operação que resultou na morte do líder do grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) Abu Bakr al-Baghdadi no noroeste da Síria.

O general Kenneth McKenzie, chefe do Comando Central dos Estados Unidos que supervisionou a operação, forneceu novos detalhes sobre a ação e alertou para possíveis ataques retaliatórios por parte de extremistas.

McKenzie confirmou que os restos mortais de Baghdadi foram sepultados no mar, menos de 24 horas após ele cometer suicídio em um túnel subterrâneo, enquanto as forças de operações especiais americanas se aproximavam.

Um dos vídeos mostra membros da tropa de elite Delta Force se aproximando do muro da fortificação onde o líder do EI foi encontrado. Outras imagens revelam ataques aéreos contra militantes que disparavam contra helicópteros que transportavam soldados até o local e o bombardeio do edifício após a missão ser completada.

Ao ser encurralado, Baghdadi detonou um colete com explosivos tirando sua própria vida e de duas crianças, aparentemente com menos de 12 anos. Outras 11 crianças foram evacuadas do local sem ferimentos, mas quatro mulheres e dois homens que vestiam coletes suicidas e se recusaram a se render também morreram no ataque.

Segundo o general, o local foi destruído para que não se tornasse ponto de peregrinação dos seguidores de Baghdadi. "É apenas mais um pedaço de chão", disse McKenzie. "Está parecendo bastante agora como um estacionamento com grandes buracos."

O DNA recolhido no local foi comparado a amostras coletadas em 2004, no período em que Baghdadi esteve detido por forças americanas no Iraque. Segundo McKenzie, os americanos conseguiram coletar quantidade "substancial" de documentos e equipamentos eletrônicos durante a operação.

O general retratou Baghdadi como recluso em sua fortificação na Síria, a pouco mais de 6 quilômetros da fronteira com a Turquia. Ele acredita que sequer os combatentes nas proximidades deveriam saber que ele estava lá. O líder extremista provavelmente não usava a internet ou tinha conexões digitais com o mundo exterior.

Membros da tropa de elite Delta Force se aproximam do muro da fortificação onde o líder do EI foi encontradoFoto: picture-alliance/AP/US Department of Defense

"É possível que encontremos provavelmente algum sistema de mensagens que permitira colocar algo em um disquete ou algum equipamento eletrônico pequeno e ter alguém para transportar fisicamente isso para algum lugar", explicou.

McKenzie disse que não podia confirmar o que foi dito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que relatou à imprensa que Baghdadi teria morrido "se lamentando, chorando e gritando todo o tempo". Outros membros do alto-escalão do Pentágono também disseram não poder confirmar o relato.

"Sobre os últimos momentos de Baghdadi, posso dizer o seguinte: ele se enfiou em um buraco com duas crianças pequenas e se explodiu, enquanto seu pessoal ainda resistia. Então, vocês podem deduzir que tipo de pessoa ele era com base nesse gesto. Não estou apto a confirmar mais nada sobre seus últimos segundos", concluiu o general.

Apesar do êxito da operação, o general ressaltou que não se deve concluir que o EI tenha sido derrotado. "Levará tempo para que estabeleçam alguém como líder da organização, e durante esse período suas ações poderão ser um tanto descoordenadas", observou o americano. "Eles serão perigosos. Suspeitamos que vão tentar alguma forma de ataque de retribuição, mas estamos preparados para isso."

Os Estados Unidos levaram anos procurando pelo líder do EI, que semeou o terror em um imenso território entre o Iraque e a Síria. Seu fim foi selado no fim de semana após os militares americanos obtiveram informações sobre sua presença na casa na região de Idlib, no noroeste da Síria.

RC/ap/rtr/dpa

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