Cem reais por uma canga na praia, 18 por um salgado no Parque Olímpico, 400 dólares por um hotel três estrelas: já conhecida pelos altos custos, cidade vê valores dispararem com início dos Jogos.
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Há muito tempo o Rio de Janeiro figura com destaque na lista das cidades mais caras do mundo. Mas às vésperas do início dos Jogos Olímpicos, o maior evento esportivo do planeta, os preços dispararam ainda mais, sobretudo nas áreas turísticas e nos locais frequentados pelos atletas. O preço de uma simples canga de praia pode chegar a 100 reais na orla de Copacabana, e uma coxinha de frango no Parque Olímpico custa nada menos que 18 reais. Não está fácil para ninguém.
Os preços salgados começam na própria loja oficial da Rio 2016, instalada na praia de Copacabana. Lá, o item mais barato é uma moeda de 1 real, comemorativa dos Jogos, que custa 13 reais. Um chaveiro sai a 35, e um moletom com a logomarca dos jogos vale mais de 200. Na areia, alugar uma cadeira e uma barraca e tomar uma lata de cerveja não sai por menos de 25, sobretudo se você tiver pinta de gringo.
“É o preço olímpico, né?”, justifica um ambulante. “A gente que carrega o peso também precisa ganhar.”
O economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), concorda com a lógica do vendedor da praia. “Nos locais de maior concentração turística, os preços vão subir mesmo, porque os turistas não estão familiarizados com os valores, e a maioria vem de países com moeda mais forte do que a nossa e dinheiro para gastar”, explica. “Além disso, quando você consome na areia, não é só uma latinha de cerveja que você está consumindo, mas também o serviço, a comodidade. Alguém carregou peso, gelo, para levar o produto até você; é natural que seja mais caro.”
“Posso vender a canga até por 100 reais, dependendo do freguês e do movimento”, explica um outro vendedor ambulante, carregando inúmeras saídas de praia coloridas.
Não é uma lógica muito diferente da praticada pelos hotéis da cidade. Os 3 estrelas foram os mais procurados e, não por acaso, os que mais subiram o valor da diária, que, entre 5 e 21 de agosto, ficou em nada menos que 407 dólares – 167% a mais do que nas épocas mais concorridas na cidade, como réveillon e carnaval. A tarifa média de um 4 estrelas ficou 135% mais cara, de acordo com os números do portal Kayak, que compara preços de hospedagem. A diária em um 5 estrelas foi a que menos subiu; 17%.
As maiores reclamações, no entanto, estão vindo do Parque Olímpico, na Barra. Sem opções no entorno, os estabelecimentos abertos no local cobram valores mais altos. Um salgado sai a 18 reais, um hambúrguer custa 25, uma garrafa de água mineral vale 8. E o restaurante cobra 98 reais por quilo da comida de bufê.
Na Vila Olímpica, também na Barra, onde as delegações estão hospedadas, um mercadinho cobra preços até três vezes acima do praticado no comércio por necessidades de última hora, como adaptadores de tomada, repelentes e cartões de memória. Um pacote com dez adaptadores – essenciais no país que tem um padrão único de tomada, de três pinos – custa 200 reais.
“É a lei da oferta e da procura”, resume o economista André Braz. “Nesses locais em que não há outras opções nem concorrência, e os custos são altos, os comerciantes acabam oferecendo produtos mais caros mesmo. Uma resposta a esses preços é não consumir lá, forçando, eventualmente, uma baixa nos valores."
Braz deixa claro, no entanto, que tal movimento é sazonal – diretamente ligado aos Jogos e ao afluxo de turistas – e não deve afetar os índices de inflação.
Momentos inesquecíveis nas aberturas de Olimpíadas
As cerimônias de abertura de Jogos Olímpicos são sempre acompanhadas de suspense ou efeitos especiais surpreendentes, como Muhammad Ali acendendo a pira olímpica ou uma sósia da rainha Elizabeth descendo de paraquedas.
Foto: dapd
1896: primeiros Jogos da Era Moderna
Os Jogos Olímpicos da Antiguidade aconteceram de 776 a.C. até 393, quando o imperador Teodósio os proibiu por considerá-los pagãos. Eles ressurgiram por iniciativa do francês Pierre de Coubertin. De 6 a 15 de abril de 1896, se realizaram pela primeira vez os Jogos Olímpicos da Era Moderna. Eles foram abertos em Atenas pelo então rei George da Grécia, e neles soou pela primeira vez o Hino Olímpico.
Foto: picture-alliance/dpa
1920: Bandeira e juramento olímpicos
Dois anos após o fim da Primeira Guerra Mundial, os Jogos foram realizados na Antuérpia. Pela primeira vez, foi içada a bandeira olímpica, concebida em 1913. As seis cores dos anéis – azul, amarelo, preto, verde e vermelho – podem ser encontradas em bandeiras nacionais. Os anéis representam os continentes habitados do planeta. Pela primeira vez, atletas fizeram o juramento olímpico.
Foto: picture-alliance/Xinhua
1928: Amsterdã e a ordem do desfile
A maior parte do cerimonial de hoje em dia já foi adotada em Amsterdã em 1928. Pela primeira vez, atletas gregos abriram o desfile, sendo seguidos pelas delegações dos demais países, na ordem alfabética de acordo com o nome no idioma do país-sede, cuja delegação é a última a desfilar.
Foto: Getty Images/Central Press
1936: primeiro revezamento da tocha
Em 1936, aconteceu pela primeira vez o revezamento da tocha olímpica, de Atenas até Berlim, onde foi acesa a pira olímpica. Cerca de 3 mil atletas participaram da corrida. A pira olímpica foi acesa pelo atleta alemão Fritz Schilgen (foto). Os Jogos Olímpicos de Berlim foram usados como instrumento de propaganda do regime nazista.
Foto: picture-alliance/akg-images
1964: homenagem a Hiroshima
Yoshinori Sakai nasceu em 6 de agosto de 1945, exatamente no dia do lançamento da bomba atômica sobre a cidade japonesa. Na abertura dos primeiros Jogos na Ásia, em 1964, o rapaz de 19 anos carregou a tocha olímpica para o estádio em Tóquio. Um momento inesquecível, que virou um símbolo da paz mundial.
Foto: Getty Images
1980: boicote em Moscou
A tensão durante a Guerra Fria ficou evidente nos Jogos em Moscou, em 1980. Em vez da bandeira de seu país, o presidente do comitê olímpico britânico, Dick Palmer (esq. à frente na foto) carregou a bandeira olímpica. Em protesto à invasão do Afeganistão por tropas russas em 1979, o Japão e a Alemanha boicotaram os Jogos junto com os Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/AP Photo
1992: tiro perfeito em Barcelona
Em 1992, o arqueiro paralímpico Antonio Rebollo acendeu a pira olímpica da 25ª edição dos Jogos Olímpicos em Barcelona, com uma flecha em chamas. Na realidade, a flecha passou muito perto da pira, mas o fogo foi aceso exatamente ao mesmo tempo.
Foto: picture-alliance/Lehtikuva Oy
1996: momento mágico
Quatro anos mais tarde, outro momento emocionante. Muhammed Ali, a lenda do boxe, já visivelmente afetado pela doença de Parkinson, acendeu a pira nos Jogos em Atlanta, nos Estados Unidos. Ele foi uma figura controversa em seu país por ter se negado a combater no Vietnã, mas seus feitos esportivos foram reconhecidos.
Foto: picture-alliance/dpa
2004: vestido mágico em Atenas
A cerimônia de abertura das Olimpíadas segue um rígido protocolo, mas mesmo assim ainda oferece espaço para a criatividade. Enquanto Björk, cantora da Islândia, interpretou "Oceana" em 2004 nos Jogos de Atenas, seu vestido se abriu lentamente num enorme véu, que cobriu as delegações como um tapete.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Baker
2008: superlativos em Pequim
O custo da abertura dos Jogos em Pequim é estimado em 100 milhões de dólares. Quatro anos mais tarde, os de Londres custaram 40 milhões de dólares. A cerimônia na capital chinesa contou com extamente 2.008 percussionistas, usando baquetas iluminadas e tambores tradicionais do país. A apresentação deles foi o ponto alto de um show perfeitamente planejado, que durou três horas.
Foto: Getty Images/AFP/P. Ugarte
2012: homenagem à rainha
A rainha Elizabeth abriu os Jogos de Londres, em 2012. E com estilo: uma dublê trazida pelo agente 007, James Bond, pulou de paraquedas de um helicóptero. A rainha britânica foi a primeira chefe de Estado a abrir duas Olimpíadas. Como rainha do Canadá, ela já havia feito o mesmo em Montreal, em 1976.