1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Os prazeres da terra

(ns)11 de agosto de 2003

Os alemães amam a jardinagem. Adoram plantar flores e cuidar do quintal, e não tendo casa, arrendam terrenos em associações, especialmente para cultivar frutas e verduras. Ou para curtir a vida ao ar livre.

Jardineiro com seus amores-perfeitosFoto: AP

Os Jardins Suspensos da Babilônia entraram para o imaginário coletivo, os jardins ingleses têm seu quê de misterioso, os franceses algo de pomposo. E os alemães, como são? Há de tudo um pouco: parques e jardins públicos, jardins botânicos e jardins monumentais nos castelos. Mas principalmente um amor muito grande por cultivar um pedaço de terra, seja diante da casa ou no quintal. E à falta deste, arrenda-se um jardim em uma muitas das associações de Kleingärten (pequenos jardins) existentes em qualquer cidade ou planta-se flores e ervas até em jardineiras nos pequenos balcões dos apartamentos.

O amor pela jardinagem não diminui nem em tempos de vacas magras. De janeiro a maio deste ano, os alemães gastaram 2 milhões de euros em terra vegetal, sementes e tudo o que deixa bonito o jardim. Isso provavelmente porque 25% decidiram passar as férias de verão em casa, em vez de viajar, já que é preciso apertar um pouco o cinto este ano e o calor habitual da Itália e países mais ao Sul chegou também à Alemanha em 2003, para surpresa de muitos.

Relax com zumbido de avião

Os terrenos das associações de pequenos jardins geralmente estão situados na periferia das cidades, perto da estrada de ferro ou nas regiões próximas a aeroportos. Karin Bunsmann e seu marido arrendaram um dos terrenos na parte leste de Colônia, não muito longe do Aeroporto de Colônia-Bonn. Por ali há também uma rodavia e o barulho, se não é ensurdecedor, é constante.

Mesmo assim, ela não perde a oportunidade de se bronzear numa espreguiçadeira. "O barulho dos aviões faz parte do ambiente, da mesma forma que o da estrada. Com o tempo, a gente nem ouve mais", disse à DEUTSCHE WELLE.

Um mundo à parte

Um Kleingartenverein (associação de pequenos jardins) é um mundo à parte. Os terrenos são separados geralmente por cercas vivas, mas arame também vale. As instalações são rústicas. Só é permitido construir uma casa pequena, sem água corrente, apenas para se guardar ferramentas e móveis de jardim, afinal ninguém pode se instalar ali para morar, esse não é o sentido da coisa. E normas são feitas para se respeitar na Alemanha, do que cuidam, com muito afinco, os próprios filiados aos clubes. Parte do terreno deve ser usada necessariamente para o plantio de verduras e árvores frutíferas.

O sr. Harri Jahnke, de 75 anos, tem seu jardim na região norte da cidade. "Eu trabalhei 35 anos na fábrica da Ford e passava todo dia pelo jardim. No verão, eu vinha aqui de manhã, antes de trabalhar, para regar os tomates, que precisam de muita água. E depois do trabalho, minha mulher me esperava aqui com a comida", conta o aposentado, que continua ativo no seu pequeno mundo verde.

Grande demanda pelo verde

Jahnke faz parte da diretoria da associação, que engloba cem parcelas. A procura, segundo diz, é bastante grande. Atualmente há 35 interessados na fila de espera. E não são apenas aposentados. Muitas famílias com crianças também querem gozar de um pouco de espaço ao ar livre, considerando-se que muita gente vive em apartamentos de, no máximo, 100 metros quadrados, geralmente sem parque ou jardim próprio.

As grandes lojas de material para construção e equipamento para jardinagem saem lucrando com a aplicação dos alemães em seus jardins e quintais. Elas faturaram 3,7 bilhões de euros no ano passado, embora nessa conta entrem também reformas de todo tipo. "Vivemos numa época agitada e de computadores e as pessoas apreciam cada vez mais sua casa, seu jardim. Vejo muito potencial de crescimento no nosso setor", avalia John Herbert, presidente da federação do ramo.

Karin Bunsmann confirma que o jardim ajuda muito a superar o estresse. Se alguém a enerva, ela descarrega na enxada. "Aqui dá para a gente relaxar sem ter que pegar o automóvel, andar muitos quilômetros e cair em engarrafamentos. É um prazer, é puro relax", comenta.

Pular a seção Mais sobre este assunto
Pular a seção Manchete

Manchete

Pular a seção Outros temas em destaque